Invisto em cerca de cem startups ao mesmo tempo, por meio de quatro organizações. Estou envolvido mais ativamente em duas delas: a Data Collective e a Green Visor. Não participo de tudo: sou chamado para reuniões em áreas em que sou especializado. Um exemplo de meus investimentos é a LockerDome, que fica em St. Louis e já movimenta bilhões de dólares.
Nasceu como uma rede social focada em esportes, mas desenvolveu o que considero o futuro da publicidade online: um software que aumenta a interatividade do usuário com a propaganda e mensura isso, o que faz com que a empresa pague só pela propaganda que funciona.
A LockerDome elimina o desperdício no orçamento de marketing. Embora muitos investidores se limitem à terra natal e à internet, eu invisto também fora dos EUA e da rede. A australiana PromisePay, uma fintech que garante a confiança entre as partes nas compras online, é uma de minhas grandes apostas. Ponho fé também na Immunophotonics, off-line, que tem um tratamento bem radical para pacientes em estágio 3 de câncer. Não sou qualificado para investir nela, mas admirei a coragem desses cientistas e resolvi dar bastante dinheiro para eles.
Meu processo de decisão para investir em uma startup começa, em geral, por descobrir se uma das quatro empresas em que atuo também se interessa por ela. Isso é importante porque preciso de equipes parceiras dispostas a aprender sobre o negócio: lidamos com mercados que evoluem muito rápido e não tenho tempo de acompanhá-los. Para escolher um empreendimento, tenho de enxergar ali duas coisas: uma equipe capaz de resolver um problema e uma cultura com chance de ser bem-sucedida.
Outro critério é que o negócio tenha zero (ou perto de zero) concorrente potencial – se tiver concorrentes, não será um bom investimento. Concorrência é sinal de acerto em investimentos de segundo e terceiro estágios, pois o fato de quererem copiá-los significa que são bem-sucedidos. Mas, no início, não. Toda ideia que discuto hoje é nova para o mundo; nada foi testado previamente. Meu talento é identificar o abstrato que pode se concretizar – bem estranho, eu sei. Apesar de investir também
em ações, sou especialista em empresas em estágio inicial. Se todos fossem como eu, desconfio que o mundo não funcionaria – autoconhecimento é importante para um investidor. Sou péssimo gestor; faço o máximo para não gerir nada. Uma de minhas primeiras medidas na criação de uma empresa é reunir pessoas com habilidades diferentes das minhas, que possam geri-la e fazer as coisas que não sei fazer.
Entendo também que é a diversidade de talentos que torna a conversa proveitosa. (NoV ale, a ênfase é toda no empreendedor, eu sei.) Outro lema meu é simples: é possível fazer muito com pouco dinheiro. Não gastamos demais para criar a Square ou a LaunchCode, que é meu foco atual. Fundei essa ONG a fim de formar talentos para as centenas de empresas da área limitadas pela escassez de programadores. Ela tem pouco mais de cinco anos e já mudou a cena tech dos EUA. Adoraria investir numa empresa do Brasil; até agora, o mais perto que cheguei foi a Costa Rica.