Uncategorized

Como empreender sem dinheiro

Bruno Perin diz, em livro, que as habilidades valem mais do que o capital e precisam ser alavancadas pelo empreendedor

Compartilhar:

Em 2012, o empreendedor e escritor Chris Guillenbeau lançou o assunto nos Estados Unidos. Ele fez uma coletânea de casos reais de microempreendedores de seu país que conseguiram realizar o sonho do negócio próprio com menos de US$ 1 mil de capital inicial, até US$ 100 em alguns casos – o livro foi publicado no Brasil como A _startup de $100: abra o negócio dos seus sonhos e reinvente sua forma de ganhar a vida_. Agora, é a vez de o empreendedor Bruno Perin fazer isso em _Sem dinheiro: como construir uma startup com pouca grana._

As duas obras têm como premissa os empreendedores esticadores, que conseguem fazer muito com pouco graças a uma mentalidade elástica, como prega um terceiro livro, _O poder do menos_, de Scott Sonenshein. O argumento é que hoje ficou mais fácil ser um esticador, graças às ferramentas tecnológicas disponíveis. Nos Estados Unidos de Guillenbeau e Sonenshein, dá para montar uma nova empresa em menos de um mês e fazê-la alcançar muitos clientes usando a internet – sobretudo se forem microempreendimentos com faturamento de até US$ 50 mil por ano e não mais do que cinco funcionários, como os descritos por Guillenbeau. No Brasil de Perin, abrir uma empresa costuma levar mais de cem dias, mas os empreendedores também podem alcançar muito mais clientes com a internet. 

Perin foca startups, negócios que envolvem tecnologia e que precisam de um pouco mais de capital do que uma empresa de cuidados com cachorros, por exemplo. Sua tese é que o empreendedor deve reunir habilidades mais valiosas do que o capital, porque, assim, o dinheiro virá naturalmente. E tudo começa por ele entender que “empreendedorismo é continuidade”, ou seja, a parte realmente empreendedora de empreender é ajustar o negócio nascente a seu mercado, assunto sem novidades para quem está familiarizado com os conceitos de lean startup e produto mínimo viável (MVP, na sigla em inglês). Os ajustes mais frequentes são listados no livro: a característica diferenciadora do produto ou serviço, o modelo de receita, a plataforma, o canal de comunicação, a eficácia na solução dos problemas dos clientes. 

O interessante é que Perin chama a atenção para a importante habilidade de reter clientes (“nenhum futuro cliente é mais importante do que quem já é cliente”, escreve) e para a boa gestão das finanças (segundo ele, os empreendedores brasileiros lamentavelmente costumam “fechar os olhos e rezar” nas questões financeiras). O próprio Perin, aliás, retém clientes na medida em que vários trechos do livro funcionam como teasers para um segundo negócio seu (um curso online de mais de dez horas de conteúdo) e, ao criar uma nova fonte de receitas com recursos escaláveis, está praticando a boa gestão financeira. 

Na visão do autor de _Sem dinheiro_, sempre que houver disposição de adaptar produtos ou serviços ao mercado, habilidade de reter clientes e boa gestão das finanças, o dinheiro próprio é dispensável, porque as portas do capital vão se abrir. Perin oferece, inclusive, uma lista de onde obter recursos no Brasil.

Compartilhar:

Artigos relacionados

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Liderança
Ao promover autonomia e resultados, líderes se fortalecem, reduzindo estresse e superando o paternalismo para desenvolver equipes mais alinhadas, realizadas e eficazes.

Rubens Pimentel

3 min de leitura
Empreendedorismo, Diversidade, Uncategorized
A entrega do Communiqué pelo W20 destaca o compromisso global com a igualdade de gênero, enfatizando a valorização e o fortalecimento da Economia do Cuidado para promover uma sociedade mais justa e produtiva para as mulheres em todo o mundo

Ana Fontes

3 min de leitura
Diversidade
No ambiente corporativo atual, integrar diferentes gerações dentro de uma organização pode ser o diferencial estratégico que define o sucesso. A diversidade de experiências, perspectivas e habilidades entre gerações não apenas enriquece a cultura organizacional, mas também impulsiona inovação e crescimento sustentável.

Marcelo Murilo

21 min de leitura
Finanças
Casos de fraude contábil na Enron e Americanas S.A. revelam falhas em governança corporativa e controles internos, destacando a importância de transparência e auditorias eficazes para a integridade empresarial

Marco Milani

3 min de leitura
Liderança
Valorizar o bem-estar e a saúde emocional dos colaboradores é essencial para um ambiente de trabalho saudável e para impulsionar resultados sólidos, com lideranças empáticas e conectadas sendo fundamentais para o crescimento sustentável das empresas.

Ana Letícia Caressato

6 min de leitura
Empreendedorismo
A agência dos agentes em sistemas complexos atua como força motriz na transformação organizacional, conectando indivíduos, tecnologias e ambientes em arranjos dinâmicos que moldam as interações sociais e catalisam mudanças de forma inovadora e colaborativa.

Manoel Pimentel

3 min de leitura
Liderança
Ascender ao C-level exige mais que habilidades técnicas: é preciso visão estratégica, resiliência, uma rede de relacionamentos sólida e comunicação eficaz para inspirar equipes e enfrentar os desafios de liderança com sucesso.

Claudia Elisa Soares

6 min de leitura
Diversidade, ESG
Enquanto a diversidade se torna uma vantagem competitiva, o reexame das políticas de DEI pelas corporações reflete tanto desafios econômicos quanto uma busca por práticas mais autênticas e eficazes

Darcio Zarpellon

8 min de leitura
Liderança
E se o verdadeiro poder da sua equipe só aparecer quando o líder estiver fora do jogo?

Lilian Cruz

3 min de leitura
ESG
Cada vez mais palavras de ordem, imperativos e até descontrole tomam contam do dia-dia. Nesse costume, poucos silêncios são entendidos como necessários e são até mal vistos. Mas, se todos falam, no fim, quem é que está escutando?

Renata Schiavone

4 min de leitura