ESG
3 min de leitura

Capitalismo consciente: o óbvio que precisamos explicar

Em um mundo onde o lucro não pode mais ser o único objetivo, o Capitalismo Consciente surge como alternativa essencial para equilibrar pessoas, planeta e resultados financeiros.
CEO da SDW, cientista, empreendedora social e biotecnologista formada pela Universidade Federal da Bahia. Dedica-se a democratizar o acesso à água e saneamento globalmente por meio de tecnologias inovadoras e acessíveis, beneficiando mais de 25 mil pessoas com o desenvolvimento de 6 tecnologias. Reconhecida internacionalmente pela ONU, UNESCO, Forbes e MIT. Foi premiada pelos Jovens Campeões da Terra, pela Forbes Under 30 e finalista do prêmio mundial Green Tech Award. Seu compromisso com a sustentabilidade, impacto social e responsabilidade social é inabalável e continua dedicando sua carreira para resolver os desafios mais prementes da nossa era.

Compartilhar:

Texto escrito à quatro mãos, por Ana Luísa Beserra, colunista da HSM Management, e Onara Lima, conselheira de ESG.

A essa altura do jogo, é quase absurdo termos que explicar algo tão essencial quanto o Capitalismo Consciente. Cuidar de pessoas, do planeta e ainda assim gerar lucro não deveria ser o padrão? Mas aqui estamos. O capitalismo tradicional, focado apenas no lucro, mostrou-se insustentável. Então surge o “óbvio”: o Capitalismo Consciente, que nos lembra que lucro e propósito não são excludentes.

Por que ainda resistimos? Talvez seja o medo de abandonar um sistema que já conhecemos, mesmo quando ele está em colapso. Essa resistência, no entanto, precisa ser quebrada.

Capitalismo consciente não é utopia

Se as empresas não entenderem sua interdependência com a natureza — que sustenta mais de 50% do PIB global, segundo o World Economic Forum — estaremos fadados ao fracasso. O conceito de Triple Bottom Line (Pessoas, Planeta e Lucro), introduzido por John Elkington em 1994, já alertava sobre a necessidade de equilíbrio. No entanto, continuamos agindo como se o capital financeiro fosse autossuficiente, ignorando a urgência de alinhar essas três forças.

E então? Como podemos justificar a demora em integrar práticas sustentáveis como padrão? Não é mais aceitável agir como se o lucro a curto prazo fosse mais importante do que garantir a existência de um ambiente no qual os negócios possam prosperar a longo prazo. Enquanto patinamos em discussões que já deveriam estar resolvidas, os impactos da falta de ação se agravam.

Empresas conscientes já provaram que responsabilidade social e ambiental gera resultados tangíveis, tanto no impacto social quanto no crescimento financeiro. Uma pesquisa da IBM revelou que empresas que incorporam a sustentabilidade em suas operações estão superando seus concorrentes em lucratividade e atração de talentos. Além disso, 48% dos executivos relataram melhorias financeiras ao alinhar práticas de sustentabilidade com seus objetivos de negócio . Cada decisão que negligencia a sustentabilidade é uma oportunidade perdida de melhorar o desempenho e garantir um futuro viável.

Chegamos em um ponto em que, se não alinharmos essas três forças — pessoas, planeta e lucro —, não haverá futuro para os negócios. Afinal, sem um planeta habitável, não há mercado, não há clientes, e, certamente, não há lucro.

Desafios e choques

O ponto chave está aqui: se o Capitalismo Consciente ainda é visto como uma utopia por alguns, talvez seja porque a cultura de lucro a qualquer custo esteja profundamente enraizada. E isso, francamente, é preguiça corporativa. Não falta exemplo de empresas que alinham propósito e lucro, o que falta é coragem para sair do molde antigo.

A verdade é simples: coragem é necessária para abandonar velhos modelos e criar um negócio que faça sentido a longo prazo. Afinal, os números não mentem: empresas com práticas conscientes são mais resilientes, têm maior retenção de talentos e atraem consumidores mais fiéis. Quando falamos em “jogar o jogo capitalista”, a pergunta que fica é: como não jogar de forma consciente?

Reflexão final: o Futuro é consciente ou não existe

O capitalismo consciente pode parecer utópico para alguns, mas é a única opção viável para o futuro dos negócios. Tomadores de decisão precisam de dados concretos? Empresas que adotam práticas sustentáveis estão superando financeiramente aquelas que não o fazem, além de vários outros benefícios. Qual é a dúvida?

E, afinal, se não tivermos um planeta habitável, não haverá negócios. Cuidar do meio ambiente é o único caminho para garantir que a economia continue a prosperar.

Compartilhar:

CEO da SDW, cientista, empreendedora social e biotecnologista formada pela Universidade Federal da Bahia. Dedica-se a democratizar o acesso à água e saneamento globalmente por meio de tecnologias inovadoras e acessíveis, beneficiando mais de 25 mil pessoas com o desenvolvimento de 6 tecnologias. Reconhecida internacionalmente pela ONU, UNESCO, Forbes e MIT. Foi premiada pelos Jovens Campeões da Terra, pela Forbes Under 30 e finalista do prêmio mundial Green Tech Award. Seu compromisso com a sustentabilidade, impacto social e responsabilidade social é inabalável e continua dedicando sua carreira para resolver os desafios mais prementes da nossa era.

Artigos relacionados

Superando os legados de negócio e de mindset

Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

O RH pode liderar o futuro do trabalho?

A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura