Tecnologia e inovação

Chat gp-tico e chat gp-teco

Daqui em diante será uma jornada de aprendizado e muita criatividade. Está pronto para este novo momento?
Eduardo Paraske é co-fundador e sócio da Deboo e 1601 - Consultoria. Tem mais de 16 anos de experiência em multinacionais, como Google, Waze, Samsung, Unilever, Roche Pharmaceuticals e Outback Steakhouse. Além disso, é mentor de startups pelo Google for Startups.
Eduardo Paraske é co-fundador e sócio da Deboo e 1601 - Consultoria. Tem mais de 16 anos de experiência em multinacionais, como Google, Waze, Samsung, Unilever, Roche Pharmaceuticals e Outback Steakhouse. Além disso, é mentor de startups pelo Google for Startups.

Compartilhar:

Para começar, vou deixar bem claro: eu não sou especialista em Inteligência Artificial. Sou eterno aprendiz de inovação, mas considero que não temos especialistas em IA, senão aqueles que estão a criá-la, digo programando mesmo e desenvolvendo a “bagaça”. O resto é tudo Caio Ribeiro de IA, que nem eu: pode até ser um excelente comentarista, mas jogar mesmo, não jogou muito. Sou fã do cara e se tem uma coisa que ele tem de sobra é o que vamos comentar aqui: inteligência e capacidade crítica.

Vamos falar sobre o Chat GP Tico e o Chat GP Teco, a dupla dinâmica que está agitando o mundo da Inteligência Artificial (IA). Não, não são personagens de desenho animado, aqui eles estão representando os nossos queridos neurônios e nossa capacidade de pensar.

A pergunta da vez é: com a IA, será que ficaremos um tantinho preguiçosos com tanto pensamento terceirizado?

A IA, sem dúvida, nos trouxe avanços espetaculares. Ela é a mão invisível que organiza nossos e-mails, o cérebro por trás das recomendações personalizadas de filmes e a força que dirige carros autônomos. Mas, enquanto nos deleitamos com suas maravilhas, precisamos ficar atentos para não deixar nossos próprios “neurônios”, o Tico e o Teco, em um canto empoeirado da mente.

Pense na calculadora: você faz contas dificílimas, mas aos poucos ela vai nos tirando a habilidade de fazer contas rápidas de cabeça. Por que você precisa saber a tabuada se é só perguntar para a Alexa? O GPS nos leva a qualquer lugar, mas nos deixa perdidos sem ele. A IA é como isso, só que em esteroides. Ela pode compor músicas, escrever artigos e até conversar como um velho amigo. Maravilhoso? Sem dúvida. Preocupante? Talvez um pouco.

É como saber tudo e não saber nada. Tão perto e tão longe. Imagine um mundo onde “Chat GP Tico” faz todo o pensamento lógico por nós e “Chat GP Teco” cuida da criatividade. Que espaço sobra para o exercício mental que mantém nosso cérebro afiado? Não queremos acabar como passageiros inertes em nossas próprias vidas, dependentes de uma IA para cada decisão ou pensamento.

Dizer que eu não preciso saber o caminho porque tem o Waze é algo razoavelmente tranquilo, porque eu preciso saber o caminho só quando pego o carro. A ação é saber o caminho. Agora imagine a ação ser pensar. Ou criar. Pensamos e criamos o tempo todo, para tudo. Será que alguma hora chegaremos à conclusão de que não precisamos mais pensar, porque a IA pensa por nós?

O vício em IA de alguma maneira ameaça sufocar a criatividade humana, as habilidades de pensamento crítico e o bem-estar mental. O consumo passivo de conteúdos gerados pela IA inibe a criatividade, à medida que os indivíduos se habituam ao entretenimento pré-embalado em vez de se envolverem em atividades imaginativas. Ao invés de parar e imaginar, a gente joga na IA e vê o que vem. Ela faz para nós. É uma conveniência viciante. Se pedir iFood todo dia, você vai parar de cozinhar. E essa exposição constante a conteúdos personalizados pode impedir as habilidades de pensamento crítico, levando à perda de autonomia e à tomada de decisões fundamentadas.

A IA pode sim, inadvertidamente, representar uma ameaça à nossa criatividade e pensamento crítico com dependência, limitação da exploração pessoal, inibição do aprendizado profundo e um grande eco de ideias existentes.

Para evitar essas armadilhas, é essencial usar ferramentas de maneira complementar ao seu próprio pensamento e criatividade. Encorajo você a questionar, refletir e explorar além do que a IA pode fornecer, usando a tecnologia como uma alavanca para o pensamento crítico e a inovação, e não como um substituto para eles.

Veja, não é competição de quem é ou será melhor. É sobre pensar na saúde dessa simbiose. Não podemos esquecer que a IA só dá respostas pelo que já respondemos, e se já respondemos é porque já perguntamos.

