A onça queria comer o gato no jantar e, para enganá-lo, pediu que o bichano ensinasse a ela suas acrobacias. O gato então mostrou todos os tipos de saltos: para frente, para o lado, os truques da cambalhota etc. Achando-se muito esperta, a onça aproveitou um momento de distração do gato, preparou o bote e… puft! Com um salto para trás, o gato escapuliu de suas garras. Ao reclamar do salto não ensina do, a onça escutou do bichano: “Você acha mesmo que vou ensinar meu pulo do gato? Se tivesse feito isso, agora já estaria morto!”
O pulo do gato é uma expressão de origem popular que significa uma ação em que o indivíduo se diferencia e ganha destaque. No mundo dos negócios, é aquele momento em que o empreendedor muda de patamar e cria seu próprio sucesso. Para isso, é preciso ir além, surpreender, ultrapassar limites e deixar um legado.
Há muitos motivos para alguém empreender. Desde razões práticas, como o fato de perder o emprego e precisar pagar as contas (o empreendedorismo por necessidade), ou a responsabilidade de assumir os negócios da família (herança), até questões como a descoberta de nicho de mercado atraente (o empreendedorismo por oportunidade) ou o desejo de fazer a diferença na vida das pessoas. Em mais de dez anos entrevistando empreendedores de todas as partes do País, compreendi que o motivo influi menos no sucesso do que os aspectos psicológicos e emocionais que envolvem a decisão de empreender. Na verdade, no mundo do empreendedorismo, a soma de seis soft skills constitui um pulo do gato similar ao da fábula da onça e do gato.
Estruturei a metodologia “O Pulo do Gato Empreendedor”, simples e intuitiva, para desenvolver tais habilidades, traçando a correspondência delas com partes do corpo humano. Empreender começa pelo **coração**
– APAIXONAR-SE –, que é aquela explosão que surge internamente e desperta na pessoa a vontade de realizar algo que faça sentido. Para continuar a empreender é preciso VISLUMBRAR, ou seja, dirigir os
**olhos** para o futuro e definir uma meta a alcançar ali. Depois, empreender requer **mãos** na massa, ou FAZER coisas para atingir tal meta. Em seguida, é necessário COMPARTILHAR, princípio representado por **boca** e **ouvidos**, que funcionam como antenas para o mundo externo. Como a jornada empreendedora é também feita de dificuldades e obstáculos, o verbo PERSISTIR entra em cena e o empreendedor precisa se manter com os dois **pés** no chão, enraizado em suas convicções, para não sucumbir na jornada. E, por fi m, a capacidade de TRANSFORMAR-SE surge do **cérebro**, da inteligência racional e emocional que, unidas, proporcionam ao empreendedor o equilíbrio necessário para transformar seu negócio e a si mesmo em algo de valor para a sociedade.
**PASSO 1: APAIXONE-SE (CORAÇÃO)**
É no coração que tudo começa. Descubra seus talentos, preferências e desejos e encontre aquilo que você faz melhor, com paixão e entusiasmo. Se o seu negócio estiver alinhado com seus valores é mais fácil que você persista, tenha determinação e propósito.
**PASSO 2: VISLUMBRE (OLHOS)**
Feita a primeira etapa, é hora de vislumbrar, antes de sair fazendo as coisas sem propósito. Primeiro imagine como quer estar daqui a 5 anos, pesquise o
mercado, procure problemas, veja o que as pessoas querem. Trabalhe a intersecção entre o que você faz de melhor e o que o mundo precisa. Crie sua visão de futuro.
**PASSO 3: FAÇA (MÃOS)**
Agora que você já trabalhou o autoconhecimento e vislumbrou uma oportunidade, é o momento de colocar em prática o seu projeto. Aquilo que conhecemos se provará em ação focada em resultados. É hora de fazer um planejamento realista, com metas, prazos e viabilidade. E, literalmente, colocar a mão na massa.
**PASSO 4: COMPARTILHE (BOCAS E OUVIDOS)**
No mundo de hoje, o segredo industrial e o sucesso solitário ficaram ultrapassados. Dedique-se a se conectar com as pessoas e fortalecer seus relacionamentos. Troque experiências e fale de seus projetos. Quanto maior a sua rede, maior é a probabilidade de encontrar parceiros, clientes e investidores que apoiem a realização de sua ideia.
**PASSO 5: PERSISTA (PÉS)**
A persistência é um princípio detectado desde os primeiros estudos sobre sucesso, e é desenvolvida quando o empreendedor passa por situações de adversidade. Mas, se você trabalhou cada um dos princípios anteriores, pode ter certeza de que saberá persistir.
**PASSO 6: TRANSFORME-SE (CÉREBRO)**
Entre na jornada empreendedora com a consciência de que você se transformará ao longo do trajeto. Como disse Steve Jobs em seu famoso discurso para formandos da Stanford University, só depois que tudo
passa é que ligamos os pontos e vemos que tudo fez sentido. O empreendedor se transforma continuamente e muda a realidade em torno de si.
**LIVRO APRESENTA O EMPREENDEDORISMO SOB VÁRIOS ÂNGULOS**
O livro _Empreendedorismo para leigos_, de Alice Salvo Sosnowski, integra uma coleção da editora Alta Books que trata temas do mundo dos negócios de maneira simples, didática e panorâmica. Inclui, por exemplo, um panorama de definições do que é um empreendedor:
EMPREENDEDOR É…
(Para Joseph Schumpeter) Aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.
(Para Robert D. Hisrish) Aquele que assume riscos e começa algo novo.
(Para Fernando Dolabela) Alguém que acredita que pode alterar o mundo. É protagonista e autor de si mesmo e, principalmente, da comunidade em que vive.
(Para Israel Kirzner) Aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente.
(Para José Dornelas) Alguém que tem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz; utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social e econômico onde vive; aceita assumir os riscos calculados e a possibilidade de fracassar.
(Para Peter Drucker) Alguém disposto a encontrar as oportunidades e fazer acontecer, lutando por seus objetivos, para colocar em prática as ideias, gerar valor, alavancar o negócio, além de se constituírem como essenciais ao mercado, na medida em que são considerados agentes de inovação e criatividade.
(Para Idalberto Chiavenato) A pessoa que inicia ou opera um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente.