Dossiê HSM

Chief of staff, o quinto elemento

O papel de promover o hábito do aprendizado contínuo e gerar abertura a mudanças tem um dono nas empresas mais tecnológicas: o chief of staff (CoS). Mais de 40% das principais empresas globais já têm um CoS na equipe de liderança. Essa taxa segue aumentando à medida que as organizações percebem o valor estratégico do cargo
Suzyanne Oliveira trabalha como chief of staff as a service. Cofundou o evento Code Girl e atuou como chief of staff na Labsit e como diretora de product & tech na Creditas.

Compartilhar:

As organizações do futuro podem apresentar várias características distintas, mas é cada vez mais consenso de que elas têm ao menos quatro elementos em comum. Primeiramente, uma cultura voltada para as pessoas, que priorize o bem-estar dos funcionários, a diversidade e a conciliação entre vida pessoal e profissional. Segundo, a adoção de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, automação e análise de dados, cada vez mais generalizada, fundamental para aumentar a eficiência e impulsionar a inovação – estima-se que o mercado global de inteligência artificial alcance um valor de US$ 190 bilhões até 2030.

Terceiro, estruturas organizacionais mais flexíveis, com hierarquias menos rígidas, trabalho remoto e colaboração virtual também podem se tornar predominantes. Em quarto lugar observa-se a tendência da digitalização em doses significativas, com grande proabilidade de, até 2030, permear todos os aspectos dos negócios. Para se manter relevantes, essas organizações já entenderam que devem abraçar a digitalização e usar essas tecnologias para otimizar processos e aprimorar a experiência do cliente.

Na verdade, existe um quinto elemento, ainda relativamente pouco alardeado: o hábito do aprendizado contínuo e, em consequência, a disposição para abraçar a mudança. Isso corresponde ao papel do chief of staff (CoS). De acordo com pesquisas recentes, mais de 40% das principais (e mais tecnológicas) empresas globais têm um CoS na equipe de liderança. Essa taxa deve aumentar ainda mais até o fim da década, à medida que as organizações perceberem o valor estratégico do cargo.

A origem do cargo é militar, inspirada no oficial de alto escalão responsável por auxiliar o comandante em questões estratégicas e operacionais. Ao longo dos anos, a função se expandiu para o setor privado, e o CoS se tornou um parceiro estratégico dos executivos, atuando como conector entre as várias partes da organização.

A presença de um CoS eficaz tem sido associada a resultados positivos. Diversos levantamentos já demonstraram isso:

1. __Empresas com um chief of staff__ têm 50% mais chances de atingir um crescimento financeiro sustentável, de acordo com um estudo da McKinsey.
2. __Organizações com um chief of staff__ bem implementado são 40% mais ágeis em se adaptar a mudanças de mercado e aproveitar oportunidades emergentes.
3. __O relatório *State of Agile*__, da VersionOne, revelou que 77% das organizações que têm um CoS relataram melhorias na adaptação às mudanças do mercado e na entrega de projetos estratégicos.
4. __A presença de um chIef of staff__ está correlacionada a níveis mais altos de satisfação dos funcionários e engajamento no trabalho, o que, por sua vez, resulta em maior produtividade e retenção de talentos. De acordo com uma pesquisa do Gallup, empresas que investem em um CoS de alta qualidade tiveram aumento de 20% na satisfação dos funcionários e redução de 40% na rotatividade de colaboradores.

Ao incentivar a colaboração, a troca de conhecimento e a busca por melhores práticas, o CoS cria um ambiente propício à inovação e ao desenvolvimento de habilidades digitais. Com as rápidas mudanças tecnológicas que ocorrerão nos próximos anos, é essencial que as empresas tenham equipes preparadas. O CoS, com sua visão abrangente da organização e sua capacidade de identificar lacunas de habilidades, desempenha papel fundamental na construção de equipes de alto desempenho e na promoção de um ambiente de aprendizado contínuo. Isso é possível porque uma das funções do CoS é alinhar as prioridades estratégicas da empresa com a alocação eficiente de pessoas e iniciativas. Em um ambiente de negócios dinâmico, isso é cada vez mais importante.

