A palavra “gig”, em inglês, diz respeito a uma pequena charrete de duas rodas, dessas que a gente vê no interior do Brasil. É uma gíria próxima de “bico”, no sentido de trabalho temporário. Nos Estados Unidos, usa-se faz tempo a expressão “economia gig” para designar o mercado de trabalho que funciona com base em contratos de curto prazo.
Mais recentemente, no entanto, “economia gig” vem virando sinônimo de “economia compartilhada” ou “economia do acesso”, em referência aos negócios de empresas-plataformas ligadas a aplicativos, como Airbnb e Uber. Se o foco recai sobre os ativos, prefere-se falar em economia compartilhada, com ênfase no fato de os ativos serem compartilhados em vez de possuídos; se o foco são os trabalhadores, opta-se por usar economia gig, pois a característica enfatizada são as relações de trabalho, que migram do longo para o curto prazo.
Fiz todo esse preâmbulo porque publicamos, nesta edição, a história de um professor de Stanford que está estudando a mudança do mercado de trabalho na economia gig – ele não usa “compartilhada” ou “de acesso”. Inclusive, o tal professor foi trabalhar como motorista de aplicativo para fazer uma pesquisa melhor. Os estudos ainda estão no começo, mas ajudarão a responder se a economia gig é só fonte de instabilidade como se supõe. E o leitor? Sentiu-se desestabilizado pelo horizonte gig? Saiba que isso não é nada, perto dos dois convites que lhe faremos a seguir. [Risos.]
O primeiro convite é para que você crie um “moonshot” em sua empresa, algo equivalente ao que foi a missão à Lua para os EUA de John F. Kennedy – meta ambiciosa e de longo prazo, com força suficiente para mudar todo o negócio, detalhada por Anita McGahan, da Rotman School, do Canadá. Se for o único caminho a percorrer – talvez seja –, é melhor começar logo.
O segundo convite é para que você busque a alta performance como nunca fez antes – tanto do ponto de vista da estratégia e execução na nova economia (diferente da velha), como em termos de liderar pessoas. Este está em dois ótimos artigos da edição, um de autoria de Renato Mendes e Roni Cunha Bueno, e outro de Eduardo Ferraz, com inspiração de Pedro Mandelli.
Se projetar as mudanças que estão por vir na economia gig, você perceberá quão tentadores são os dois convites. E, se achar que isso faz sentido, mas não para sua empresa em particular, a entrevista com o CEO de uma companhia familiar, a Estée Lauder, vai lhe provar o contrário.