Business content, Gestão de pessoas

Como desenvolver a cultura do cuidado e bem-estar na sua organização

A RD Raia Drogasil é exemplo de como cuidar da saúde e do bem-estar dos colaboradores, considerando suas necessidades individuais e focando no desenvolvimento profissional desde a base
Larissa Pessi é colaboradora de HSM Management.

Compartilhar:

A preocupação com a saúde nunca esteve tão em alta. Nessa toada, entra o cuidado com o ser humano por completo – dos aspectos físicos aos emocionais. E o próprio ambiente de trabalho pode ser usado para prevenir prejuízos ao bem-estar, o que acaba por refletir na capacidade de atrair e [reter talentos](https://www.revistahsm.com.br/post/experiencia-do-colaborador-responsabilidade-do-rh-ou-da-lideranca), além de diminuir os custos e aumentar a lucratividade. A transformação precisa ser profunda e mexer com a cultura organizacional, inclusive envolvendo o treinamento de lideranças.

Como uma empresa que tem o cuidado com a saúde das pessoas um dos pilares de sua cultura organizacional, a Raia Drogasil vem implementando iniciativas de promoção da saúde e bem-estar entre seus mais de 47 mil funcionários distribuídos pelo Brasil. A estratégia é, inclusive, uma maneira de alinhar discurso e prática, segundo Vitor Bertoncini, diretor executivo de marketing da empresa. “Esse é um caminho que as marcas estão tendo que fazer com muita dor, porque se posicionavam de uma maneira diferente da que viviam. Agora, essa dicotomia está ficando muito clara e gerando desconfiança nos consumidores”, diz Bertoncini.

O walk the talk, conceito criado pela especialista em cultura organizacional britânica, Carolyn Taylor, que prega a coerência entre o que a organização diz e o que ela executa, é algo essencial para que as iniciativas tenham credibilidade junto aos stakeholders.

Lideranças da RD compartilharam com __HSM Management__ detalhes sobre as iniciativas da empresa, que servem de exemplo para companhias que desejam dar início ou evoluir na consolidação de uma cultura de cuidado com as pessoas. Confira:

## Mapeamento das necessidades dos colaboradores

O ponto de partida de qualquer programa deve ser um bom diagnóstico. Esta foi a base para a construção do programa de saúde integral, nomeado de Minha Melhor Versão. A empresa mapeou os dados de saúde de seus funcionários com o auxílio de uma plataforma própria, o que permitiu chegar a um diagnóstico bem estruturado e otimizar o processo de tomada de decisão.

A estratégia possibilitou personalizar a jornada de saúde e cuidar das pessoas integralmente, em seus aspectos físicos, [emocionais](https://www.revistahsm.com.br/post/saude-emocional-beneficios-flexiveis-gestao-humana-caminhos-para-implementar), sociais, espirituais e ambientais, o que eles chamam de saúde integral. O resultado foi a definição de iniciativas bem diversificadas, capazes de atender demandas individuais.

“Nós encontramos espaço para abordar necessidades básicas, como a realização de exames preventivos, não só para mulheres, mas para homens também e até grávidas que não estavam cuidando da saúde”, conta Fernanda Caracciolo, diretora de gente e cultura da Raia Drogasil. O mapeamento também serve para acompanhar a evolução dos colaboradores, indicando se uma iniciativa está caminhando no sentido certo e tendo adesão das equipes.

Segundo a executiva, em 2021 o foco da RD foi reduzir os fatores de risco entre os colaboradores, bem como os afastamentos por saúde (especialmente por motivos emocionais). Além disso, o Minha Melhor Versão buscou incluir colaboradores com doenças crônicas em iniciativas de saúde para ajudá-los a ter uma melhor qualidade de vida e até saírem do estado de cronicidade.

## Foco na comunicação e no engajamento

Todo processo de transformação cultural envolve um esforço significativo de comunicação para garantir o alinhamento de todos os envolvidos e os bons resultados. Implementar um programa de cuidados com a saúde também passa por comunicar as estratégias que fazem parte dela para as pessoas envolvidas. A tática contribui para gerar engajamento nas iniciativas e alcançar os resultados esperados.

Para isso, a RD utiliza uma rede social interna de comunicação entre a empresa e as pessoas e entre os colaboradores. “Hoje, temos mais de 16 mil membros participando da comunidade do programa Minha Melhor Versão, um grupo super animado que realmente traz as suas experiências e conquistas”, celebra Caracciolo.

A plataforma também serve como meio de conexão entre as pessoas – uma maneira de aproximar colegas de trabalho que atuam distantes geograficamente, mas compartilham de projetos e interesses, sejam eles profissionais ou pessoais. De acordo com dados da companhia, que utiliza a rede social Workplace, da Meta, 76% dos funcionários se mantêm ativos mensalmente na plataforma. Destes, 17 mil são considerados engajados, ou seja, que acessam a rede social em pelo menos 10 dias por mês. Tais números fazem com que a RD seja a quarta maior empresa da América Latina a utilizar a plataforma, em número de usuários.

Encontrar ferramentas que permitam a troca de experiências e conhecimentos que mais se adequem ao contexto e cultura da organização é essencial para a fluidez da comunicação e o engajamento dos colaboradores. Promover o compartilhamento de conteúdos exclusivos pela rede social e investir em formatos de publicações que incentivem a interação são boas práticas adotadas pelas empresas que implementam tal ferramenta.

