Uncategorized

Contagem regressiva com Joseph Badaracco

Em seu novo livro, A Boa Luta, recém-lançado no Brasil, o célebre professor da Harvard Business School diz que os empreendedores passaram a inspirar os líderes por saberem lutar em ambientes hostis e garante: mudaram as respostas às perguntas-chave da liderança
Adriana Salles Gomes é diretora-editorial de HSM Management.

Compartilhar:

**5 – O sr. está lançando um novo livro sobre liderança, _A Boa Luta_ , em uma época em que as empresas buscam cada vez mais referências em empreendedores para inspirar seus líderes. Que momento é este que a liderança vive, afinal?**

A busca de referências em empreendedores faz todo o sentido para os líderes atuais, mas não pelo motivo que se supõe. Não é porque os empreendedores são inovadores. É porque, por definição, empreendedores sabem lutar para sobreviver em um mundo intensamente competitivo, turbulento e quase canibal, que é o que toda a vida econômica contemporânea está se tornando. E os líderes precisam saber fazer isso. Agora, mesmo os melhores esforços, feitos com inteligência, com os recursos necessários e com bom pensamento estratégico, podem falhar. E, ainda que a empresa tenha sucesso com sua contribuição, seu emprego pode ser cortado.

**4 – É por isso que mudam as respostas às questões que, segundo o sr., todo líder empresarial deve fazer-se… Poderia nos falar das principais respostas novas?**

Bem, à pergunta “Eu sei pelo que presto contas?”, as respostas-padrão até pouco tempo atrás eram duas: a primeira dizia que os líderes eram responsáveis por criar valor para os acionistas, e a segunda, que respondiam por vários stakeholders. Agora, as respostas são múltiplas, porque dependem dos objetivos de lucros de curto e longo prazos, crescimento, desenvolvimento da comunidade, direitos humanos etc. Hoje os líderes empresariais são responsáveis por prosperar dentro do conjunto específico de compromissos que tiver sido negociado. No caso da pergunta “Como tomar decisões cruciais?”, não há mais um plano preciso para o longo prazo por trás das decisões, mas apenas a indicação da direção na qual a organização tentará se mover. À pergunta “Por que eu escolhi esta vida?”, os gestores passam a responder em termos mais pessoais; o significado tem de vir dos projetos nos quais estão trabalhando, da equipe da qual fazem parte e, é claro, do pão que estão pondo na mesa para si mesmos e para sua família. Nos velhos tempos, e estou exagerando um pouco aqui, os gestores podiam entrar em uma organização e planejar trabalhar lá a vida toda, sentindo-se parte de algo estável, até permanente, acreditando que estavam contribuindo para algo maior. Hoje isso não é mais possível, porque nenhuma instituição está imune a choques sérios e até a ruir.

> **Canibal**
>
> Para Badaracco, a vida econômica contemporânea está se tornando um “mundo quase canibal”, o que favorece os empreendedores

**3 – Nesse contexto, ainda existem valores a defender?**

Sim, mas não são os valores de consenso, aqueles que aparecem nas afirmações de missão e nas crenças formalizadas em plaquinhas. Creio que temos de defender os valores centrais, que aparecem no comportamento dos gestores quando eles se encontram sob pressão.

**2 – O sr. pode dar exemplos de líderes que fazem boas lutas?**

Desculpe-me, mas não posso. É muito difícil para alguém de fora como eu realmente saber o que está acontecendo dentro de uma empresa e em reu niões em pequena escala, nas quais executivos se dão bem ou fracassam no desafio da liderança responsável. Só as moscas na parede poderiam dizer isso de verdade.

**1 – No Brasil, os jovens gestores parecem ansiar por líderes inspiradores que sejam carismáticos, mas o sr., ao contrário, propõe a liderança discreta. Por quê? É mais responsável?**

Não, alguns líderes responsáveis não são discretos. Eles dizem o que precisa ser dito, tomam a posição que tem de ser tomada e então fazem o trabalho difícil e tiram o melhor dessas atitudes fortes. Mas acredito que a maioria dos gestores subestima a importância da liderança discreta –e a do trabalho constante, cuidadoso, consciente– e procura imediatamente líderes e visões inspiradores.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A ilusão que alimenta a disrupção

Em um ambiente onde o amanhã já parece ultrapassado, o evento celebra a disrupção e a inovação, conectando ideias transformadoras a um público global. Abraçar a mudança e aprender com ela se torna mais do que uma estratégia: é a única forma de prosperar no ritmo acelerado do mercado atual.

De olho

Liderança, ética e o poder do exemplo: o caso Hunter Biden

Este caso reflete a complexidade de equilibrar interesses pessoais e responsabilidades públicas, tema crucial tanto para líderes políticos quanto corporativos. Ações como essa podem influenciar percepções de confiança e coerência, destacando a importância da consistência entre valores e decisões. Líderes eficazes devem criar um legado baseado na transparência e em práticas que inspirem equipes e reforcem a credibilidade institucional.

Gestão de Pessoas
Explorando a comunicação como uma habilidade crucial para líderes e gestores de produtos, destacando sua importância em processos e resultados.

Italo Nogueira De Moro

Uncategorized
Até onde os influenciadores estão realmente ajudando na empreitada do propósito? Será que isso é sustentavelmente benéfico para nossa sociedade?

Alain S. Levi

Gestão de Pessoas
Superar vieses cognitivos é crucial para inovar e gerar mudanças positivas, exigindo uma abordagem estratégica e consciente na tomada de decisões.

Lilian Cruz

Transformação Digital, Marketing e vendas, Marketing Business Driven, Marketing business-driven
Crescimento dos festivais de música pós-pandemia oferece às marcas uma chance única de engajamento e visibilidade autêntica.

Kika Brandão

Gestão de pessoas, Liderança, Liderança, times e cultura
Explorando como mudanças intencionais e emergentes moldam culturas organizacionais através do framework ‘3As’ de Dave Snowden, e como a compreensão de assemblages pode ajudar na navegação e adaptação em sistemas sociais complexos.

Manoel Pimentel

Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital
A GenAI é uma ótima opção para nos ajudar em questões cotidianas, principalmente em nossos negócios. Porém, precisamos ter cautela e parar essa reprodutibilidade desenfreada.

Rafael Rez

Transformação Digital
A preocupação com o RH atual é crescente e fizemos questão de questionar alguns pontos viscerais existentes que Ricardo Maravalhas, CEO da DPOnet, trouxe com clareza e paciência.

HSM Management

Uncategorized
A saúde mental da mulher brasileira enfrenta desafios complexos, exacerbados por sobrecarga de responsabilidades, desigualdade de gênero e falta de apoio, exigindo ações urgentes para promover equilíbrio e bem-estar.

Letícia de Oliveira Alves e Ana Paula Moura Rodrigues

ESG
A crescente frequência de desastres naturais destaca a importância crucial de uma gestão hídrica urbana eficaz, com as "cidades-esponja" emergindo como soluções inovadoras para enfrentar os desafios climáticos globais e promover a resiliência urbana.

Guilherme Hoppe

Gestão de Pessoas
Como podemos entender e praticar o verdadeiro networking para nos beneficiar!

Galo Lopez