Estratégia e Execução

Bill Gates avisou, mais de uma vez

Levantamento da revista Fast Company mostra alertas ignorados, principalmente para a falta de preparo do mundo para uma pandemia

Compartilhar:

Era possível prever que algo como a pandemia de Covid-19 estava para acontecer? Essa é uma pergunta que, com certeza, já passou pela cabeça de alguns milhões de pessoas pelo mundo. E algumas pessoas influentes realmente já vinham alertando para o risco que o planeta corria, em especial sobre o fato de que nenhum país estava (e não está) preparado para enfrentar uma crise de saúde pública dessa gravidade e abrangência. 

Levantamento da revista Fast Company mostra que, com epidemiologistas de diferentes linhas de pensamento, Bill Gates tem reafirmado, por pelo menos uma década, que “o mundo estava tristemente despreparado para uma pandemia inevitável”. 

**2010**

Em janeiro, Gates publicou um texto em seu blog sobre o surto de H1N1, que havia mobilizado a opinião pública e a mídia no ano anterior. A epidemia assustou o mundo, mas Gates viu adiante: “A história real não é o quão ruim a H1N1 era. A história real é que temos sorte de não ter sido pior, porque estávamos quase completamente despreparados”. Ele também se referiu a esse surto como uma espécie de “chacoalhão” para que o mundo pudesse investir em aprimorar sua capacidade de rastrear e gerenciar uma epidemia mortal. “Mais epidemias virão nas próximas décadas e não há garantia de que teremos sorte na próxima vez”, afirmou. 

**2015**

Em um evento em Vancouver (Canadá), Gates fez uma TED Talk e, sem rodeios, anunciava em seu título: “O Próximo Surto? Não estamos prontos”. A apresentação aconteceu em meio a uma epidemia de ebola, mas, novamente, ele já estava olhando para a próxima ameaça. “Se há algo que pode matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas, é mais provável que seja um vírus altamente infeccioso do que uma guerra”, afirmou, acrescentando que não se preparar imediatamente significaria correr o risco de que a próxima epidemia fosse ainda mais devastadora que o ebola. Antecipando características do coronavírus que o tornam mais perigoso, Gates ainda levantou a possibilidade de uma epidemia em que “as pessoas se sentissem bem o suficiente para, mesmo com potencial de infectar outras, entrar em um avião ou ir a um mercado”.

**2016**

Em entrevista à BBC, Gates disse que torcia, o tempo todo, para que “alguma epidemia, como uma grande gripe, não aparecesse nos próximos dez anos” por causa do quão vulnerável o mundo estava. E de onde vinha a preocupação? Segundo ele, as crises do ebola e do zika mostraram que os sistemas globais de resposta a emergências não eram fortes o suficiente.

**2017**

Participando da Conferência de Segurança de Munique, evento anual sobre política de segurança internacional, Gates começou seu discurso dizendo que estava lá porque “nossos mundos estão mais ligados do que a maioria das pessoas imaginam”, ou, em outras palavras, porque a segurança sanitária e a segurança internacional estão diretamente relacionadas. A informação que ele levou ao público naquele momento foi de que epidemiologistas alertavam que um patógeno aéreo em movimento rápido poderia matar mais de 30 milhões de pessoas em menos de um ano. E que isso poderia ocorrer no prazo de 10 a 15 anos. “Eu vejo a ameaça de pandemias mortais lá no topo, junto com o perigo de guerra nuclear e das mudanças climáticas”, disse ele. “Preparar-se para uma pandemia global é tão importante quanto evitar uma crise nuclear ou uma catástrofe climática.”

**2018**

Em abril, em palestra para a Massachusetts Medical Society, Gates observou que, embora a vida tenha melhorado para a maior parte do mundo, uma área do mundo não tinha avançado o suficiente: a de preparação para pandemias. Para ele, era uma prioridade: “Se a história nos ensinou alguma coisa, é que haverá outra pandemia global mortal”.

Gates voltou a dizer que o ebola, em 2014, fora um alerta, mas o mundo foi lento em sua capacidade de resposta. O essencial era construir uma abordagem global, pronta para ser acionada. “O mundo precisa se preparar para pandemias como os militares se preparam para a guerra”, afirmou ao público de médicos. Na mesma época, em entrevista, Gates reiterou suas preocupações e observou que havia levado o assunto ao presidente Donald Trump. Porém, em maio daquele ano, Trump dissolveu o escritório de pandemia da Casa Branca.

A revista conta que a Bill & Melinda Gates Foun­dation financiou bolsas e programas de pesquisa voltados ao desenvolvimento de novas vacinas para prevenir a gripe pandêmica. Também investiu na Coalition for Epidemic Preparedness Innovations, parceria lançada em Davos em 2017.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Uncategorized
Há alguns anos, o modelo de capitalismo praticado no Brasil era saudado como um novo e promissor caminho para o mundo. Com os recentes desdobramentos e a mudança de cenário para a economia mundial, amplia-se a percepção de que o modelo precisa de ajustes que maximizem seus aspectos positivos e minimizem seus riscos

Sérgio Lazzarini

Gestão de Pessoas
Os resultados só chegam a partir das interações e das produções realizadas por pessoas. A estreia da coluna de Karen Monterlei, CEO da Humanecer, chega com provocações intergeracionais e perspectivas tomadas como normais.

Karen Monterlei

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Entenda como utilizar a metodologia DISC em quatro pontos e cuidados que você deve tomar no uso deste assessment tão popular nos dias de hoje.

Valéria Pimenta

Inovação
Os Jogos Olímpicos de 2024 acabaram, mas aprendizados do esporte podem ser aplicados à inovação organizacional. Sonhar, planejar, priorizar e ter resiliência para transformar metas em realidade, são pontos que o colunista da HSM Management, Rafael Ferrari, nos traz para alcançar resultados de alto impacto.

Rafael Ferrari

6 min de leitura
Liderança, times e cultura, ESG
Conheça as 4 skills para reforçar sua liderança, a partir das reflexões de Fabiana Ramos, CEO da Pine PR.

Fabiana Ramos

ESG, Empreendedorismo, Transformação Digital
Com a onda de mudanças de datas e festivais sendo cancelados, é hora de repensar se os festivais como conhecemos perdurarão mais tempo ou terão que se reinventar.

Daniela Klaiman

ESG, Inteligência artificial e gestão, Diversidade, Diversidade
Racismo algorítimico deve ser sempre lembrado na medida em que estamos depositando nossa confiança na inteligência artificial. Você já pensou sobre esta necessidade neste futuro próximo?

Dilma Campos

Inovação
A transformação da cultura empresarial para abraçar a inovação pode ser um desafio gigante. Por isso, usar uma estratégia diferente, como conectar a empresa a um hub de inovação, pode ser a chave para desbloquear o potencial criativo e inovador de uma organização.

Juliana Burza

ESG, Diversidade, Diversidade, Liderança, times e cultura, Liderança
Conheça os seis passos necessários para a inserção saudável de indivíduos neuroatípicos em suas empresas, a fim de torná-las também mais sustentáveis.

Marcelo Franco

Lifelong learning
Quais tendências estão sendo vistas e bem recebidas nos novos formatos de aprendizagem nas organizações?

Vanessa Pacheco Amaral