No século 17, o conde Maurício de Nassau queria erguer uma ponte sobre o rio Capibaribe, no Recife, mas a Coroa holandesa lhe cortou a verba. Ele já havia erguido dois palácios, um jardim zoológico e um botânico, um observatório astronômico. Então, investiu o próprio dinheiro na construção e, para recuperar uma parte, decidiu que cobraria pedágio de quem por ali passasse.
Tudo o que precisava fazer era arranjar um motivo para que as primeiras pessoas quisessem atravessar a ponte. Em 28 de fevereiro de 1644, ele arranjou: faria um boi voar sobre as águas. Nassau entregou o que prometeu quando uma engenhoca feita de instrumentos náuticos elevou um couro de boi inflado às alturas.
E assim surgiu a primeira ponte das Américas, que hoje leva o nome do conde holandês e, simbolicamente, conduz à ilha do Recife antigo. Nossa editora-chefe, Adriana Salles Gomes, ouviu essa história há pouco, no Recife, enquanto atravessava a ponte em sua maratona de entrevistas para entender a essência do cluster de inovação formado pelo centro de pesquisas C.E.S.A.R e pelo parque tecnológico Porto Digital. Ela não viu nenhum boi com asas propriamente dito, mas encontrou empreendimentos de alto impacto tão criativos quanto o boi de Nassau. Acabo de voltar dos Estados Unidos e lá vi vários desses bois voadores, e não apenas no Vale do Silício. Nova York, por exemplo, está montando um ambicioso cluster com incentivos fiscais e outros estímulos criados pelo ex-prefeito Michael Bloomberg. Vemos cada vez mais cidades e países querendo montar clusters de inovação como o Vale do Silício ou Israel –só no Brasil, há 90 tenta