## Desenvolvimento da liderança

Construir uma cultura do cuidado e garantir o bem-estar dos colaboradores demanda o [desenvolvimento das lideranças](https://www.revistahsm.com.br/post/lideres-desempenham-fator-de-protecao-a-saude-mental-dos-colaboradores) e de habilidades como gestão de pessoas e empatia. A Raia Drogasil faz isso por meio de uma série de iniciativas, tais como a Universidade RD, uma plataforma de educação corporativa que foi estendida para formação dos familiares, e do [Programa Trilhar](https://rd.com.br/trabalhe-conosco/como-desenvolvemos-as-pessoas/), focado em apoiar funcionários na construção de planos de carreira. Todos os 2.600 gerentes de farmácias das redes Raia e Drogasil foram formados a partir deste programa, contratados inicialmente como atendentes ou farmacêuticos.

As iniciativas buscam promover o crescimento profissional em lojas e centros de distribuição desde a base até os níveis mais altos da operação. “Não só porque o colaborador conhece os nossos processos e o mercado farmacêutico, mas porque ele é o nosso grande embaixador de cultura”, explica Marcílio Pousada, CEO da RD.

O cuidado da liderança com os colaboradores estende-se ao âmbito pessoal, em iniciativas que visam o bem-estar das pessoas em sua integralidade. A empresa conta com uma jornada de parentalidade, criada após a constatação de que um percentual significativo de mulheres não retornava ao trabalho após a licença-maternidade. “Nós entendemos que era preciso dar apoio desde o primeiro momento da gestação e capacitar não só ela, mas o líder, a área em que ela atua e as famílias”, explica Caracciolo.

Estas iniciativas, e outras, resultam em um volume anual de treinamentos que ultrapassa quatro milhões de horas em formações, seja nos formatos on the job, ensino à distância ou presencial. Com a capacitação dos colaboradores surgem novas oportunidades de desenvolvimento e reconhecimento. Em 2021, a empresa promoveu 8600 colaboradores, dentre os quais 14 novos gerentes regionais e quatro novos diretores foram promovidos, tendo construído uma sólida trajetória de carreira na operação.

Para se aprofundar em como é possível adequar a cultura organizacional para proporcionar bem-estar aos colaboradores, escute o podcast __[Fome de Cultura](https://www.revistahsm.com.br/podcasts/fomedecultura-o-que-caracteriza-essa-cultura)__, uma co-produção de __HSM Management__ e Raia Drogasil. Os episódios abordam como os modelos culturais impactam o dia a dia das empresas e a sua competitividade de mercado, além de tratarem dos desafios para implementar as iniciativas.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A ilusão que alimenta a disrupção

Em um ambiente onde o amanhã já parece ultrapassado, o evento celebra a disrupção e a inovação, conectando ideias transformadoras a um público global. Abraçar a mudança e aprender com ela se torna mais do que uma estratégia: é a única forma de prosperar no ritmo acelerado do mercado atual.

De olho

Liderança, ética e o poder do exemplo: o caso Hunter Biden

Este caso reflete a complexidade de equilibrar interesses pessoais e responsabilidades públicas, tema crucial tanto para líderes políticos quanto corporativos. Ações como essa podem influenciar percepções de confiança e coerência, destacando a importância da consistência entre valores e decisões. Líderes eficazes devem criar um legado baseado na transparência e em práticas que inspirem equipes e reforcem a credibilidade institucional.

Passa conhecimento

Incluir intencionalmente ou excluir consequentemente?

A estreia da coluna “Papo Diverso”, este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do “Dia da Pessoa com Deficiência”, um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Empreendedorismo, ESG
01/01/2001
A maior parte do empreendedorismo brasileiro é feito por mulheres pretas e, mesmo assim, o crédito é majoritariamente dado às empresárias brancas. A que se deve essa diferença?
0 min de leitura
ESG, ESG, Diversidade
09/10/2050
Essa semana assistimos (atônitos!) a um CEO de uma empresa de educação postar, publicamente, sua visão sobre as mulheres.

Ana Flavia Martins

2 min de leitura
ESG
Em um mundo onde o lucro não pode mais ser o único objetivo, o Capitalismo Consciente surge como alternativa essencial para equilibrar pessoas, planeta e resultados financeiros.

Anna Luísa Beserra

3 min de leitura
Inteligência Artificial
Marcelo Murilo
Com a saturação de dados na internet e o risco de treinar IAs com informações recicladas, o verdadeiro potencial da inteligência artificial está nos dados internos das empresas. Ao explorar seus próprios registros, as organizações podem gerar insights exclusivos, otimizar operações e criar uma vantagem competitiva sólida.
13 min de leitura
Estratégia e Execução, Gestão de Pessoas
As pesquisas mostram que o capital humano deve ser priorizado para fomentar a criatividade e a inovação – mas por que ainda não incentivamos isso no dia a dia das empresas?
3 min de leitura
Transformação Digital
A complexidade nas organizações está aumentando cada vez mais e integrar diferentes sistemas se torna uma das principais dores para as grandes empresas.

Paulo Veloso

0 min de leitura
ESG, Liderança
Tati Carrelli
3 min de leitura