Sem o que sabemos, ela não saberia nada.

Se Adão tivesse um Chat GPT e perguntasse se ele deveria comer a maçã ou não, a IA não saberia responder, ou provavelmente falaria das vitaminas e das propriedades benéficas da maçã. Porque até aquele momento, ele não tinha “comido” nada e a IA não saberia o significado disso.

Mas a IA não tem capacidade preditiva? De saber o futuro? Tem, por matemática e probabilidades, nunca com 100% de certeza. Muito legal para as apostas de jogos de futebol, mas não teria previsto a pandemia do coronavírus.

De fato, a IA pode nos tornar excessivamente dependentes: imagine toda tomada de decisão profissional, interações sociais, ou até o que vamos aprender, tudo isso depender do que a IA vai nos sugerir?

Não estou dizendo para jogar fora nosso querido Chat GP Tico e Teco. Longe disso! A IA é uma ferramenta incrível que, quando usada com sabedoria, pode melhorar significativamente nossas vidas. Desde a cura de doenças, previsão de ciclones, melhoria de trânsito e por aí vai. Mas, assim como com qualquer ferramenta poderosa, precisamos de um manual de instruções para uso responsável.

Então, como equilibrar essa relação? Simples: mantenha a curiosidade viva! Use a IA como um trampolim para novas ideias, não como um sofá confortável. Permita que o Tico e o Teco dancem com o Chat GP Tico e GP Teco, mas não os deixe fora da festa.

Afie suas perguntas que a IA irá afiar as respostas.

Antes, não concordávamos sempre nas “respostas” (graças a Deus), mas quase sempre concordávamos nas perguntas. Agora, iremos nos diferenciar pelas perguntas.
Em suma, adotemos a IA como parceira, não substituta. Que ela seja a chama que acende nossa própria criatividade e pensamento, não o balde de água que os apaga. Assim, podemos garantir que a jornada rumo ao futuro seja não apenas tecnologicamente avançada, mas também intelectualmente enriquecedora.

Como diria Paul Tudor Jones:

__”Nenhum homem é melhor do que uma máquina. E nenhuma máquina é melhor do que um homem com uma máquina.”__

Boa aventura de IA para você.

Compartilhar:

Eduardo Paraske é co-fundador e sócio da Deboo e 1601 - Consultoria. Tem mais de 16 anos de experiência em multinacionais, como Google, Waze, Samsung, Unilever, Roche Pharmaceuticals e Outback Steakhouse. Além disso, é mentor de startups pelo Google for Startups.

Artigos relacionados

Competitividade da Indústria Brasileira diante do Protecionismo Global

A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Inovação, Empreendedorismo
Linhas de financiamento para inovação podem ser uma ferramenta essencial para impulsionar o crescimento das empresas sem comprometer sua saúde financeira, especialmente quando associadas a projetos que trazem eficiência, competitividade e pioneirismo ao setor

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Estratégia
Este texto é uma aula de Alan Souza, afinal, é preciso construir espaços saudáveis e que sejam possíveis para que a transformação ocorra. Aproveite a leitura!

Alan Souza

4 min de leitura
Liderança
como as virtudes de criatividade e eficiência, adaptabilidade e determinação, além da autorresponsabilidade, sensibilidade, generosidade e vulnerabilidade podem coexistir em um líder?

Lilian Cruz

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança
As novas gerações estão redefinindo o conceito de sucesso no trabalho, priorizando propósito, bem-estar e flexibilidade, enquanto muitas empresas ainda lutam para se adaptar a essa mudança cultural profunda.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG, Empreendedorismo
31/07/2024
O que as empresas podem fazer pelo meio ambiente e para colocar a sustentabilidade no centro da estratégia

Paula Nigro

3 min de leitura
ESG
Exercer a democracia cada vez mais se trata também de se impor na limitação de ideias que não façam sentido para um estado democrático por direito. Precisamos ser mais críticos e tomar cuidado com aquilo que buscamos para nos representar.
3 min de leitura
Empreendedorismo, ESG
01/01/2001
A maior parte do empreendedorismo brasileiro é feito por mulheres pretas e, mesmo assim, o crédito é majoritariamente dado às empresárias brancas. A que se deve essa diferença?
0 min de leitura
ESG, ESG, Diversidade
09/10/2050
Essa semana assistimos (atônitos!) a um CEO de uma empresa de educação postar, publicamente, sua visão sobre as mulheres.

Ana Flavia Martins

2 min de leitura
ESG
Em um mundo onde o lucro não pode mais ser o único objetivo, o Capitalismo Consciente surge como alternativa essencial para equilibrar pessoas, planeta e resultados financeiros.

Anna Luísa Beserra

3 min de leitura