Sustentabilidade

Como líder, a quem você serve?

Pesquisadores da Florida International University encontraram seis mindsets de liderança, conforme a orientação de seu serviço. Descubra o seu e o das pessoas com quem você trabalha – e faça ajustes.

Compartilhar:

Cada líder tem seu próprio estilo, que, em geral, é multifacetado e está sempre em evolução. Porém, na avaliação dos pesquisadores Modesto Maidique e Nathan J. Hiller, da Florida International University (FIU), um dos aspectos mais relevantes do exercício da liderança é a definição de a quem (ou a que) ela serve.

Nos últimos anos, os dois acadêmicos se dedicaram a entrevistar líderes de mais de 80 organizações, de diversos setores de atividade. Com base nesse levantamento, identificaram seis mindsets, cada um deles representando um conjunto de pressupostos e crenças sobre a natureza e o propósito da liderança.

Eles ressaltam que raramente um líder apresenta apenas um modo de pensar e exercer a liderança. Em geral, o gestor pratica uma combinação de abordagens, ainda que uma ou outra seja predominante em diferentes momentos de sua trajetória. O estudo de Maidique e Hiller aponta quais as mentalidades predominantes nos líderes mais influentes e estratégicos para os negócios, aqueles que estão à frente de equipes inovadoras e geram mais valor para as empresas. Em geral, estes combinam três mindsets – gerador, construtor e transcendental –  e têm menor proporção os pensamentos egoísta, camaleão e sociopata. Conheça em detalhe os seis mindsets.

**SOCIOPATA:** Não servem a ninguém nem a nada; são pessoas que se preocupam apenas consigo mesmas. Os pesquisadores não usam o termo do ponto de vista médico, mas admitem que esse mindset costuma estar associado a personalidades antissociais – em que se destacam, por exemplo, a falta de empatia em relação ao sofrimento físico e emocional dos outros. Muita gente já teve de trabalhar com gestores assim, que ignoram os problemas de sua equipe e que usam os outros para conseguir o que querem. É dessa maneira que obtêm resultados de curto prazo e até promoções.

**GERADOR:** Lideranças com esse perfil são guiadas por objetivos e, por isso mesmo, ajudam as pessoas a executar a estratégia de forma consistente e, muitas vezes, até sem falhas. Costumam superar metas, entregar projetos de envergadura e gerar lucros significativos, o que frequentemente as tornam estrelas em suas empresas. No entanto, com a fixação em alcançar as metas, esses líderes às vezes correm o risco de perder a percepção sobre a missão mais ampla. Trabalham duro, mas com frequência carecem de sabedoria e de uma perspectiva de longo prazo.

**EGOÍSTA:** Líderes com perfil predominantemente egoísta são motivados pela busca de riqueza, poder e posição social. Podem até mesmo fazer a empresa crescer e ser lucrativa, mas apenas enquanto isso estiver alinhado com seus interesses. A ambição e o individualismo deles podem ajudá-los a avançar na carreira, mas geralmente têm dificuldade em formar boas equipes. Em determinadas circunstâncias, são úteis às empresas – se tiverem objetivos claramente definidos e monitoramento cuidadoso que alinhem as metas corporativas com seus objetivos individuais.

**CAMALEÃO:** Os donos desse perfil possuem extrema capacidade de adaptação. Conseguem isso com uma combinação de baixa autoestima e forte necessidade de aprovação pelos outros – em contrapartida, muitas vezes lhes falta a coragem para tomar decisões difíceis. Embora raramente alcancem a presidência da empresa, tendem a subir na organização agradando pessoas no poder. Esses gestores contribuem para fazer avançar iniciativas estratégicas para a empresa, mas têm dificuldade em lidar com interesses opostos e em levantar questões desafiadoras. Além disso, como não agem por convicção, não costumam ser seguidos nas batalhas cotidianas.

**CONSTRUTOR:** A mentalidade de construtor leva esses líderes a promover o bem comum, no melhor interesse de sua organização. Ainda que possam agir de acordo com seus próprios interesses algumas vezes, o foco primordial deles é o desenvolvimento da instituição. É possível encontrar gestores com esse perfil em várias funções e níveis hierárquicos. Para pegar um exemplo, a mentalidade de construtor costuma estar por trás da elaboração de uma clara visão departamental que muitos querem seguir.

**TRANSCENDENTAL:** Líderes “transcendentais” possuem uma mentalidade ainda mais abrangente. Buscam maximizar o valor para diversos stakeholders, dentro e fora de sua empresa. Servem a sociedade de maneira geral. É claro que lideranças de negócios não podem ignorar os indicadores tradicionais de sucesso. Mas lhes é possível também, com uma mentalidade transcendente, lançar um olhar que vai além dos lucros e do valor para o acionista. Ao mesmo tempo, porém, esse tipo de gestor corre o risco estimular a mudança nos momentos errados, ameaçando metas de curto prazo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Semana Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades para a agenda de sustentabilidade

Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Tecnologia, mãe do autoetarismo

Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

ESG
Mais que cumprir cotas, o desafio em 2025 é combater o capacitismo e criar trajetórias reais de carreira para pessoas com deficiência – apenas 0,1% ocupam cargos de liderança, enquanto 63% nunca foram promovidos, revelando a urgência de ações estratégicas além da contratação

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O SXSW revelou o maior erro na discussão sobre IA: focar nos grãos de poeira (medos e detalhes técnicos) em vez do horizonte (humanização e estratégia integrada). O futuro exige telescópios, não lupas – empresas que enxergarem a IA como amplificadora (não substituta) da experiência humana liderarão a disrupção

Fernanda Nascimento

5 min de leitura
Liderança
Liderar é mais do que inspirar pelo exemplo: é sobre comunicação clara, decisões assertivas e desenvolvimento de talentos para construir equipes produtivas e alinhada

Rubens Pimentel

4 min de leitura
ESG
A saúde mental no ambiente corporativo é essencial para a produtividade e o bem-estar dos colaboradores, exigindo ações como conscientização, apoio psicológico e promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.

Nayara Teixeira

7 min de leitura
Empreendedorismo
Selecionar startups vai além do pitch: maturidade, fit com o hub e impacto ESG são critérios-chave para construir ecossistemas de inovação que gerem valor real

Guilherme Lopes e Sofia Szenczi

9 min de leitura
Empreendedorismo
Processos Inteligentes impulsionam eficiência, inovação e crescimento sustentável; descubra como empresas podem liderar na era da hiperautomação.

Tiago Amor

6 min de leitura
Empreendedorismo
Esse ponto sensível não atinge somente grandes corporações; com o surgimento de novas ferramentas de tecnologias, a falta de profissionais qualificados e preparados alcança também as pequenas e médias empresas, ou seja, o ecossistema de empreendedorismo no país

Hilton Menezes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial Generativa (GenAI) redefine a experiência do cliente ao unir personalização em escala e empatia, transformando interações operacionais em conexões estratégicas, enquanto equilibra inovação, conformidade regulatória e humanização para gerar valor duradouro

Carla Melhado

5 min de leitura
Uncategorized
A inovação vai além das ideias: exige criatividade, execução disciplinada e captação de recursos. Com métodos estruturados, parcerias estratégicas e projetos bem elaborados, é possível transformar visões em impactos reais.

Eline Casasola

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A IA é um espelho da humanidade: reflete nossos avanços, mas também nossos vieses e falhas. Enquanto otimiza processos, expõe dilemas éticos profundos, exigindo transparência, educação e responsabilidade para que a tecnologia sirva à sociedade, e não a domine.

Átila Persici

9 min de leitura