Dossiê HSM

Coletivo Xalingo: nasce um brinquedo

É preciso combinar o trabalho dos desenvolvedores, os testes com crianças e a adequação a normas de segurança

Compartilhar:

Alguns brinquedos são tão simples e úteis que estão aí desde as grandes civilizações. As marionetes e as pernas de pau, por exemplo, surgiram na Grécia e na Roma antigas. Já o dominó e a pipa eram comuns na China há mais de 2 mil anos, enquanto bonecas e bolinhas de gude remontam ao Egito dos faraós. Por mais que fossem desenvolvidos artesanalmente ao longo de séculos, criar um brinquedo e colocá-lo no mercado em pleno século 21 não é tarefa simples. Quem diz é Tamara Campos, gerente de marca e inovação na Xalingo, uma das principais fabricantes do Brasil, com sede em Santa Cruz do Sul (RS) e dona de uma linha com aproximadamente 700 itens, de massinhas de modelar e a peças de playground.
Publicitária, Campos está à frente de uma equipe de 14 pessoas que responde pelo desenvolvimento de produtos – no total, a empresa tem 600 colaboradores. “Não temos nenhum Professor Pardal, mas um time que pensa em conjunto. Alguém tem um insight, traz para o grupo e vamos lapidando para ver no que dá”, explica. O mais comum, diz ela, é que as ideias surjam do pessoal de design, marketing e comunicação, para depois terem sua viabilidade analisada pela engenharia.
Ainda que a concepção de um brinquedo possa vir da mente de um funcionário específico, o processo criativo da Xalingo é multifacetado. Uma das facetas é a visitação às maiores feiras do setor, na China, na Alemanha e nos Estados Unidos. Outra, a parceria com cursos de design e psicologia de universidades da região. “Estamos sempre em busca de inspirações, e percebemos que nos dois últimos anos o processo de criação está mudando de patamar”, afirma Campos. Ela se refere a um perfil mais heterogêneo e complexo de consumidor, formado por pais de diferentes gerações, além de crianças que crescem imersas no mundo digital. Daí a importância de antecipar tendências.
Caso curioso nesse sentido foi o lançamento de um jogo educativo com realidade aumentada há cerca de três anos. Apesar de a tecnologia fazer sucesso na Europa e nos EUA, no Brasil a aceitação inicial foi tímida. Demorou para a curva de vendas começar a subir – agora o produto se consolidou.

## Laboratório de noite do pijama
O êxito de um brinquedo no mercado é um desafio: na Xalingo, são cerca de 200 produtos lançados todo ano, e a taxa de sucesso média é 25%.
Isso porque antes de encerrar o ciclo de desenvolvimento – de quatro a oito meses – os brinquedos são testados em protótipo em escolas e com famílias parceiras. Senão, o êxito seria ainda menor. Mãe de dois filhos adolescentes, Tamara Campos conta que, quando eles eram crianças, costumava levar protótipos para casa. “Eles e os amiguinhos eram o meu laboratório. Eu fazia a noite do pijama e ficava só observando.”

Compartilhar:

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de pessoas
No texto do mês da nossa colunista Maria Augusta, a autora trouxe 5 pontos cruciais para você desenvolver uma liderança antifrágil na prática. Não deixe de conferir!

Maria Augusta Orofino

Transformação Digital
Explorando como os AI Agents estão transformando a experiência de compra digital com personalização e automação em escala, inspirados nas interações de atendimento ao cliente no mundo físico.

William Colen

ESG
Explorando como a integração de práticas ESG e o crescimento dos negócios de impacto socioambiental estão transformando o setor corporativo e promovendo um desenvolvimento mais sustentável e responsável.

Ana Hoffmann

ESG, Gestão de pessoas
Felicidade é um ponto crucial no trabalho para garantir engajamento, mas deve ser produzida em conjunto e de maneira correta. Do contrário, estaremos apenas nos iludindo em palavras gentis.

Rubens Pimentel

ESG
Apesar dos avanços nas áreas urbanas, cerca de 35% da população rural brasileira ainda vive sem acesso adequado a saneamento básico, perpetuando um ciclo de pobreza e doenças.

Anna Luísa Beserra

Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
A IA está revolucionando o setor de pessoas e cultura, oferecendo soluções que melhoram e fortalecem a interação humana no ambiente de trabalho.

Fernando Ferreira

Estratégia e Execução
Aos 92 anos, a empresa de R$ 10,2 bilhões se transforma para encarar o futuro em três pilares
Gestão de pessoas, Cultura organizacional, Liderança, times e cultura
Apesar de importantes em muitos momentos, o cenário atual exige processos de desenvolvimentos mais fluidos, que façam parte o dia a dia do trabalho e sem a lógica da hierarquia – ganha força o Workplace Learning

Paula Nigro

Empreendedorismo, Gestão de pessoas
As empresas familiares são cruciais para o País por sua contribuição econômica e, nos dias atuais, por carregarem legado e valores melhor do que corporations. Mas isso só ocorre quando está estabelecido o reconhecimento simbólico dos líderes de propósito que se vão...

Luis Lobão

ESG, Gestão de pessoas
Apesar das mulheres terem maior nível de escolaridade, a segregação ocupacional e as barreiras de gênero limitam seu acesso a cargos de liderança, começando desde a escolha dos cursos universitários e se perpetuando no mercado de trabalho.

Ana Fontes