Healing leadership

“Consumidor acima de tudo”. Será?

Cada vez mais, as empresas realmente relevantes não priorizam apenas o lucro, mas a sua relação com a sociedade e com o planeta
Daniela Garcia é CEO do Instituto Capitalismo Consciente, entusiasta do terceiro setor e dos negócios de impacto social e articula parcerias com o mundo corporativo. Cinthia Gherardi é diretora de relacionamento e marketing do Sistema B Brasil e é movida pela transformação em busca de relações mais humanizadas e de uma sociedade mais justa.

Compartilhar:

Ninguém cria uma empresa prevendo seu fim. Diante de uma realidade social e ambiental com desafios complexos, organizações que querem vida longa são chamadas para uma visão sistêmica e estratégica dos negócios.

Segundo o Ministério da Economia, há cerca de 18,9 milhões de empresas ativas no Brasil. Se olharmos para isso entendendo que esses negócios têm o potencial para construir uma economia mais inclusiva para as pessoas e para o planeta, perceberemos o poder de transformação que temos para oferecer.

O novo contrato social das empresas deve ser planejado para contribuir para a resolução de temas sociais e ambientais. Mais do que olhar para seus produtos e serviços, elas devem estar atentas ao seu impacto e ao seu legado para o mundo. Isso acontece quando temas como saúde, educação, equidade racial e de gênero e rastreabilidade da sua cadeia de fornecimento tornam-se centrais na estratégia.
É isso que motivará o stakeholder a querer se relacionar com essa marca. A publicidade tradicional não dá conta de criar uma imagem positiva e atraente sem uma real razão para se acreditar.

Além de serem desejadas pelos consumidores, essas marcas também precisam de mão de obra jovem e engajada. Daqui a uns anos, 75% da força de trabalho global será da geração Z. Muito do que guia esses jovens na hora de aceitar um trabalho é ter seus valores alinhados com os da empresa. De acordo com com uma pesquisa do Think With Google, 85% deles disseram estar dispostos a doar parte do seu tempo para alguma causa.

Essa geração sabe que governos e ONGs, isoladamente, não conseguirão resolver todos os desafios ambientais e sociais. É preciso um esforço coletivo, e a iniciativa privada é fundamental, pois cria oportunidades e pode acolher a diversidade, criar empregos e diminuir desigualdades.

Desde a década de 1990 falamos sobre tal tema: primeiro veio a teoria do tripé de sustentabilidade, com os pilares pessoas, planeta e lucro, que movimentou as empresas e trouxe o movimento de criação de áreas de sustentabilidade no setor corporativo. Em 2019 e 2020 assistimos à ascensão do ESG, que criou premissas de negócios para a jornada corporativa. São formas diferentes de tratar o mesmo problema: a falta de conexão entre os negócios e os desafios do nosso tempo. Há um cenário preocupante no Brasil, com crise climática e desigualdade social, que nos mostra que é hora de mudar a pergunta central dos negócios. Em vez de: “Como vender mais?”, a pergunta deveria ser: “Como gerar mais impacto positivo?”.

Todas as empresas causam impacto no mundo, positivo ou negativo. Mas há cada vez mais ferramentas que permitem uma ação com objetivos e métricas claras.

Escolher entre lucro e impacto positivo já foi um dilema para as empresas, mas agora a união desses dois fatores é o que poderá mantê-las relevantes, sendo uma forma inovadora e sustentável de se fazer negócios. Essa será, cada vez mais, a única forma possível de vivermos em sociedade.

Artigo publicado na HSM Management nº 156.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)