Inteligência artificial e gestão

Ciência de dados pode destravar real potencial da IA

Com uma governança adequada, a combinação entre ciência de dados e inteligência artificial é um acelerador de transformações nos negócios, podendo levar a organização a obter maiores resultados
Jared Andrade, diretor de data & analytics da Cadastra, empresa global de serviços de tecnologia, estratégia, marketing e data & analytics.

Compartilhar:

A onda da inteligência artificial (IA) com a chegada ao grande público do ChatGPT gerou uma percepção de que essa tecnologia pode quase tudo. Mas não é bem assim. A IA tem mesmo um potencial gigantesco, mas tudo começa pelos dados.

Uma limitação importante da IA atualmente (pelo menos quanto aos produtos “de prateleira”) é acessar apenas bases de dados específicas. Elas não conseguem gerar dados novos ou acessar bases de dados de clientes ou de vendas de uma empresa, por exemplo. Essa característica impede a realização de análises preditivas complexas, que é um dos principais benefícios que essa tecnologia pode nos oferecer quando aplicada de forma profunda.

É aí que entra a ciência de dados, pois, além de organizar todo o arcabouço prévio, ela realiza as customizações necessárias, conecta as diversas pontas, permitindo outputs complexos e estratégicos como previsão de demanda, potencial de saída da base de clientes (churn), o LTV (life time value) e até quais perfis de clientes estão mais propensos a realizar uma compra.

Para isso, é fundamental uma grande maturidade de dados, a começar pela identificação de quais informações são realmente importantes para o negócio. Depois é importante captar, organizar e armazenar de forma adequada esta base que pode ser advinda tanto de fontes próprias (vendas, interações online, CRM etc.) como do mercado (pesquisas contratadas, bases públicas e privadas etc.). A criação de um data lake reunindo todas essas originações é um passo importante, pois se passa a ter uma fonte de referência e alimentação constante.

Nesse sentido, torna-se cada vez mais prioritário que a cultura de dados permeie a empresa como um todo, pois sua própria atuação e interações vai gerando mais conhecimento. Claro, a questão da privacidade e da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também devem prevalecer ao longo de toda a jornada.

Consolidada tal configuração, chega a hora de fazer as perguntas capitais para o negócio, já que essa abordagem permite gerar conhecimento para quase todas as áreas da empresa (desde que os dados estejam disponíveis), do RH e finanças a questões operacionais e mercadológicas em marketing e vendas.

Esse salto dado-conhecimento preditivo específico exige, porém, uma customização a partir dos já famosos algoritmos. É a partir do desenvolvimento deste algoritmo personalizado para a análise da base que se obtém resultados realmente importantes, um verdadeiro diferencial frente à concorrência. Ainda são poucas empresas no Brasil que chegam a este nível.

É importante ressaltar que essa abordagem permite análises em uma escala, complexidade (incluindo um imenso número de variáveis) e agilidade que um ser humano não consegue realizar, obtendo um resultado mais sólido.

Trago alguns exemplos para tangibilizar. Para uma fabricante de automóveis, cruzamos uma grande quantidade de dados com AI para gerar listas de potenciais compradores de carros com maior assertividade. Para uma grande rede de postos de gasolina, a partir de uma análise comportamental, conseguimos apontar quais membros do clube de vantagens tinham maior probabilidade de saída, dando margem a ações preventivas.

Vemos um grande potencial também na indústria do agro, mais acostumada a trabalhar com maquinário pesado para ganhos de produtividade. Seria possível a partir da análise de dados e IA fazer uma previsão da demanda de leite e seus derivados ao longo do ano. Assim como identificar as rotas mais problemáticas no transporte de grãos e outros produtos agrícolas. Esse mercado costuma dispor de dados históricos, falta dar o próximo passo e chegar à predição, o que certamente traria ganhos muito significativos.

A ciência de dados combinada com a IA, seguindo uma governança adequada, é um grande acelerador de transformações nos negócios, levando as organizações a novas fronteiras de resultados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
18 de dezembro de 2025
Como a presença invisível da IA traz ganhos enormes de eficiência, mas também um risco de confiarmos em sistemas que ainda cometem erros e "alucinações"?

Rodrigo Cerveira - CMO da Vórtx e Cofundador do Strategy Studio

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de dezembro de 2025
Discurso de ownership transfere o peso do sucesso e do fracasso ao colaborador, sem oferecer as condições adequadas de estrutura, escuta e suporte emocional.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

4 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
16 de dezembro de 2025
A economia prateada deixou de ser nicho e se tornou força estratégica: consumidores 50+ movimentam trilhões e exigem experiências centradas em respeito, confiança e personalização.

Eric Garmes é CEO da Paschoalotto

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de dezembro de 2025
Este artigo traz insights de um estudo global da Sodexo Brasil e fala sobre o poder de engajamento que traz a hospitalidade corporativa e como a falta dela pode impactar financeiramente empresas no mundo todo.

Hamilton Quirino - Vice-presidente de Operações da Sodexo

2 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
12 de dezembro de 2025
Inclusão não é pauta social, é estratégia: entender a neurodiversidade como valor competitivo transforma culturas, impulsiona inovação e constrói empresas mais humanas e sustentáveis.

Marcelo Vitoriano - CEO da Specialisterne Brasil

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
11 de dezembro de 2025
Do status à essência: o luxo silencioso redefine valor, trocando ostentação por experiências que unem sofisticação, calma e significado - uma nova inteligência para marcas em tempos pós-excesso.

Daniel Skowronsky - Cofundador e CEO da NIRIN Branding Company

3 minutos min de leitura
Estratégia
10 de dezembro de 2025
Da Coreia à Inglaterra, da China ao Brasil. Como políticas públicas de design moldam competitividade, inovação e identidade econômica.

Rodrigo Magnago - CEO da RMagnago

17 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança