Dossiê HSM

Da cadeia linear à circular – a quinta revolução

O atual agravamento da crise das supply chains pode ser o empurrão que faltava para as empresas começarem a migrar ao modelo de circularidade, que prevê fontes de fornecimento de matéria-prima diferentes e bem mais acessíveis
Marcelo Souza é CEO da Indústria Fox – Economia Circular e presidente do conselho de administração da Ilumi Materiais Elétricos, conselheiro do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) – Regional Jundiaí. Engenheiro de formação – bacharelado que ele financiou vendendo sucatas de papelão –, tem especializações em transformação digital pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e em economia circular pela University of California em Berkeley. Este artigo é baseado nos highlights de seu livro recém-lançado "Economia Circular: o mundo rumo à quinta revolução industrial".

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Se você foi comprar um pneu novo para seu carro em tempos recentes e perguntou ao vendedor o que aconteceria com o velho, já tem uma ideia do que vou falar. É a marca do pneu que busca o velho na loja, fazendo uma logística reversa.

Isso significa que a cadeia de fornecedores de uma empresa não precisa mais ser só a supply chain tradicional; há uma “cadeia de consumidores”, próxima da cadeia de distribuição – no caso, a fabricante de pneus busca seus insumos não só com fornecedores, mas também com lojistas que recolhem produtos dos consumidores; e usa pneus usados para fazer pneus novos.

Trata-se da “economia circular”, que em 2019 já respondia por 9% da produção total mundial em média, e subindo, segundo o Circular Economy Club (CEC). Esta, mais do que a era digital, é a verdadeira “nova economia”.

Há quase um boom de interesse pela economia circular, e ele coincide com o ritmo de transformação que o Ocidente tem vivido em sua história. Em intervalos de poucas centenas de anos, alteram-se radicalmente a sociedade e sua visão de mundo, o que inclui seus valores básicos, suas estruturas sociais e políticas, suas artes, suas principais instituições. Em questão de 50 anos, um mundo novo emerge. Quem entendeu o padrão foi o “pai” da administração Peter Drucker, num ensaio escrito para a *Harvard Business Review* em 1992.

Estou convencido de que o padrão de transformação radical está se repetindo agora, rumo a uma economia regenerativa e restaurativa; estamos no arco dos 50 anos de mudança projetados por Drucker. Isso porque a maioria de nós já entendeu que o sistema produtivo pautado na economia linear não é sustentável em longo prazo, por explorar excessivamente o capital natural e potencialmente esgotá-lo, e, ao mesmo tempo, por acumular resíduos. A própria crise das supply chains que estamos vivendo pode ser vista como uma evidência do fenômeno.

O conceito de circularidade é fácil de compreender por meio de uma geladeira quebrada. Imagine que você, em vez de descartá-la e comprar uma nova, opte por desmontá-la e consertá-la. O que acontece? Na prática, a remanufatura, como a chamamos, economiza ao fabricante muitos custos, de obtenção de matéria-prima, de fabricação – de peças plásticas, gabinete, injeção de isolamento térmico –, de energia e água etc. E o valor embarcado no equipamento deixa de ser perdido. O fabricante precisa fazer muitas mudanças: deve adaptar suas instalações e mão de obra para desmonte e conserto, criar uma “supply chain” com novos parceiros para coletar geladeiras quebradas, comunicar aos consumidores… enfim, ter novos blocos construtivos para o negócio.

A atual crise das supply chains pode ser um estopim para sua empresa começar a migrar ao modelo de circularidade, e, ainda que essa transição não dependa só do executivo de sourcing/procurement, sua contribuição é crucial. Se é mais fácil mudar quando estamos bem, é mais urgente mudar quando os problemas batem à porta. Executivo de produção de uma multinacional, eu mudei. Em 1º de fevereiro de 2010, fui o responsável por cravar a primeira estaca da maior e até hoje mais moderna usina de reciclagem de eletrônicos da América do Sul. E hoje participo das iniciativas de mudanças de várias empresas.

## Como o problema se agravou
Que a “velha economia” linear está com os dias contados, poucos duvidam, mesmo ela ainda respondendo por 91% da produção mundial. A população mundial consome 1,6 planeta por ano. Seu modo de produção e consumo gera 45% dos gases de efeito estufa ameaçadores ao planeta. (Os outros 55% vêm da energia de origem fóssil.) O descarte dos aparelhos celulares devido à falta de atualização do dispositivo produz 53,6 milhões de toneladas de lixo eletrônico anualmente, segundo o *[Global E-Waste Monitor 2020](https://ewastemonitor.info/gem-2020/)*. E o Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico do mundo; contribui com 2,1 milhões de toneladas anuais, ou 10,2 quilos de lixo eletrônico per capita.

