Diversidade

D&I: como adotar medidas para melhorar a dinâmica da equipe

O compromisso da liderança é promover uma cultura inclusiva em todos os níveis da organização. Para uma abordagem prática do tema, devem ser estabelecidas metas mensuráveis, medidas concretas e políticas de responsabilização transparentes nas organizações, além da escuta ativa
Raquel Braga é CMO da BKR. Tem formação em engenharia e atua há sete anos liderando times de marketing. Trabalhou em grandes empresas como a varejista Marisa e a Sky Brasil, onde liderou times de product marketing, além de startups como Tembici e Gringo.

Compartilhar:

Nos últimos tempos, a diversidade e a inclusão emergiram como assuntos de muita relevância no âmbito organizacional, impulsionadas pela crescente conscientização da sociedade. À medida que as empresas reconhecem a importância de contar com equipes verdadeiramente diversas, surge um questionamento relevante: como adotar medidas eficazes e não apenas promovê-la, mas também garantir que todos os membros se sintam integrados e valorizados no ambiente de trabalho?

Como uma mulher proveniente da periferia que conseguiu ascender a posições no mundo corporativo, muitas vezes inacessíveis para indivíduos com origens similares à minha, sempre coloquei a pauta de diversidade como prioridade. A trajetória pessoal e profissional me levou a quebrar as barreiras impostas pelas desigualdades de origem e gênero e me proporcionou a perspectiva provocativa sobre o tema.

Além dos benefícios evidentes, como a melhoria da reputação e a maior atratividade do empregador, pesquisas têm revelado uma série de vantagens associadas à promoção de equipes mais diversas e inclusivas. Afirmam que companhias inclusivas e diversas são 11 vezes mais inovadoras e têm funcionários seis vezes mais criativos do que a concorrência, sendo um motor potente na fomentação da inovação e ao acesso a novos mercados por meio de compreensão profunda de certos segmentos da comunidade. No entanto, para ter um avanço genuíno focado no avanço da visão voltada aos interesses das corporações, é importante adotar uma abordagem focada na formação e desenvolvimento.

Em um único artigo, seria presunção acreditar oferecer receita definitiva para o assunto. É preciso reconhecer que a diversidade abrange uma vasta gama de experiências e perspectivas, cada grupo que compõe essa categoria traz consigo as próprias lutas, vivências e desafios, tornando impossível fornecer respostas simplistas às questões igualmente complexas. Portanto, o ponto de partida fundamental é aceitar que o aprendizado constante é inerente a qualquer esforço voltado para a promoção das diferenças e da inclusão. Por isso, trago aqui orientações básicas, algumas delas já realizadas com sucesso em diversas companhias, porém muitas vezes subestimadas ou mal difundidas.

É primordial criar um ambiente em que todas as pessoas se sintam valorizadas, respeitadas e plenamente integradas. Lembro-me de uma ocasião em que um estagiário em nossa equipe me contou por que não ia aos encontros de confraternização do time após o horário de trabalho. Os encontros ocorriam sempre em lugares caros e inacessíveis para ele naquele momento, e o transporte noturno no retorno para casa, além de horários restritos, também apresentava riscos para sua segurança. Essa situação nos fez perceber a exclusão desse colaborador em momentos importantes de integração, mesmo involuntariamente.

O compromisso da liderança em promover uma cultura inclusiva em todos os níveis da organização é muito importante para o sucesso das iniciativas de diversidade e inclusão. Líderes que demonstram sinceridade em ações e decisões, além de se comprometerem ativamente com a promoção da mesma, desempenham um papel crucial na transformação positiva do ambiente de trabalho e se tornam referência.

As organizações precisam se concentrar em conscientização. A catalogação de palavras e expressões ofensivas, racistas, gordofóbicas, capacitistas, misóginas e de qualquer outra natureza discriminatória é uma iniciativa valiosa e relevante na promoção de comunicação mais inclusiva e respeitosa não só no espaço corporativo, mas na sociedade. No entanto, além da catalogação, é igualmente importante oferecer alternativas às palavras ofensivas, gerando assim o aprendizado contínuo e uma mudança efetiva na comunicação.

Ademais, estabelecer metas mensuráveis e políticas de responsabilização transparentes representam a abordagem prática de impulsionamento do tema. Ao definir objetivos tangíveis e monitorar regularmente o seu progresso, as empresas podem avaliar de forma eficaz o sucesso de iniciativas e garantir que as mudanças desejadas sejam implementadas de maneira efetiva.

Mesmo assim, um dos aspectos mais importantes a serem destacados é o da escuta ativa. Promover um ambiente onde os desconfortos podem ser falados e discutidos é essencial. Uma boa forma de fazê-lo é através da promoção de grupo de afinidades, esses grupos potencializam o senso de comunidade e do coletivo, fazendo com que seus integrantes se sintam parte do todo.

Ao adotar medidas concretas e centradas nas pessoas e ouvindo ativamente os grupos de diversidade, as instituições podem não apenas aprimorar a dinâmica de equipes, mas também contribuir para a construção de um clima de trabalho mais equitativo e justo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)