“Conhece a ti mesmo”, disse o filósofo grego Sócrates há mais de 2 mil anos. O insight milenar é mais válido do que nunca, neste mundo que nos oferece tantas opções. Sabendo de onde você parte e para onde deseja ir, construir o caminho é simples – basta planejar. É a partir dessa premissa que Ingo Rauth, pesquisador com pós-doutorado na Rotman School of Management, no Canadá, e professor adjunto na IE Business School na Espanha, estruturou seu curso “Planeje sua vida”. Ele estuda como fomentar a inovação em grandes organizações usando a ciência do planejamento e do comportamento.
“Se você parar para pensar, todo trabalho é um padrão preconcebido ao qual tentamos associar alguém. Se imaginarmos que tudo foi criado por humanos, fica claro que todo trabalho ou papel foi estruturado de determinada maneira – logo, pode ser reestruturado. Aceitando isso, passa a ser sua responsabilidade dar passos para criar proativamente a realidade na qual quer viver”, explica em entrevista à Rotman Magazine.
O curso de Rauth tem uma abordagem holística, ampliando a ideia de vida para além do local de trabalho. “Para reestruturar uma parte fundamental de sua vida, você precisa entender quem realmente é, o que valoriza, quais são suas motivações. Então, se seu trabalho é o foco, pode começar questionando os perfis de trabalho que estão por aí, e então usar a criatividade para reestruturá-los para que se encaixem em seu futuro perfil”, afirma.
Um dos temas abordados no curso é a inovação, mas para ele as pessoas ainda precisam se alfabetizar nessa matéria. “Alfabetizar-se em inovação é usar o conhecimento e a competência na área para trazer algo novo e útil à existência, um conjunto de habilidades que podem nos beneficiar em todos os aspectos da vida”, diz. Ninguém faz isso sozinho, porém. É preciso colaborar para obter feedback e dimensionar o que foi criado, e então levar a um público maior. “Para mim, a alfabetização em inovação é entender seu papel e como colaborar com os outros para fazer as coisas acontecerem para si e para os outros”.
Rauth procura estimular os alunos a buscar satisfação de longo prazo, o que está longe da ideia de “vida prazerosa”. “Grande parte da nossa vida atual é construída em torno do prazer e do entretenimento. Os games são desenvolvidos para dar aos jogadores breves descargas de satisfação. Mas isso não nos preenche no longo prazo. Por exemplo, pesquisas demonstram que atividades em que seu ‘fluxo’ de experiência é estimulado realmente fazem você se sentir mais satisfeito. Quando isso acontece, há uma ausência do ‘querer’: você apenas se entrega à atividade. Em comparação a curtas descargas de dopamina, é algo muito melhor a perseguir, pois tende a ocorrer apenas quando se realiza algo significativo. Esse é o propósito do nosso curso.”
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