Coprodução HSM Management + TEDxGuarulhos

Avatarização e lições do desenvolvimento de uma influenciadora virtual

O especialista em marketing de conteúdo, Pedro Alvim, comenta sobre um dos temas mais falados em marketing e em estudos de comportamento do consumidor, e compartilha aprendizados da construção da Lu do Magalu

Compartilhar:

Há uma década, o gerente sênior de conteúdo e redes sociais do Magazine Luiza, Pedro Alvim, iniciava os trabalhos que dariam origem a um dos maiores cases de influência digital no mundo. Acelera para 2023, e a Lu do Magalu, a primeira influenciadora virtual do Brasil, é a mais popular do planeta, com mais de 30 milhões de seguidores.

Um dos maiores especialistas em marketing de conteúdo do País, Alvim também é mentor, professor e palestrante, com foco em conteúdo de marca, marketing de influência e redes sociais. Ele também é uma das principais vozes no Brasil em avatarização, um dos temas mais falados em marketing e em estudos de comportamento do consumidor.

![PHOTO-2023-07-26-23-35-40](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/5o3zeEeUzM7dLm3z6rPpIT/dca4277507527614f1030902514c5df2/PHOTO-2023-07-26-23-35-40.jpg)

Na foto: Pedro Alvim, gerente sênior de conteúdo e redes sociais do Magazine Luiza.

Pedro Alvim foi um dos palestrantes do TEDxGuarulhos, evento que aconteceu no dia 29 de julho, em São Paulo, do qual __HSM Management__ foi media partner. Com o tema *Aurora*, o conteúdo promoveu reflexões sobre o futuro que desejamos. A equipe do TEDxGuarulhos fez três perguntas ao especialista sobre a avatarização e sua relevância no mundo corporativo, além dos aprendizados da construção do fenômeno que é a Lu do Magalu. Confira a seguir:

### 1 – Equipe TEDxGuarulhos: O que é avatarização e por que gestores devem ficar de olho nesta tendência?
__Pedro Alvim:__ A avatarização é uma manifestação que vem acontecendo em diversos continentes, em que personagens que são virtuais e que podem (ou não) ser semelhantes a seres humanos têm uma atuação ativa dentro de uma comunidade ou de um ambiente, seja ele virtual ou não, em uma rede social ou não. Através dessa atuação, avatares conseguem construir uma relevância para essa comunidade. Eles são utilizados com diversos objetivos ou propósitos, seja educacional, para fins publicitários, comerciais, entretenimento ou simplesmente como arte.

Eu nem acredito que os avatares sejam uma tendência, porque acho que eles já se consolidam nesse momento como uma ferramenta de comunicação poderosa na contemporaneidade. Entendo que os gestores precisam se atentar ao fato de que as novas gerações, tanto a GenZ quanto a GenAlpha, já lidam de forma mais natural quando se fala em interação com avatares. Para elas, já é mais comum combinar um encontro com amigos no lobby do Fortnite, por exemplo, estando todos em presença virtual com seus avatares. Essas dinâmicas não causam a mesma estranheza para as novas gerações do que para as gerações anteriores; este cenário pode indicar um futuro possível em que essas gerações mais recentes vão ter uma comunicação mais mais fluida e até mais uma percepção e uma aceitação maior quando estiverem interagindo com algum tipo de de aplicação de ferramenta, software, mensageria, que esteja sendo representado por um avatar.

### 2 – Há quem diga que avatares geram muito mais identificação (e portanto são mais relevantes) para a Geração Z. Qual é a sua visão sobre isso?
Não sei se os avatares geram mais identificação com a Geração Z, mas é fato que, segundo um estudo conduzido pela HypeAuditor, em 2022, a audiência dos influenciadores virtuais são mulheres de 18 a 34 anos. Isso corresponde a 44% da audiência dos avatares virtuais. E o que eu entendo é que a GenZ, por ser uma geração que nasceu pós-videogame, tem uma facilidade muito maior de entender e compreender o que é um avatar. Acho que a identificação está mais relacionada com a história que você constrói para o avatar ou com as causas, temas, tópicos que são abordados por ele, do que com o fato de ser um avatar.

Hoje temos a percepção e consciência de que por trás de um avatar, houveram decisões humanas em algum momento, e a gente não sabe como isso vai ser no futuro. Atualmente, a GenZ lida de uma forma mais tranquila com o fato de saber que por trás daquele avatar existem pessoas – e eu não sei como essa geração lidaria com a interação com um avatar ou personagem que fosse 100% pilotado por uma inteligência artificial.

### 3 – Você acompanhou de perto a criação e desenvolvimento da Lu do Magalu, que é a influenciadora digital mais seguida do mundo. Com base nos aprendizados desta experiência, quais são os conselhos que você daria para empresas que, inspiradas por este case, queiram trilhar um caminho parecido?
Entendo que o fato do case da Lu ter sido bem sucedido para o Magazine Luiza não necessariamente significa que ele pode dar certo em qualquer outra marca. A Lu tem 20 anos. Ela foi idealizada em 2003 pelo Frederico Trajano, que hoje é o CEO da companhia. Mas ela foi se tornando, de lá para cá, um asset de marca muito importante, uma criadora de conteúdo e influenciadora da comunidade dela. E houve muito investimento de tempo, profissionais, e desenvolvimento no próprio 3D dela, para que ela conseguisse conquistar e construir tudo o que ela conseguiu como um projeto.

Mesmo que a tecnologia 3D não seja muito acessível pelo alto custo de produção, pela demora de renderização para chegar numa boa qualidade, o avanço das tecnologias de inteligência artificial generativa de imagens possibilitará uma vida mais ativa para os avatares, de uma forma muito mais democrática e inclusiva. Um influenciador ou uma marca menor que optasse por essa estratégia talvez não conseguisse adotá-la por uma questão de investimento – com os avanços em inteligência artificial, isso se torna possível e viável. Estes avanços também me fazem acreditar que, nos próximos anos, vamos conviver muito mais com iniciativas desse tipo. Mas o fato apenas de ter um avatar não significa que ele será de fato relevante para uma comunidade: vai depender muito da estratégia e da história que você construir por trás dele.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura
Uncategorized
Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Ivan Cruz

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Edmee Moreira

4 min de leitura
ESG
A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Ana Carolina Peuker

4 min de leitura