Se esses dados não são prova suficiente de que está na hora de uma transformação radical, não sei o que pode ser.

É por culpa da tecnologia que o problema vem se agravando de modo acelerado? Não. Nem a culpa é da indústria baseada no fordismo, que trabalhava com uma demanda em massa, uma vez que essa demanda deixou de existir faz tempo. Tanto tempo que podíamos ter começado a abraçar a economia circular nas primeiras décadas do século 20.

Com a crise financeira de 1929, o que ocorreu mesmo é que foi necessário encontrar maneiras rápidas de estimular a economia e gerar empregos. Foi aí que surgiu o conceito de “obsolescência programada”, com o que muitos consumidores se familiarizam apenas após o uso dos smartphones.

O conceito “obsolescência programada” foi criado pelo presidente da General Motors, Alfred P. Sloan, para designar o planejamento do momento em que seu produto se tornaria não funcional para forçar o consumidor a comprar uma nova geração de produtos. As empresas que beiravam a falência viram na obsolescência programada um meio de melhorar sua situação. Isso significava projetar um menor tempo de vida útil dos equipamentos, aliado a um forte apelo publicitário, o que tornaria o consumo cada vez mais consolidado.

Infelizmente, isso fez com que as pessoas começassem a sofrer o que parece ser uma “obsolescência psicológica”, que é o desejo pelo novo antes mesmo de o produto velho ter seu prazo de validade vencido.

Não há dúvida de que a obsolescência programada conseguiu salvar a economia machucada pelo crash da bolsa de valores de Nova York em 1929. Mas, se durou quase cem anos, não conseguirá durar outros cem. Já somos 7,7 bilhões de pessoas morando neste planeta, seremos 9 bilhões em 2030, e isso nos faz consumir o capital natural num ritmo muito superior ao de sua capacidade de regeneração.

A ideia de Alfred Sloan pode ter sido muito boa para gerar demanda num momento de crise aguda, bem como para provocar avanços tecnológicos e de gestão. Mas gerou outra crise econômica crônica, ao aquecer a disputa pelo domínio de mercados e levar ao empobrecimento de populações inteiras e, consequentemente, a movimentos políticos extremistas como o fascismo na Itália e o nazismo alemão, e, por tabela, à segunda guerra mundial, com grande desperdício de vidas e recursos.
O colapso do sistema da economia linear é inevitável. O que vai no lugar?

O avanço na europa

Na União Europeia, empresas como ABB, BillerudKorsnäs, Komatsu, LKAB, Metso, Sandvik, Scania e Volvo são algumas que já migraram do modelo linear de extrair-produzir-descartar para um modelo circular de produzir-usar-reusar-produzir de novo-reciclar. Johan Frishammar e Vinit Parida, professores de empreendedorismo e inovação da Luleå University of Technology em Estocolmo, Suécia, estudaram essas empresas por cinco anos, acompanhando como criam capturam e entregam valor, e descobriram onde estão as maiores dificuldades.

Em artigo publicado pela MIT Sloan Management Review Brasil, descreveram os quatro maiores desafios e como solucioná-los: (1) alinhar incentivos entre os parceiros do ecossistema, (2) olhar para além do ecossistema existente (e ver velhos rivais como colaboradores, por exemplo), (3) envolver os clientes profundamente no negócio, inclusive em cocriação, e (4) ter um bom plano para manter a implementação ampliada (com parceiros) do novo modelo.

## Como fazer a transição
Para resolver esse problema que perdura desde os anos 1920, precisamos fazer a transição para o oposto da obsolescência programada: cada produto deve ter o máximo possível de vida útil, preservando e aumentando o capital natural do planeta.

Do lado dos consumidores, isso significa que cada habitante da Terra deve deixar de se ver como consumidor para se tornar um utilizador – e aprender a compartilhar, em vez de acumular. Não é uma mudança de mentalidade trivial, mas já está em curso nas novas gerações.

E do lado dos produtores, as empresas? Bem, essa nova economia é maior do que programas de reciclagem ou de lixo zero. Mas não é nenhum bicho de sete cabeças. Depende de pensar modelos de negócio que aproveitem o máximo do valor dos materiais, fazendo com que circulem muitas vezes na economia e reduzindo, assim, a necessidade de novas extrações de recursos.

De modo geral, para a economia circular, quanto maior a vida útil de um produto ou material, maior o lucro, enquanto, para a economia linear, quanto menor a vida útil, maior o lucro. Assim, em termos econômicos, a economia linear considera que os mercados são infinitos e os estoques finitos, enquanto a economia circular vê mercados e estoques infinitos.

