Carreira, Comunidades: CEOs do Amanhã

Como a comunicação pode ajudar na sua carreira profissional

A arte da retórica e a comunicação não-violenta podem ser determinantes para o sucesso de nossas relações corporativas
Comunicóloga e professora de Retórica nos cursos de extensão da ESPM, hoje atua como diretora de estratégia de negócios na TBWAChiat Day. Autora do livro *Persuasão: Como usar a retórica e a comunicação persuasiva na sua vida pessoal e profissional*.

Compartilhar:

Sou autora do best-seller *Persuasão: Como utilizar a retórica e a comunicação persuasiva na sua vida pessoal e profissional*, e além de realizar treinamentos e cursos in-company, costumo ouvir com frequência de alunos e leitores que a minha obra ajudou fortemente em suas carreiras. Porém, para entender exatamente como, precisamos entender os fundamentos da retórica.

Mas o que é retórica? É a arte do bem falar; a persuasão, a arte do bem falar com a finalidade do convencimento. Com origem no grego *rhetor*, a arte de falar bem utiliza todos os recursos da linguagem para atrair e manter a atenção e o interesse do auditório, para informá-lo, instruí- lo e, principalmente, persuadi-lo das teses ou dos pontos de vista que o orador pretende transmitir. Em sentido amplo, designa a [arte de usar a linguagem com objetivo de persuadir ou influenciar](https://www.revistahsm.com.br/post/as-fascinantes-aventuras-do-proposito), podendo significar a própria técnica de persuasão.

“Só fala bem quem pensa bem.” Essa frase do Aristóteles ressignificou toda a minha relação pessoal com a própria persuasão inclusive. Deixei de me enxergar como uma impostora e passei a me ver como uma pessoa inteligente. Eu tinha vergonha de ser persuasiva porque a palavra, muitas vezes, carrega um viés ruim.

Mas não para Aristóteles. Não na Grécia Antiga. Desde Homero, a Grécia é eloquente e se preocupa com a arte do bem falar. Falar bem era tão importante para o herói quanto combater bem era para o rei. Tanto que o próprio foi mentor de Alexandre, o Grande, que nunca perdeu uma batalha sequer e, mesmo enfrentando o exército mercenário de Dario, com sua eloqüência e sedução cativava seus soldados e liderados.

## Construção da imagem de si
Vamos traçar um paralelo com o mundo corporativo: como você cativa o seu time? [Como você se comunica](https://www.revistahsm.com.br/post/o-que-sua-empresa-esta-falando-por-ai) com os seus pares? Como você dá e recebe feedback?

A retórica aristotélica parte da premissa que são necessários três pilares para a construção de uma fala persuasiva: ethos (credibilidade do orador), pathos (emoção) e logos (razão). São esses os pontos que guiam desde entrevistas de emprego a descrições no LinkedIn e apresentações de projetos internos.

Pergunte-se: qual é o seu ethos? Como ele se alinha com o da empresa? Qual é a imagem de si que você faz? A construção de uma imagem de si, peça principal da máquina retórica, está fortemente ligada à enunciação. Todo ato de tomar a palavra implica a construção de uma imagem de si. Para tanto, é necessário que o locutor faça seu autorretrato e detalhe suas qualidades – nem mesmo que fale explicitamente de si. Seu estilo, suas competências linguísticas e enciclopédicas, suas crenças implícitas são suficientes para construir uma representação de sua pessoa. Assim, deliberadamente ou não, o locutor efetua em seu discurso uma imagem de si.

## Posso te dar um feedback?
Quando essa construção chega ao ambiente corporativo, a [comunicação não-violenta (CNV)](https://www.revistahsm.com.br/post/comunicacao-nao-violenta-e-trabalho-remoto) aplicada a este ambiente pode nos orientar. É como que, quando abordados sobre o tema nas organizações, ficamos apreensivos e tensos com o que está por vir.

