Na minha infância, sempre ouvi que deveria estudar. Sou filho de professores e na adolescência li a biografia do Einstein, acho que a primeira biografia que li e uma frase me marcou: “Lembre-se que as pessoas podem tirar tudo de você, menos o seu conhecimento”, e isso praticamente virou um mantra para mim.
Resumindo uma história longa de 46 anos de vida, esse ano estou terminando minha terceira graduação, depois de ter feito duas especializações e um mestrado, isso para contar o quanto sou apaixonado pelo conhecimento.
Tendo estudado tanto em ambientes acadêmicos precisei ler muito, assistir muitas aulas e participar de muitas palestras, isso me deixa muito feliz pela oportunidade de conhecer muitas pessoas com conhecimentos diversos.
Em uma dessas palestras há uns cinco anos, ouvi uma pessoa que se intitulava polímata e, após a palestra, me questionei. Qual a diferença entre um polímata e um lifelong learner? Será isso uma moda? Um nome novo para algo antigo?
Desde então, tenho lido alguns artigos, conversado com pessoas, assistido palestras e acho que encontrei uma diferenciação e espero que ela também lhe interesse. Antes, porém, responderei aos meus questionamentos.
Isso não é uma moda, polímatas já existem há milênios.E também não é um neologismo, esse termo já é usado desde a Grécia antiga.
Então vamos lá: qual a principal diferença entre um polímata e um lifelong learner? A diferença está no foco e no resultado do aprendizado.
Vamos explorar um pouco mais, afinal há cinco anos tenho buscado essa resposta e quero que você chegue a conclusões.
Um polímata é alguém que alcança proficiência em múltiplas áreas do conhecimento. O termo enfatiza não apenas o aprendizado, mas também a capacidade de integrar e aplicar conhecimentos de diferentes disciplinas para inovar e resolver problemas complexos. Como afirma T. M. Luoma (2018), “a versatilidade humana é a chave para desbloquear o potencial de inovação”. Historicamente, os polímatas são vistos como pessoas que fizeram contribuições significativas em diversas áreas, como Leonardo da Vinci no Renascimento. Já no mundo moderno, temos alguns polímatas:
- Elon Musk: Empreendedor e inovador, Musk é conhecido por sua atuação em várias indústrias, incluindo tecnologia, energia, transporte e exploração espacial (Tesla, SpaceX, Neuralink e The Boring Company).
- Brian Cox: Físico e apresentador de televisão, Cox tem um forte conhecimento em física, mas também se envolve em temas de filosofia e ciência popular, ligando a ciência a um público mais amplo.
- Tim Ferriss: Autor e empresário, Ferriss é conhecido por explorar diversas áreas como produtividade, saúde, investimento e empreendedorismo, sempre buscando integrar e aplicar o conhecimento de maneiras inovadoras.
- Hans Rosling: Estatístico e médico, Rosling foi um defensor da compreensão global de dados e tendências sociais, integrando disciplinas como saúde, economia e educação para educar o público sobre questões globais.
Já um Lifelong Learner é alguém comprometido com o aprendizado contínuo e autodirigido ao longo da vida. O foco é manter uma atitude aberta e curiosa, buscando sempre expandir conhecimentos e habilidades, independentemente das áreas específicas. Segundo Candy (1991), “o aprendizado autodirigido é essencial para o desenvolvimento humano ao longo de toda a vida”. Este termo se refere mais à mentalidade de aprendizado contínuo e se aplica a qualquer nível de profundidade ou amplitude de conhecimento obtido ao longo da vida. Exemplos de lifelong learners incluem:
- Oprah Winfrey: A apresentadora e empresária sempre enfatizou a importância do aprendizado e do crescimento pessoal, explorando novos tópicos e filosofias ao longo de sua carreira.
- Richard Branson: O fundador do Virgin Group é conhecido por sua curiosidade e disposição para aprender com suas experiências em negócios, aventuras e novas tecnologias.
- Tony Robbins: O palestrante motivacional e autor é um exemplo de lifelong learner, sempre em busca de novas técnicas e estratégias para se aprimorar e ajudar os outros a fazer o mesmo.
- Malala Yousafzai: A ativista pela educação tem mostrado compromisso com o aprendizado ao longo da vida, defendendo a educação para todos e continuando seus estudos enquanto inspira outros a aprenderem.
Tentando ser um pouco mais sintético, a grande diferença é que, enquanto um polímata atinge expertise em várias áreas, um lifelong learner mantém o processo de aprendizado ativo, que pode ser amplo ou específico, sem necessariamente alcançar o mesmo nível de domínio em muitas áreas como um polímata.
E o principal: a grande similaridade é que ambos compartilham a paixão pelo conhecimento.
Trabalho em uma consultoria de RH e me questionei sobre o que é melhor para o ambiente de trabalho. E a resposta para mim mesmo foi: depende. Isso quer dizer que não existe uma resposta definitiva sobre qual dos dois — polímata ou lifelong learner — é “melhor” no ambiente de trabalho, uma vez que ambos oferecem benefícios distintos. A relevância de cada um pode variar dependendo do contexto, das necessidades da organização e dos objetivos da equipe.
A seguir listei o que cada um tem como vantagem:
Polímata no Ambiente de Trabalho:
- Capacidade de Inovação: Polímatas, podem gerar ideias inovadoras ao integrar conhecimento de várias áreas, o que pode levar a soluções criativas para problemas complexos.
- Flexibilidade: Por serem versáteis, polímatas podem se adaptar a diferentes funções ou projetos, contribuindo em várias frentes dentro da empresa.
- Liderança em Projetos Interdisciplinares: Em equipes que requerem colaboração em diversas disciplinas, a presença de um polímata pode facilitar a comunicação e a coordenação entre áreas.
Lifelong Learner no Ambiente de Trabalho:
- Adaptação a Mudanças: Lifelong learners, têm uma mentalidade aberta que os ajuda a se adaptar rapidamente a novas tecnologias e mudanças no mercado.
- Desenvolvimento Contínuo: Eles tendem a buscar constantemente o aprimoramento de suas habilidades, o que é valioso em um ambiente de trabalho em rápida evolução.
- Cultura de Aprendizado: Eles promovem uma filosofia de aprendizado contínuo dentro da equipe o que pode inspirar outros a se desenvolverem e a inovarem também.
Penso que o ideal é uma combinação de ambas características. Um ambiente de trabalho que valoriza tanto polímatas quanto lifelong learners pode fomentar criatividade, adaptação e aprendizado contínuo, resultando em uma equipe mais versátil e preparada para enfrentar desafios.
A escolha entre um ou outro depende do perfil da empresa, dos desafios que ela está enfrentando e de seu planejamento de futuro.
Terminar um artigo com “depende” parece cruel, mas aqui vale muito entender o destino e aí sim encontrar o companheiro ou companheiros para superar os desafios, inovar e atingir os resultados.