Por que o conceito de estoque muda? Durante 250 anos, consideramos estoques somente os materiais que estão de posse de uma organização. E que, a partir do momento em que esses passam a ser propriedade de um utilizador, devem ser desconsiderados como estoque. Mas não faz sentido achar que os produtos, após vendidos, deixam de ser estoques. Eles são microestoques; armazenam mão de obra, energia e materiais. Entendendo-os dessa maneira, saberemos que, quanto mais utilizarmos um produto ou material, mais aproveitaremos o valor armazenado nesse estoque.

Quatro princípios, na análise da Ellen MacArthur Foundation, pavimentam o caminho para a desconexão do lucro com a produção em massa:

__1. Resíduos são recursos.__ Se observarmos a natureza, perceberemos rapidamente que o termo resíduo é uma criação do homem; na natureza, rejeitos de um processo se tornam alimento para outro – um animal morto é devorado por outro animal e as sobras são absorvidas pelo solo, nutrindo-o. Podemos diminuir o que chamamos de resíduos projetando os produtos para que possam ser reutilizados ou desmontados. Os nutrientes em questão podem ser compostados, e seus polímeros utilizados novamente com retenção de propriedades e mínima adição de energia.

__2. Construir resiliência com diversidade.__ Sem a interferência humana, os sistemas vivos são diversos. A natureza possui um conjunto de recursos que promovem a estabilidade e criam produtos que visam a durabilidade a partir de maior modularidade, versatilidade e adaptabilidade. Esses produtos são, assim, mais resilientes a crises.

Podemos fazer a mesma coisa com nossa produção, pois ter materiais vindos de uma variedade de origens, e de reutilização, atualização, reparação ou remanufatura, dá aos produtos maior modularidade, versatilidade e adaptabilidade. Isso minimiza a fragilidade da velha cadeia linear pautada em extrair, produzir, consumir e descartar.

__3. Usar energia de fontes renováveis.__ Para uma completa migração para a economia circular, é imprescindível pensar em fontes renováveis de energia – é a lógica de atuação em ciclos fechados.

__4. Adotar pensamento sistêmico.__ Como, na economia circular, os mesmos materiais mudam de mãos constantemente, passando por vários players, é importante não se limitar à compreensão do funcionamento de um único ciclo. É aí que entra o pensamento sistêmico, como a habilidade essencial que permite entender as conexões entre ideias, pessoas, organizações e governos, criando oportunidades de sinergias que promovam a eficiência de sistemas circulares prósperos.

Que ideias já circulam na sua empresa?

Não há como migrar à economia circular sem mudar o mindset. Confira se você entende – e concorda – com os nove elementos abaixo, os oito primeiros definidos pela Ellen MacArthur Foundation e o último, duplo, por Marcelo Souza. Refletem o novo pensamento de produção e consumo.

( ) Ecologia industrial. Os vários setores devem cooperar, podendo se reunir em parques industriais e adotar processos integrados de produção nos quais os resíduos gerados em um processo sirvam como matéria-prima para outro ou, ainda, possam ser utilizados como subprodutos em outra indústria ou processo.

( ) Engenharia do ciclo de vida. É preciso identificar os impactos do ciclo de vida do produto e gerar soluções para reduzir os impactos negativos desse ciclo, desde a concepção até o seu descarte e o descarte de seus componentes.

( ) Economia de performance. O objetivo econômico deve ser criar o maior valor de uso possível pelo maior tempo possível para um produto, a fim de ter o menor consumo de materiais e energia por ano de serviço.

( ) Do berço ao berço (C2C, em inglês). Opõe-se à ideia de que a vida de um produto deve ser considerada “do berço ao túmulo” – o processo linear de extração, produção e descarte. Para uma indústria C2C, a lógica é a do processo circular, de criação e reutilização, em que cada passagem de ciclo se torna um novo “berço” para determinado material.

( ) Ecodesign. Tem como objetivo principal projetar ambientes, desenvolver produtos e executar serviços que de alguma maneira irão reduzir o uso dos recursos não renováveis e minimizar o impacto ambiental durante seu ciclo de vida.

( ) Simbiose industrial. Promove uma integração entre atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da comunidade, com o intercâmbio de resíduos, matéria-prima, energia e água, resultando em operações eficazes e rentáveis para todos.

( ) Biomimética. Combina conhecimentos de biologia, engenharia, design e planejamento, para que os negócios mimetizem as soluções observadas na natureza para a gestão de fluxos de energias e materiais.

( ) Logística reversa. Ocorre em três etapas: (1) consumidor devolve produto/ embalagem à loja; (2) a loja o envia ao fabricante/importador; (3) o item devolvido é reciclado ou tem o descarte adequado.

( ) Triple bottom line e ESG. Muda a visão de resultados, que devem ser bons para o planeta, para as pessoas e para os acionistas. Boas práticas ambientais, sociais e de governança guiam investimentos e escolhas.

