Estratégia e Execução

Construindo uma estratégia sólida de marca empregadora em quatro etapas

O objetivo é transmitir a essência da empresa para que as pessoas se identifiquem e escolham fazer parte da organização
Eliane Garcia Melgaço é VP de gente do grupo Algar

Compartilhar:

Com a alta competitividade no mercado de trabalho e as novas demandas dos profissionais desde o início da pandemia, vem ganhando cada vez mais relevância a necessidade de se diferenciar dos concorrentes para atrair e reter os melhores talentos. Entre as táticas adotadas, está a construção de uma sólida marca empregadora, o que envolve a definição estratégica de uma série de ações para gerar uma percepção positiva perante os talentos – atuais e potenciais.

O objetivo é ser e também saber se posicionar externamente como um bom lugar para se trabalhar, tornando-se uma referência. Para essa teoria se aplicar na prática, porém, é imprescindível entender quais são as fortalezas e os diferenciais em relação à concorrência, sempre de modo genuíno e transparente. Aqui, vale o que de fato a empresa é, não o que gostaria de ser.

## Faça um bom diagnóstico
A primeira etapa para obter essas respostas é realizar um bom diagnóstico para compreender quais são os pilares da empresa que atraem e fazem com que os colaboradores permaneçam nela. Isso passa por aspectos como solidez, clima, benefícios, plano de carreira e oportunidades de aprendizado.

Nessa pesquisa, é importante entender não somente os aspectos positivos, mas também as oportunidades de melhoria dos pontos que precisam ser ajustados. Essa é a hora de falar com funcionários de todos os níveis hierárquicos, até mesmo com aqueles que já deixaram a companhia. Isso é essencial, uma vez que só saberemos a real percepção sobre uma companhia e conseguiremos evoluir se estivermos abertos a ouvir com atenção as pessoas que estão ou já estiveram no dia a dia do negócio.

Essa abordagem pode ser realizada de formas distintas, como formulário online com questões quantitativas e qualitativas, por meio de grupos de discussão para falar sobre as experiências de cada um e também a partir de entrevistas individuais com líderes, conversas durante o desligamento de um profissional e com candidatos cadastrados no banco de talentos, para saber por que se interessaram pela posição. Quanto mais informações, melhor. Durante essas trocas, ter o suporte de uma consultoria externa pode ser uma ótima maneira de deixar as pessoas realmente à vontade para dizerem o que pensam e sentem sem receios.

## Defina sua proposta de valor
Após esse trabalho inicial e profundo, é definido o chamado Employee Value Proposition (EVP), ou seja, a proposta de valor da marca empregadora, que costuma se concentrar em pontos fortes que irão nortear toda a estratégia de comunicação. Com essa informação valiosa, é possível construir uma mensagem mais assertiva para o marketing institucional, que permita que as pessoas consigam avaliar imediatamente se elas combinam com aquela organização.

Para trabalhar o que identificamos como fortalezas do grupo Algar, definimos quatro territórios: “gente que gosta de gente”, “gente que faz acontecer”, “gente que inova” e “gente que faz junto”. Para reforçar internamente e externamente essas forças, decidimos usá-las como pilares na comunicação e criamos uma série chamada #GenteAlgar para contar histórias reais de colaboradores ilustrando cada uma dessas quatro frentes. Também criamos conteúdos específicos baseados nesses pilares nas nossas redes sociais e elaboramos um quiz com o público interno para que cada um pudesse identificar com qual território mais se identifica.

## Reavalie toda a jornada do profissional
Outra etapa consiste no olhar para toda a jornada do profissional, começando pelo candidato, desde quando ele encontra a vaga até seu processo de avaliação. No grupo Algar, por exemplo, fizemos uma cartilha informativa e um treinamento com todo o time de recrutamento e seleção para que o EVP fosse, de fato, internalizado.

Também temos que analisar toda a comunicação e revisar em detalhes a identidade visual e a comunicação textual no site, em páginas de vagas, no perfil no Linkedin, em e-mails e peças. Para o sucesso da construção da marca empregadora, é indispensável que as áreas de comunicação e recursos humanos trabalhem em conjunto – de modo que o discurso esteja sempre alinhado à prática, e de acordo com o EVP.

Uma vez dentro da organização, essa jornada do colaborador ganha mais fases, entre elas a integração, seu ciclo de aprendizados e oportunidades de crescimento. Dessa forma, a empresa (e a liderança, é claro) precisa estar atenta e entender como cada um desses pontos de contato pode ser melhorado, garantindo que sua experiência seja sempre positiva. Isso vai construir a imagem da companhia como marca empregadora e reverberar para o público externo.

## Mensure os resultados para redefinir rotas
Após essa fase profunda de planejamento e execução do plano, a última etapa consiste em finalmente acompanhar os indicadores – passo essencial para mensurar a evolução das iniciativas e redefinir rotas sempre que preciso. Algumas das principais métricas utilizadas para isso são o Employee Net Promoter Score (eNPS), avaliações e notas em sites como Glassdoor e Indeed, o engajamento nas redes sociais, o número de inscritos em vagas e o seu tempo de fechamento, por exemplo. Mas cada empresa tem, é claro, a liberdade para escolher os parâmetros de avaliação que fizerem mais sentido conforme suas necessidades.

No fim das contas, a estratégia da marca empregadora é descobrir e desenvolver pontos de melhoria, focar nas fortalezas que já existem e, principalmente, conseguir atrair e reter os profissionais pelo que se é de fato. O grande objetivo é transmitir a essência da empresa – pois é isso que vai fazer as pessoas se identificarem e escolherem fazer parte daquela organização. Nem todos vão se identificar – e tudo bem. As pessoas que tiverem alinhamento cultural e que compartilharem dos mesmos valores certamente terão mais chances de trilhar uma jornada mais longa e feliz, contribuindo para um propósito em comum.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o corpo pede pausa e o negócio pede pressa

Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão – e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança