Diversidade

Comunicação não violenta e trabalho remoto

A falha de comunicação é um dos maiores problemas enfrentados pelas organizações. Se presencialmente já era assim, imagina agora com muita gente trabalhando de casa? Em conversas com clientes, escutei que o trabalho remoto está prejudicando a comunicação, mas será mesmo que a culpa é do home office ou a gente já não se comunicava bem antes?

Maíra Blasi

Facilitadora na Tribo, professora e palestrante especializada em Agilidade e Comunicação não violenta....

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Em uma pesquisa realizada pela consultoria Holmes PR, foi concluído que as empresas perdem, em média, 62,4 milhões de dólares ao ano por causa de mal-entendidos entre funcionários – ou seja, podemos literalmente estar perdendo dinheiro por não dar a devida atenção a esse assunto.

Precisamos buscar espaços de aprendizado sobre comunicação no nosso cotidiano e parar de esperar que as coisas se resolvam sozinhas.

Portanto, espero que esse conteúdo te apoie tanto nesse momento delicado quanto nos dias que estão por chegar.

## O que é comunicação não violenta?

Definir comunicação não violenta (CNV) é sempre um desafio. Algumas pessoas se apegam aos 4 passos – Observação, Sentimentos, Necessidades e Pedidos –, outros chamam de técnicas, mas eu gosto de falar que é um conjunto de práticas que apoiam conversas em busca de mais conexão, empatia, vulnerabilidade e escuta ativa.

È preciso enfatizar que falar a partir da comunicação não violenta não quer dizer ser doce ou calmo o tempo inteiro. A CNV tem mais a ver com o nível de conexão com o qual falamos/ouvimos e com a abertura para compreender verdadeiramente as necessidades do outro.

## Como a violência se apresenta nas conversas?

Muitas vezes entendemos violência como algo físico, um grito ou uma palavra dura.

No entanto, é preciso perceber que existem violências implícitas em nosso cotidiano que são retroalimentadas pelo sistema que estamos inseridos. Quando temos apego à ideia de estarmos certos ou queremos vencer uma conversa, um conflito doloroso pode emergir, nos levando a um diálogo violento.

No quadro abaixo, apresento formas de violência implícitas em nossas conversas do cotidiano:

![violências implícitas nas nossas conversas](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/3DCxy1Ij72l8mVG7v1vTvI/2c233acad109542489820bba1332b67f/a1.JPG)

O que isso tem a ver com trabalho remoto?
##
Estamos com os sentimentos à flor da pele e é importante cuidarmos disso. Sentimentos são mensageiros de necessidades que queremos ver atendidas. Sendo assim, precisamos de atenção na nossa comunicação e de cuidados uns com os outros. Nesse contexto, a CNV pode nos apoiar de modo a nos ajudar a construir conexões em nossas conversas, mesmo com as câmeras ligadas ou ligações à distância.

## 5 dicas para o momento

### 1) Vulnerabilidade

Estamos vivendo um momento delicado e que pode alterar nossa disposição, comportamentos e sentimentos. Somos seres humanos e estamos expostos aos altos e baixos da pandemia e à situação política e econômica do nosso país. Por isso, mantenha-se aberto para as conversas do cotidiano. Caso não esteja bem, é melhor avisar seus amigos de trabalho e reorganizar a lógica de entregas do seu dia.

### 2) Intenção positiva

Todos estão buscando fazer o melhor que podem com aquilo que possuem. Acredite na intenção positiva das pessoas e interprete as falas da melhor maneira possível, sempre que puder.

### 3) Escuta ativa

Não tente adivinhar e nem guarde dúvidas para si. Ao menor sinal de confusão, faça um espelho do que entendeu e confirme seu entendimento.

### 4) Observação

Mantenha o olhar curioso sobre os acontecimentos próximos. Ao invés de tentar rotular ou julgar uma situação, verifique quais necessidade suas precisam ser atendidas dentro daquele contexto.

### 5) Pedidos verdadeiros

Quando precisar de algo, peça. Muitas vezes adiamos os pedidos por receio de parecer demonstração de fraqueza. Quanto mais específico é um pedido, mais chances temos de sermos atendidos. Ao fazer um pedido, verifique se verdadeiramente a outra parte tem condições de atendê-lo.

MInha sugestão é que a gente culpe menos o trabalho remoto e perceba que as falhas de comunicação já existiam. Porém, não priorizávamos o tema e as conversas eram adiadas. O primeiro passo para resolver um problema é assumir que ele existe.

Que tal reunir seu time e conversar abertamente sobre como os membros se sentem e que necessidades querem ver atendidas? Esse pode ser o primeiro passo para a evolução de um time engajado e produtivo.

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