A Ellen MacArthur Foundation também identificou os blocos construtivos essenciais da economia circular que embasam a transição:

__1. Design para a economia circular.__ Hoje os projetistas da sua empresa devem conceber os produtos para serem difíceis de consertar. Eles têm de ver o design com novos olhos, como uma poderosa ferramenta para a preservação de valor de microestoques. E passar a projetar o produto de forma a facilitar o seu aproveitamento em múltiplos ciclos. Isso requer outros critérios para uso de materiais, componentes, modularidade e durabilidade.

__2. Novos modelos de negócio.__ A economia circular encontrou na quarta revolução industrial uma grande aliada. As plataformas digitais abrem o caminho para os negócios circulares, seja pela digitalização de produtos, seja pela conectividade que facilita o compartilhamento destes. Nesse novo mundo, uma empresa não mais precisa ser uma gigante para prover soluções inovadoras.

__3. Ciclos reversos.__ É preciso construir a cadeia de fluxos reversos necessária para a retroalimentação da economia circular, que está mais próxima do que é a cadeia de distribuição no atual modelo econômico do que da supply chain tradicional. Isso requer muita capacidade de gerir informações: se cada produto é um microestoque, ter os dados sobre ele é o que nos leva a um patamar elevado de controle e gestão – dados e analytics da quarta revolução industrial também são aliados nessa gestão. Upskilling e reskilling, dos profissionais e da empresa, serão necessários.

__4. Condições sistêmicas viabilizadoras.__ A produção circular só vai ganhar maior produtividade com os mecanismos de mercado. Estes terão papel fundamental ao buscar o apoio de políticas públicas, instituições de ensino e formadores de opinião. Tais mecanismos incluem promoção de colaboração, revisão de incentivos, estabelecimento de regras ambientais internacionais adequadas e acesso facilitado a financiamentos. É isso que vai motivar cada vez mais investidores a mergulhar na onda.

Por fim, a Ellen MacArthur Foundation propôs a representação visual da circularidade, que batizou de diagrama borboleta. {Veja figura abaixo}

![Imagens Prancheta 1 cópia 39](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/2UyFpd6uxMn7TjgoHifp6P/19353f1f5a2999dc75b9752c02dae339/Imagens_Prancheta_1_c__pia_39.png)

## Mudanças no horizonte
Se o fornecimento tem tirado o sono dos gestores, não depender de recursos naturais para crescer é uma chance de voltar a dormir bem. Negócios pautados na economia circular não são impactados pela elevação dos preços das matérias-primas, como vemos agora e veremos cada vez mais se a extração continuar a ser acima do ponto de regeneração. A segurança no fornecimento é uma das novidades da nova economia. Veja outras:

__Relacionamentos duradouros com os clientes.__ Na economia linear, as empresas tratam de vender um produto e partem para projetar a próxima venda. Na economia circular, buscam usar a venda como oportunidade contínua de criação de valor e relacionamento com o cliente.

__Redução de custos e aumento de receita.__ Com produtos mais robustos, fica desnecessária a produção em massa custosa; surgem os modelos de negócio de receita recorrente, como a locação de equipamentos.

__Criação de empregos.__ A Organização Internacional do Trabalho estima que até 2030, num cenário de 5% de aumento na substituição de extração de recursos naturais por reciclagem, haverá um aumento de 95 milhões de novos postos de trabalho nos setores de serviços e gestão de resíduos – em reparo, remanufatura, reciclagem…

__Fortalecimento local.__ Por mudar o conceito de consumidor para o de utilizador, a economia circular fomenta muito a área de serviços e, naturalmente, estimula a localização dos negócios, criando uma economia mais resiliente e menos suscetível a crises globais.

__Negócios colaborativos.__ Economia circular é perfeitamente compatível com a economia de mercado, mas a abordagem às relações comerciais, hoje mais competitiva, torna-se mais colaborativa, como nos ecossistemas digitais.

A união europeia está evoluindo rápido rumo à economia circular, com a criação de condições sistêmicas viabilizadoras de que falamos. E o Brasil? Começamos a olhar para o assunto na Conferência Eco-92, sediada no Rio, ao definir que teríamos uma política nacional de resíduos sólidos. E, após 21 anos de debates, em 2013, nossa principal condição viabilizadora nasceu.

A PNRS proporciona instrumentos práticos para coleta seletiva, logística reversa, descarte de resíduos sólidos desenvolvimento de cooperativas de catadores e da cadeia da reciclagem etc. O prazo-limite para os municípios se adequarem vem sendo prorrogado – agora é 2024 –, mas já entramos no jogo.

__Leia mais: [Queda e ascensão da supply chain](https://www.revistahsm.com.br/post/queda-e-ascensao-da-supply-chain)__

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