Você certamente já ouviu falar em Santo Expedito, que, segundo a tradição católica, é a quem se deve recorrer em causas urgentes. O que talvez não saiba é que isso deve ao fato de que, ainda um militar romano, na Armênia, ele combateu a tentação de procrastinar em sua conversão ao cristianismo. O centurião venceu o diabo disfarçado de corvo, que repetia “amanhã, amanhã”, usando uma cruz em que escreveu “hoje”. Essa e outras histórias são contadas pelo jornalista e escritor Andrew Santella, que se reconhece também um procrastinador, no livro Soon: an overdue history of procrastination, from Leonardo and Darwin to you and me”.
Descobrimos ali que a procrastinação é um mal histórico, com representantes famosos, e que tem impacto negativo não só sobre o procrastinador. Também causa estragos no entorno. Como combatê-la? Em resenha sobre o livro, a s+b conta que os empresários italianos do Renascimento, quando o comércio começou a florescer, instalaram relógios nas torres das grandes cidades. Pioneiro na gestão científica, Frederick Taylor sugeriu remover trabalhadores mais lentos. Agora, temos um novo desafio nessa área: a economia gig, baseada em contratos de trabalho freelance e de curto prazo, normalizou a procrastinação, segundo Santella.
**O lado “positivo” da culpa
Pesquisa de Stanford mostra como esse inusitado fator de motivação pode funcionar**
Dois especialistas em comportamento organizacional fizeram uma descoberta surpreendente: a culpa por não atender às expectativas alheias pode ser um importante fator de motivação.
Rebecca Schaumberg, professora da Wharton School, e Francis Flynn, professor da escola de negócios da Stanford University, estudaram mais de 500 profissionais de diferentes setores de atividade, de call-centers a indústrias, analisaram os registros de frequência ao trabalho deles e perceberam que o sentimento de culpa pode reduzir o absenteísmo mais do que a satisfação com o trabalho feito. “Pessoas com culpa aparecem para trabalhar mesmo que não gostem tanto assim do emprego”, comenta Francis Flynn.
Os pesquisadores explicam que não se trata de culpa em relação a uma pessoa ou grupo particular. “É um sentimento generalizado de ficar aquém das expectativas”, explica Flynn.
Porém, o gestor não deve sair fazendo os funcionários se sentirem culpados por faltar ao trabalho. Isso pode ter efeito contrário. As pessoas não gostam que joguem a culpa em cima delas. É fundamental distinguir culpa, sentimento intrínseco a uma pessoa, e vergonha – emoção causada por algo externo – e que costuma levar a reações bastante negativas.