Há anos que eu preparo as pessoas para fazerem apresentações de produto, de negócio, palestras e até mesmo para as famosas TEDx talks. Algo que me chama a atenção é que a maioria das pessoas acham que já sabem o que vão falar, e isso pode até ser verdade, mas mais do que o quê, tem o como. Precisamos nos preparar – ou as histórias ficam sem começo, meio e fim. Muitas vezes, o que era para estar no final está no começo, outras vezes falam coisas que não se deveria falar, não por censura, mas porque não são relevantes.
Com certeza, você já foi em alguma palestra em que, no final, não sabia dizer qual era a ideia principal, não? Quando as pessoas não se preparam, ficamos com a sensação de que faltou alguma coisa ou dois dias depois já não sabemos dizer sobre o que é mesmo que aquela pessoa falou. Posso apostar que elas também ficam pensando: “Eu deveria ter dito isso e não aquilo”.
## Mas e como se preparar? Como começar?
Já são 11 anos preparando pessoas, e uma das formas que vi que poderia ajudar foi criando um canvas, que apresento abaixo.
![Canva Apresentações ana Goelzer](//images.contentful.com/ucp6tw9r5u7d/6x4qusBlHR0rirH6ZQaNOs/389cc44c7193172228e3eab8c0afa9b5/Canva_Apresenta____es_ana_Goelzer.png)
## Qual a ideia/ponto de vista? Que visão você quer compartilhar?
A primeira ação é definir qual a ideia, o ponto de vista que você quer passar. Muitas vezes focamos no resultado que a ideia trará ou no que nos levou até ela, e não na ideia em si.
Aqui é hora de fazer muitas perguntas: É uma ideia importante? Está clara? E se alguém pedisse para você tuitar a sua ideia ou ponto de vista, como seria? Tente colocar isso em 140 caracteres – mais do que um desafio, é também para ajudar você a eleger o que é mais importante.
Feito isso, imagine quais são as ideias secundárias que são importantes para embasar a sua ideia principal, ponto de vista ou visão.
## Que ideias secundárias são importantes para embasar a ideia principal ou ponto de vista?
É comum querermos falar sobre muitas coisas, mas é preciso foco e discernimento para escolher as ideias secundárias. São elas que ajudam a sustentar a ideia principal.
Imagine um peixe: a espinha dorsal é a sua ideia principal, a linha mestra, e as espinhas são as ideias secundárias. Elas nunca são maiores do que a ideia principal. Aliás, este é um erro bem comum, falar algo muito mais importante do que a ideia principal. Em uma palestra de 10 minutos, costumo sugerir que não se tenha mais do que 3 ideias secundárias.
Depois que você decidiu quais são as ideias secundárias, você também tem que pensar naquilo que você não pode deixar de mencionar.
## O que você não pode deixar de mencionar?
É claro que tem que ser pertinente àquilo que você está falando. Vale dizer que, muito mais do que ideias, são exemplos, histórias que são importantes para que as pessoas saibam. É nesta hora que você pode separar as histórias, dar exemplos. E lembre-se: dê nomes, detalhes, não chame de clientes ou persona ou usuário, as pessoas precisam se conectar com você, e uma boa história ou um exemplo muito bom fazem isso.
## Que dados e fontes serão apresentados?
Coloquei no canvas dados e fontes porque é bem comum termos dados para apresentar para que eles corroborem com a ideia principal, mas a questão é que muita gente copia da internet ou não coloca a fonte. Os dados precisam ser verificados na fonte. Isto também acontece com imagens e citações. É preciso conferir se foi mesmo o autor “X” que fez tal citação, se a imagem não tem direito autoral.
## Argumentos contra e a favor
Sempre digo que é preciso saber o que outras pessoas estão pensando sobre determinado assunto, principalmente as que pensam diferente da gente. Isso nos dá repertório, entendimento e coloca tudo em perspectiva. Nesta hora também é importante estabelecer o que temos a nosso favor.
## Quem irá te ouvir?
Não esqueça de perguntar quem vai estar na plateia. Aqui vai uma dica: prefira usar uma linguagem simples, não simplória, que seja clara e objetiva. Evite jargões. Eu costumo dizer: imagine que uma criança precisa entender e ficar maravilhada. Seja simples!
## O que você imagina que as pessoas irão postar sobre a sua fala?
Essa pergunta pode mudar toda a forma como você escreveu, pois nos coloca para pensar sobre o resultado, sobre as emoções que iremos provocar. Muitas vezes imaginamos um determinado resultado, mas toda construção do texto está levando para a direção oposta. Como disse o empresário Eduardo Meira Peres, um dos primeiros a testar o Talk Canvas: “Ao responder à provocação sobre o que as pessoas iriam postar sobre minha fala, pude perceber o impacto que eu gostaria de causar, o que me fez revisar alguns pontos para conseguir passar esta mensagem”.
## Dicas extras
A escrita é superimportante, pois é por meio dela que conseguimos avaliar o peso que está sendo dado para cada ideia, se a linguagem está adequada, se a ordem está correta. Quando acabar de escrever, coloque o texto no Word e peça para ele ler para você, isso ajuda muito, você não imagina como. Leia em voz alta e sinta o texto. Se você não gosta de escrever, não tem problema, abra o Word, faça um ditado e depois leia.
## O tempo
É preciso usar o tempo de forma equilibrada. Introduções e conclusões não devem ter um tempo maior do que o desenvolvimento. E lembre-se: nada pode ser mais desrespeitoso com quem convidou e com a plateia do que ultrapassar o tempo que foi dado. Vale preparar sua fala com alguns minutos a menos, assim você terá um tempinho a mais, se precisar.
## Treine, treine, até ficar natural.
Texto feito, é preciso memorizar. Existem inúmeras técnicas para isso. E treinar muito, muito mesmo. Apresente para outras pessoas, escute os feedbacks e ajuste.
Espero que esta ferramenta ajude você na sua próxima palestra. Por favor, se usar, me conte como foi.
Ah, sobre o ppt: menos é mais!