Contudo, é importante lembrar que muito do [feedback tem a ver com a percepção do outro](https://www.revistahsm.com.br/post/feedback-no-ambiente-de-trabalho-dicas-de-como-deixa-lo-mais-eficiente) sobre um fato e a narrativa estabelecida. Às vezes, a gente acha que está com raiva e diz: “eu fui humilhada, estou sobrecarregada, fui excluída desse projeto”. Mas, muitas vezes, isso não passa de uma narrativa em nossa cabeça.

O processo de comunicação contribui decisivamente para a construção do poder no equilíbrio, no desenvolvimento e na expansão das empresas e das instituições. Este processo permite a integração e, por conseguinte, a disposição ordenada das partes de uma organização.

Um dos aspectos relacionados à comunicação é a tentativa de compreender e de se fazer compreendido de modo aprazível. Assim sendo, uma das exigências básicas do processo é o relacionamento com o outro, e este elemento pode afetar o clima em um ambiente de trabalho.

O feedback, principalmente quando realizado no ambiente corporativo, deve ser organizado a partir das concepções da comunicação não-violenta. Feedback bom é feedback que termina com ponto de interrogação, e não com ponto final.

## Por uma comunicação não-violenta
A CNV, criada pelo psicólogo Rosenberg, se fundamenta em habilidades de linguagem e de comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas. Trata-se de uma filosofia aplicada à linguagem, a qual convida as pessoas a extinguirem de suas falas tudo o que o autor designa como “comunicação alienante da vida”.

O psicólogo entende que, as relações humanas, familiares ou profissionais, podem melhorar substancialmente. Sua teoria é afiançada por vários estudiosos e líderes mundiais, dentre eles Gandhi, o qual afirma que “se mudarmos a nós mesmos, poderemos mudar o mundo, e essa [mudança começará por nossa linguagem](https://www.revistahsm.com.br/post/feedback-sim-por-favor) e nossos métodos de comunicação”.

A filosofia compreende basicamente quatro componentes que se iniciam com a observação do que afeta nosso bem-estar e, consecutivamente, a identificação de como nos sentimos, o reconhecimento daquilo que gera nossos sentimentos e, por fim, as ações concretas que pedimos para colaborar, positivamente, com a nossa vida.

Então, em vez de falar: “poxa, fiquei esperando o seu retorno sobre o relatório, mas como você não falou nada, tive que mandar assim mesmo para a diretoria”, você pode dizer: “eu fico mais seguro quando você olha os relatórios antes. Para mim seria importante se pudesse analisá-los antes que eu encaminhasse para a diretoria”. Simples assim.

Da mesma forma, em uma [situação de responsabilidade sobre um projeto](https://www.mitsloanreview.com.br/post/descubra-por-que-sua-equipe-nao-consegue-colaborar): “você me entrega essas atividades sempre em cima da hora. Você estragou esse projeto”. Que tal dizer: “não consigo trabalhar com entregas em cima do prazo, gostaria de ter ao menos um dia para checagem e ajustes finais. Você poderia me entregar um dia antes?”.

Por fim, sobre pedidos claros e específicos, em vez de falar “gostaria que você confiasse mais em mim”, você pode dizer: “eu gostaria de ter a oportunidade de liderar sozinho, pela primeira vez, o projeto”.

Tais componentes permitem conhecer uma série de distinções precisas, tais como o [modo de comunicação](https://www.revistahsm.com.br/post/empresas-adoecem-comunicacao-cura) utilizado nas relações que levam a confrontos com o outro e ao início de ciclos de emoções dolorosas, e oferecem alternativas aos embates motivados por raiva, punição, vergonha e culpa. A CNV inspira uma ação compassiva, sincera e solidária, por meio de uma dinâmica cooperativa de comunicação, sem utilizar uma linguagem agressiva. Com o uso da retórica aristotélica e da comunicação não-violenta você pode consolidar uma carreira empática, humana, influente e protagonista no ambiente corporativo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
26 de novembro de 2025
Parar para refletir e agir são forças complementares, não conflitantes

Jose Augusto Moura - CEO da brsa

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança