Diversidade

Comunicação não violenta e trabalho remoto

A falha de comunicação é um dos maiores problemas enfrentados pelas organizações. Se presencialmente já era assim, imagina agora com muita gente trabalhando de casa? Em conversas com clientes, escutei que o trabalho remoto está prejudicando a comunicação, mas será mesmo que a culpa é do home office ou a gente já não se comunicava bem antes?
Facilitadora na Tribo, professora e palestrante especializada em Agilidade e Comunicação não violenta.

Compartilhar:

Em uma pesquisa realizada pela consultoria Holmes PR, foi concluído que as empresas perdem, em média, 62,4 milhões de dólares ao ano por causa de mal-entendidos entre funcionários – ou seja, podemos literalmente estar perdendo dinheiro por não dar a devida atenção a esse assunto.

Precisamos buscar espaços de aprendizado sobre comunicação no nosso cotidiano e parar de esperar que as coisas se resolvam sozinhas.

Portanto, espero que esse conteúdo te apoie tanto nesse momento delicado quanto nos dias que estão por chegar.

## O que é comunicação não violenta?

Definir comunicação não violenta (CNV) é sempre um desafio. Algumas pessoas se apegam aos 4 passos – Observação, Sentimentos, Necessidades e Pedidos –, outros chamam de técnicas, mas eu gosto de falar que é um conjunto de práticas que apoiam conversas em busca de mais conexão, empatia, vulnerabilidade e escuta ativa.

È preciso enfatizar que falar a partir da comunicação não violenta não quer dizer ser doce ou calmo o tempo inteiro. A CNV tem mais a ver com o nível de conexão com o qual falamos/ouvimos e com a abertura para compreender verdadeiramente as necessidades do outro.

## Como a violência se apresenta nas conversas?

Muitas vezes entendemos violência como algo físico, um grito ou uma palavra dura.

No entanto, é preciso perceber que existem violências implícitas em nosso cotidiano que são retroalimentadas pelo sistema que estamos inseridos. Quando temos apego à ideia de estarmos certos ou queremos vencer uma conversa, um conflito doloroso pode emergir, nos levando a um diálogo violento.

No quadro abaixo, apresento formas de violência implícitas em nossas conversas do cotidiano:

![violências implícitas nas nossas conversas](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/3DCxy1Ij72l8mVG7v1vTvI/2c233acad109542489820bba1332b67f/a1.JPG)

O que isso tem a ver com trabalho remoto?
##
Estamos com os sentimentos à flor da pele e é importante cuidarmos disso. Sentimentos são mensageiros de necessidades que queremos ver atendidas. Sendo assim, precisamos de atenção na nossa comunicação e de cuidados uns com os outros. Nesse contexto, a CNV pode nos apoiar de modo a nos ajudar a construir conexões em nossas conversas, mesmo com as câmeras ligadas ou ligações à distância.

## 5 dicas para o momento

### 1) Vulnerabilidade

Estamos vivendo um momento delicado e que pode alterar nossa disposição, comportamentos e sentimentos. Somos seres humanos e estamos expostos aos altos e baixos da pandemia e à situação política e econômica do nosso país. Por isso, mantenha-se aberto para as conversas do cotidiano. Caso não esteja bem, é melhor avisar seus amigos de trabalho e reorganizar a lógica de entregas do seu dia.

### 2) Intenção positiva

Todos estão buscando fazer o melhor que podem com aquilo que possuem. Acredite na intenção positiva das pessoas e interprete as falas da melhor maneira possível, sempre que puder.

### 3) Escuta ativa

Não tente adivinhar e nem guarde dúvidas para si. Ao menor sinal de confusão, faça um espelho do que entendeu e confirme seu entendimento.

### 4) Observação

Mantenha o olhar curioso sobre os acontecimentos próximos. Ao invés de tentar rotular ou julgar uma situação, verifique quais necessidade suas precisam ser atendidas dentro daquele contexto.

### 5) Pedidos verdadeiros

Quando precisar de algo, peça. Muitas vezes adiamos os pedidos por receio de parecer demonstração de fraqueza. Quanto mais específico é um pedido, mais chances temos de sermos atendidos. Ao fazer um pedido, verifique se verdadeiramente a outra parte tem condições de atendê-lo.

MInha sugestão é que a gente culpe menos o trabalho remoto e perceba que as falhas de comunicação já existiam. Porém, não priorizávamos o tema e as conversas eram adiadas. O primeiro passo para resolver um problema é assumir que ele existe.

Que tal reunir seu time e conversar abertamente sobre como os membros se sentem e que necessidades querem ver atendidas? Esse pode ser o primeiro passo para a evolução de um time engajado e produtivo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de novembro de 2025
A cultura de cocriação só se consolida quando líderes desapegam do comando-controle e constroem ambientes de confiança, autonomia e valorização da experiência - especialmente do talento sênior.

Juliana Ramalho - CEO da Talento Sênior

4 minutos min de leitura
Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura
ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025
Investir em bem-estar é estratégico - e mensurável. Com dados, indicadores e integração aos OKRs, empresas transformam cuidado com corpo e mente em performance, retenção e vantagem competitiva.

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)