Ao considerar o futuro das organizações, é essencial fortalecer o papel do CoS. Suas contribuições estratégicas na construção de equipes de alto desempenho e na evolução da agilidade organizacional serão fundamentais. Ao adotar uma abordagem centrada na digitalização, na inovação e no desenvolvimento de uma cultura de aprendizado contínuo, as empresas estarão preparadas para prosperar
e se destacar.

![Thumbs HSM 158-12](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/7MUhaZyrFyZZuQ6c5I9VxT/3b872ec28de34b83739d2e50469460e4/Thumbs_HSM_158-12.jpg)

__Leia também: [Dados: a arte de interrogá-los](https://www.revistahsm.com.br/post/dados-a-arte-de-interroga-los)__

Artigo publicado na HSM Management nº 158.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Empreendedorismo
A intencionalidade não é a solução para tudo, mas é o que transforma escolhas em estratégias e nos permite navegar a vida com mais clareza e propósito.

Isabela Corrêa

6 min de leitura
Liderança
Construir e consolidar um posicionamento executivo é essencial para liderar com clareza, alinhar valores e princípios à gestão e impulsionar o desenvolvimento de carreira. Um posicionamento bem definido orienta decisões, fortalece relações profissionais e contribui para um ambiente de trabalho mais ético, produtivo e sustentável.

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Empreendedorismo
Impacto social e sustentabilidade financeira não são opostos – são aliados essenciais para transformar vidas de forma duradoura. Entender essa relação foi o que permitiu ao Aqualuz crescer e beneficiar milhares de pessoas.

Anna Luísa Beserra

5 min de leitura
ESG
Infelizmente a inclusão tem sofrido ataques nas últimas semanas. Por isso, é necessário entender que não é uma tendência, mas uma necessidade estratégica e econômica. Resistir aos retrocessos é garantir um futuro mais justo e sustentável.

Carolina Ignarra

0 min de leitura
ESG
Atualmente, 2,5% dos colaboradores da Pernambucanas se autodeclaram pessoas trans e 100% dos colaboradores trans da varejista disseram que se sentem seguros para ser quem são dentro da empresa.

Nivaldo Tomasio

5 min de leitura
Marketing
A integração entre indicadores de trade marketing e inteligência competitiva está redefinindo o jogo corporativo. Monitorar a execução no PDV, antecipar tendências e reagir com agilidade às mudanças do mercado não são mais diferenciais, mas exigências para a competitividade. Utilizar dados como fonte de insights estratégicos é o caminho para decisões mais rápidas, investimentos otimizados e resultados superiores.

Arthur Fabris

4 min de leitura
Liderança
O novo capítulo do mundo corporativo já começou a ser escrito. Sustentabilidade, transformação digital humanizada e agilidade diante das incertezas globais são os pilares que moldarão líderes visionários e organizações resilientes. Não basta acompanhar as mudanças; é preciso liderá-las com ousadia, responsabilidade e impacto positivo.

Luiz Soria

3 min de leitura
ESG
Apesar dos desafios históricos, as mulheres seguem conquistando espaço no setor de tecnologia, enfrentando a falta de representatividade, dificuldades de financiamento e preconceitos. Iniciativas como o W20 no G20, o PrograMaria e o RME Acelera impulsionam essa transformação, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades.

Ana Fontes

4 min de leitura
Marketing
Segundo pesquisa do Instituto Qualibest, houve um aumento de 17 pontos percentuais no número de pessoas assistindo ao programa, em comparação à última edição. Vamos entender como o "ouro televisivo" ainda é uma arma potente de marketing brasileiro.

Carolina Fernandes

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e execução, Gestão de pessoas

Lilian Cruz

5 min de leitura