Uncategorized

Atendimento psicológico online: a tecnologia aliada à promoção da saúde mental nas organizações

Uma a cada quatro pessoas vai sofrer com algum transtorno mental durante a vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde, globalmente, mais de 300 milhões de pessoas sofrem com a depressão, mais de 260 milhões com transtornos de ansiedade e, muitas delas, com ambas.
Psicóloga e co-fundadora da plataforma Psicologia Viva

Compartilhar:

O mesmo levantamento mostra que o Brasil é o país com maior percentual de pessoas ansiosas no mundo! E a previsão é de que a depressão se torne a doença mais incapacitante em 2020.

Se pensarmos que passamos a maior parte de nosso tempo da fase adulta no trabalho, podemos afirmar que a experiência nesse ambiente é determinante para nosso bem estar geral. 

No entanto, a preocupação com a saúde mental no ambiente corporativo somente ganhou relevância em 2017 quando, no Dia Mundial da Saúde Mental, a OMS lançou uma campanha mostrando que as empresas e seus gestores são responsáveis por promover a saúde mental dos funcionários.

Diversos fatores estão relacionados à deterioração da saúde mental dos trabalhadores: estresse, bullying, assédio moral e sexual, preocupações com a estabilidade no emprego e a segurança financeira, o ambiente organizacional como um todo e o excesso de informação gerado pela constante conectividade (Whatsapp, redes sociais etc).

O cenário em dados da saúde mental em empresas do Brasil e do mundo 
——————————————————————–

Estudos realizados pelo International Stress Management Association-BR afirmam que nove em cada dez brasileiros ativos no mercado de trabalho apresentam algum grau de ansiedade e 47% deles sofrem de algum nível de depressão. Entre eles, 60% apontaram o trabalho como a principal fonte de esgotamento e nervosismo.

As projeções mais recentes da OMS estimam que a depressão e a ansiedade serão as primeiras causas de perda de capacidade de trabalho nos próximos 10 anos em todo o mundo.

No Brasil, dados da Previdência Social informam que, só em 2018, 90 mil pessoas recorreram ao INSS por auxílio doença devido a fatores comportamentais e episódios de depressão e mais de 236 mil pessoas tiveram aposentadoria reconhecida devido a problemas psíquicos. Esses problemas envolvem, além da depressão, transtornos de ansiedade, estresse, entre outros.

Em 2019, o Fórum Econômico Mundial mostrou que os problemas de saúde mental custaram 2,5 trilhões de dólares globalmente devido à queda de produtividade, aposentadorias precoces e despesas com tratamentos médicos.

E as estimativas são de que os gastos relacionados a transtornos emocionais e psicológicos podem chegar a 6 trilhões de dólares até 2030, ultrapassando a soma dos custos com diabetes, câncer e doenças respiratórias.

O que tem sido feito nas empresas para a melhora da saúde mental
—————————————————————-

Por outro lado, sabe-se que a cada 1 dólar investido na saúde mental dos trabalhadores é gerado um retorno de 4 dólares em redução de absenteísmo para a empresa. Esse cenário levou ao início de ações preventivas e de promoção da saúde mental nas empresas.

Em 2019, a Mercer Marsh (MMB) realizou um estudo sobre as Tendências em Saúde Mental na América Latina e Caribe com uma amostra de 880 empresas de 11 países da região. Os resultados mostraram que apenas uma em cada cinco empresas realizou um programa ou estudo interno para medir a saúde mental de seus funcionários e, em geral, apenas 30% delas oferecem recursos ou ações para cuidar da saúde mental internamente.

No Brasil, um outro estudo apontou que 46% das empresas participantes realizam alguma ação focada na saúde mental.

Muitos acreditam que ainda há um certo tabu em torno do assunto. Isso fica evidente quando estudos, como o realizado pelo Instituto britânico de Saúde Mental Mind, mostram que 90% das pessoas que ficaram longe do trabalho devido ao estresse, não o citaram como razão de sua ausência. E entre os profissionais que contaram, a maioria foi discriminada ou, até mesmo, dispensada – demitidas ou forçadas a sair.

