Uncategorized

Defendendo a diversidade na prática

Neste depoimento, George Halvorson, ex-CEO da Kaiser Permanente, descreve as atitudes que o tornaram um campeão em diversidade de gênero – hoje, 59% dos colaboradores da empresa vêm de minorias.

Compartilhar:

Pouco depois de começar a trabalhar na Kaiser Permanente, em 2002, enviei uma carta a todos os funcionários dizendo que a diversidade seria um de nossos pontos fortes e trabalhei de perto com minhas equipes para cumprir essa promessa, com um conjunto de processos. Hoje, sinto orgulho porque 59% dos colaboradores da companhia são das chamadas minorias, a maior parte mulheres –e quatro das oito regiões da empresa têm mulheres como presidentes. 

Ao longo do caminho, tivemos sorte o bastante para vencer vários prêmios relacionados com diversidade, e CEOs de outras companhias quiseram saber o que fazíamos de diferente. O que eu disse a eles vou dizer ao leitor: tudo tem a ver principalmente com as mensagens que o líder manda. Digamos que você comece em um emprego intermediário em uma empresa nova. Você pega o relatório anual e dá uma olhada nas fotos da diretoria. 

Se todas elas são de mulheres negras, o que isso diz sobre sua ideia de chegar ao topo, caso não se enquadre na descrição? Você seria desencorajado. Não são só fotos, claro. Depende de quem o líder motiva e reconhece e de muito mais

**Uma influência** 

Eu me juntei à Organização Nacional das Mulheres como sócio-fundador em 1966 e fui fanático por equidade de gêneros por muito tempo. Por que fiquei assim? Em meus dias de ensino médio, trabalhei para um banco local processando contas. 

Lá havia quatro mulheres espertas e competentes, e eram basicamente elas que administravam o banco: organizavam os processos, abriam os cofres, faziam todo o trabalho. Havia alguns homens ali também, mas seu discernimento e desempenho eram bem menos impressionantes, embora nem todos fossem fracos. E eu, como processador de contas, sabia quanto cada um ganhava. Adivinha? 

Aqueles homens ganhavam muito mais do que as mulheres, uma loucura! Um dia, eu, adolescente, disse a essas mulheres: “É preciso fazer algo a respeito disso”. Elas responderam: “Não! Não queremos perder o emprego. Não fale nada a ninguém”. Essa experiência me deu uma forte noção tanto da competência profissional das mulheres como da injustiça que enfrentavam. Percebi que era preciso mudar regras internas de uma organização, em todos os níveis, para protegê-las contra a discriminação, consciente ou não.

**Uma regra**

Na Kaiser, certifiquei-me de que, para todas as posições mais elevadas (de vice-presidente para cima), haveria três pessoas em desenvolvimento como potenciais sucessores, e não mais do que duas poderiam ter as mesmas características.

 Essa regra nos permitiu identificar alguns candidatos muito fortes que, caso contrário, não estariam sob nosso radar. Uma mulher ou um candidato de minoria pode ter menos visibilidade, subestimado em termos de personalidade ou energia, mas muito forte quando observado de perto. Há grandes líderes que são quase invisíveis porque celebram outras pessoas, levantam o time. 

**Uma história**

Fui também CEO da Health-Partners, em Minnesota, empresa com três dúzias de clínicas e dois hospitais. Um dia, decidimos construir uma grande clínica no centro de Minneapolis e, em determinado final de semana, tínhamos de fazer a mudança de 200 médicos e mil funcionários para lá. Um mês antes, chamei uma colega e pedi: “Mostre-me os planos para mudança”. 

Ela respondeu: “Não tenho”. E eu disse: “Como assim? Quem vai administrar isso?”. Eis o que a gestora fez: levou cada uma das equipes dos departamentos para o novo local e as orientou, dizendo: “Vocês sabem o que precisam fazer. Quero que cada um apresente o plano de sua transferência, e disponibilizarei os recursos necessários”. Lembro de ter pensado que não ia funcionar.

Só que, quando chegou a hora, funcionou. Não houve caos nem anarquia. Ela transferiu 1,2 mil pessoas com perfeição, permitindo que cada uma delas se responsabilizasse por sua própria logística. todo o tempo ela me dizia: “Confie no grupo”. Por que aquilo funcionar me foi tão estranho? Percebi: porque era diferente do que eu faria. Há basicamente dois estilos de gestão –o alfa e o colaborativo– e eles não têm necessariamente a ver com gênero. No entanto, em geral, mulheres tendem a administrar mais pela colaboração, e homens assumem o papel de macho alfa. Eu comecei como alfa e mudei com o tempo. temos de aproveitar essa diversidade.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Gestão de Pessoas
Polímatas e Lifelong Learners: explorando perfis distintos que, juntos, podem transformar o ambiente de trabalho em um espaço de inovação, aprendizado contínuo e versatilidade.

Rafael Bertoni

4 min de leitura
Uncategorized
Liderança em tempos de brain rot: como priorizar o que realmente importa para moldar um futuro sustentável e inspirador.

Anna Luísa Beserra

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Laís Macedo

4 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar empresas que continuamente estão inovando é um desafio diário, mas cada questão se torna um aprendizado se feito com empatia e valorização.

Ana Carolina Gozzi

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A experiência varia do excepcional ao frustrante, e a Inteligência Artificial (IA) surge como uma aliada para padronizar e melhorar esses serviços em escala global.

Flavio Gonçalves

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
No cenário globalizado, a habilidade de negociar com pessoas de culturas distintas é mais do que desejável; é essencial. Desenvolver a inteligência cultural — combinando vontade, conhecimento, estratégia e ação — permite evitar armadilhas, criar confiança e construir parcerias sustentáveis.

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
ESG
A resiliência vai além de suportar desafios; trata-se de atravessá-los com autenticidade, transformando adversidades em aprendizado e cultivando uma força que respeita nossas emoções e essência.

Heloísa Capelas

0 min de leitura
ESG
Uma pesquisa revela que ansiedade, estresse e burnout são desafios crescentes no ambiente de trabalho, evidenciando a necessidade urgente de ações para promover a saúde mental e o bem-estar nas empresas.

Fátima Macedo

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Enquanto a Inteligência Artificial transforma setores globais, sua adoção precipitada pode gerar mais riscos do que benefícios.

Emerson Tobar

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Entenda como fazer uso de estratégias de gameficação para garantir benefícios às suas equipes e quais exemplos nos ajudam a garantir uma melhor colaboração em ambientes corporativos.

Nara Iachan

6 min de leitura