Business content

Com atenção à saúde mental, empresas podem evitar depressão, burnout e suicídio

As empresas não podem se eximir da responsabilidade de promover o bem-estar emocional e mental dos colaboradores. Saiba como ajudar nesse sentido
Larissa Pessi é colaboradora de HSM Management.

Compartilhar:

Muitos de nós vivemos presos a situações que prejudicam nossa [saúde mental](https://www.revistahsm.com.br/dossie/saude-mental-nas-empresas). Seja no trabalho ou na vida pessoal, as queixas de estafa e esgotamento são cada vez mais comuns. Sobretudo depois da atual pandemia. Em [pesquisa do Instituto Ipsos](https://www.ipsos.com/pt-br/one-year-covid-19-mais-da-metade-dos-brasileiros-afirma-que-saude-mental-piorou-desde-o-inicio-da), encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, mais da metade (53%) dos brasileiros entrevistados declararam que seu bem-estar psicológico piorou em 2020.

Outra [pesquisa divulgada este ano](https://mhanational.org/sites/default/files/Mind%20the%20Workplace%20-%20MHA%20Workplace%20Health%20Survey%202021%202.12.21.pdf), realizada pela Mental Health America com mais de 5 mil trabalhadores americanos em 2020, descobriu que 83% dos entrevistados se sentiam emocionalmente esgotados no trabalho; e 71% concordaram que o local de trabalho afeta sua saúde mental.

Os entrevistados não representam a população em geral, é claro. Mas suas respostas demonstram o quão ansiosos alguns trabalhadores estão – e o quanto a dinâmica nos [ambientes de trabalho](https://mitsloanreview.com.br/post/tres-tendencias-para-gerenciar-a-forca-de-trabalho-do-futuro) (presenciais ou virtuais) influenciam os colaboradores, independentemente do nível hierárquico.

É por isso que as empresas não podem se eximir da responsabilidade de promover o bem-estar emocional e mental dos colaboradores. “É preciso desenvolver, dar segurança e saúde aos colaboradores para obter os altos indicadores de engajamento, produtividade e resultado que se esperam”, explica Rui Brandão, CEO e fundador do Zenklub.

Quando a saúde mental não vai bem, a produtividade e os resultados alcançados coletivamente são prejudicados. E individualmente também. No Brasil, problemas mentais e emocionais são a segunda principal causa de afastamento do trabalho, de acordo com o Ministério da Economia.

## Impacto do estresse na saúde

Como as empresas afetam a saúde do funcionário? Aumentando a carga horária de trabalho, por exemplo. Veja o que descobriu essa análise realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Em comparação com jornadas de 35 a 40 horas semanais, expedientes de 55 horas ou mais por semana – comum entre CEOs, que chegam a trabalhar quase dez horas por dia, além de aos finais de semana e nas férias – aumentam em 35% o risco de derrame e em 17% o de morte por doença isquêmica do coração. O fenômeno está ligado ao estresse psicossocial, que libera hormônios causadores de lesões estruturais e desregulações funcionais no sistema cardiovascular.

A pandemia contribui nesse sentido, pois aumentou as jornadas de trabalho. “A atuação remota virou norma em muitos setores, confundindo as fronteiras entre casa e trabalho”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. Em alguns casos, após demissões, as empresas delegaram aos colaboradores tarefas e funções que antes eram distribuídas entre mais pessoas, sobrecarregando-os.

Não é surpresa, portanto, o [aumento dos registros de casos de burnout](https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-01/excesso-de-trabalho-e-pandemia-podem-desencadear-sindrome-de-burnout) durante a crise sanitária. A International Stress Management Association do Brasil (Isma) estima que cerca de 30% dos brasileiros sofrem com o transtorno psíquico, caracterizado pelo esgotamento psicológico causado exclusivamente pelo trabalho.

Atrelado ao burnout estão o aumento de casos de ansiedade, pânico e depressão – quadros clínicos severos, levados não só pelo esgotamento mental, mas por outras situações como angústia, solidão, crise financeira, insegurança e medo em relação ao futuro.

[Psiquiatras e psicólogos alertam](https://oglobo.globo.com/brasil/depressao-suicidio-devem-marcar-nova-onda-da-covid-19-24613222) até mesmo para casos extremos, como o suicídio. Todos os anos, o Brasil registra mais de 13 mil mortes auto infligidas. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) aponta que cerca de 96,8% dos suicídios estão relacionados a transtornos mentais. O principal deles é a depressão. Por essas, a importância do Setembro Amarelo, campanha criada no Brasil em 2015 para promover ações de prevenção do suicídio.

## Iniciativas em prol do bem-estar mental

As estratégias de prevenção aos prejuízos à saúde mental devem englobar todos os membros da companhia. “Os RHs e líderes têm que buscar entender as necessidades emocionais, comportamentais e de skills que os colaboradores precisam para fazer seu trabalho”, aponta Brandão, do Zenklub.

Além disso, perpetuar uma cultura de escuta ativa é indispensável para conduzir melhor as equipes. É o que sugere o [Guia Prático de Saúde Mental e Trabalho no Pós-pandemia do Zenklub](https://zenklub-static.s3.amazonaws.com/static/crm/Guia+Pr%C3%A1tico+para+Sa%C3%BAde+Mental+e+Trabalho+no+P%C3%B3s-Pandemia.pdf). No documento, a psicóloga Ana Paula Tognotti afirma que, com o retorno gradual das atividades presenciais, as organizações precisam focar esforços na cultura organizacional. Isso significa criar um ambiente seguro para que as pessoas compartilhem suas vulnerabilidades e se sintam acolhidas. E o exemplo deve partir dos próprios gestores.

Outra referência para as empresas é o [movimento #MenteEmFoco](https://www.revistahsm.com.br/post/saude-mental-e-fundamental-para-o-desenvolvimento-socioeconomico), lançado pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU. A iniciativa indica diretrizes para combater o estigma e o preconceito social com os problemas de ordem mental. Entre as recomendações estão:

– Ter um profissional de referência para aconselhamento e atendimento;
– Oferecer orientação e manejo de crises;
– Garantir a avaliação permanente dos colaboradores;
– Manter gestores engajados, com treinamento para atuar em relação ao tema e orientação sobre as melhores condutas, sendo agentes de transformação e de promoção da segurança psicológica;
– Criar um programa antiestigma: promover debates abertos e intervenções em grupo com assuntos que busquem reduzir o estigma relacionado ao sofrimento psíquico, inserindo-o como pauta permanente na organização;
– Promover ações de incentivo à saúde mental: campanhas e iniciativas para incentivar práticas culturais, esportivas, de nutrição, bem-estar, educação, entre outras, a partir das demandas identificadas.

No processo de escuta ativa e suporte aos colaboradores, plataformas de orientação psicológica online, como o Zenklub, são úteis. Na ferramenta, os colaboradores têm acesso a uma rede de coaches e profissionais de psicologia e psiquiatria, que ajudam a superar os desafios da vida pessoal e da carreira.

As empresas ainda contam com o apoio do Zenklub no mapeamento das necessidades socioemocionais dos colaboradores (por meio de questionários e das próprias consultas), assim como treinamentos e workshops para lideranças. A plataforma também oferece a formação de embaixadores de saúde emocional, voluntários que serão pontos de contato para os colegas que apresentam transtornos psicológicos ou desafios socioemocionais.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)