Por isso, é de extrema importância a abertura de espaço para debate e que as empresas apoiem seus colaboradores no tratamento de transtornos psicológicos.

É comum, nas companhias, a adoção de programas voltados à parte física do colaborador como, por exemplo, ginástica laboral. Mas, um programa de atendimento psicológico, interno ou externo, também é uma forma de preservar a saúde da sua equipe.

E, já que tecnologia está conosco em todos os lugares, por que não transformá-la em uma aliada no cuidado com a saúde mental?

### Atendimento psicológico online

Essa é a proposta do atendimento psicológico online: associar tecnologia à Psicologia, facilitando o acesso de mais pessoas às consultas. Essa modalidade de atendimento psicológico, que já existe há alguns anos, ganhou força após a atualização da regulamentação da prática pelo Conselho Federal de Psicologia no fim de 2018. E vem ganhando cada vez mais espaço nas organizações.

Exemplo disso é a plataforma de atendimento psicológico online Psicologia Viva, que conectando psicólogos a pacientes, atingiu 2 milhões de vidas cobertas, sendo 80% referentes a colaboradores das 36 empresas que atende. Em pesquisa recente com esses profissionais, verificou-se que:

* 89% das pessoas que utilizaram o serviço perceberam melhorias em sua vida pessoal e profissional;

* 21% nunca haviam consultado um psicólogo; 30% já haviam se consultado com um psicólogo, mas interromperam o tratamento por falta de tempo;

* 45% optaram pelo atendimento online por não ter tempo para um tratamento presencial;

* 22% optaram pelo atendimento online porque a empresa/plano de saúde estava disponibilizando o serviço.

Entre os pacientes que nunca haviam se consultado antes, todos pretendiam dar continuidade ao tratamento online. E entre os que já conheciam o serviço psicológico, 97% consideram o atendimento online igual ou melhor que o presencial.

Empresas que adotam iniciativas para a promoção da saúde mental e apoiam funcionários que têm transtornos mentais percebem ganhos não apenas na vida de seus colaboradores, mas também em sua produtividade. Estima-se uma economia de 200K em custos diretos e redução de 26% em custos indiretos com a saúde dos trabalhadores.

O capital humano é, sem dúvidas, o recurso mais valioso, mas pode ser gravemente abalado por estresse, fatores emocionais e comportamentais.

Muito se falou até hoje em exercícios físicos e alimentação, mas agora chegou o momento de as empresas olharem para aquilo que causa maior impacto: a saúde mental dos seus colaboradores. E a tecnologia se uniu à psicologia para acabar com estigmas, derrubar tabus, ampliar e facilitar o acesso aos atendimentos e, acima de tudo, promover bem-estar e saúde emocional para mais pessoas.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Competitividade da Indústria Brasileira diante do Protecionismo Global

A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Inteligência Artificial
Marcelo Murilo
Com a saturação de dados na internet e o risco de treinar IAs com informações recicladas, o verdadeiro potencial da inteligência artificial está nos dados internos das empresas. Ao explorar seus próprios registros, as organizações podem gerar insights exclusivos, otimizar operações e criar uma vantagem competitiva sólida.
13 min de leitura
Estratégia e Execução, Gestão de Pessoas
As pesquisas mostram que o capital humano deve ser priorizado para fomentar a criatividade e a inovação – mas por que ainda não incentivamos isso no dia a dia das empresas?
3 min de leitura
Transformação Digital
A complexidade nas organizações está aumentando cada vez mais e integrar diferentes sistemas se torna uma das principais dores para as grandes empresas.

Paulo Veloso

0 min de leitura
ESG, Liderança
Tati Carrelli
3 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança, Times e Cultura
Como o ferramental dessa ciência se bem aplicado e conectado em momentos decisivos de projetos transforma o resultado de jornadas do consumidor e clientes, passando por lançamento de produtos ou até de calibragem de público-alvo.

Carol Zatorre

0 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e Execução, Liderança, Times e Cultura, Saúde Mental

Carine Roos

5 min de leitura