Nos círculos do agronegócio, um tema em destaque recentemente é a gestão de riscos associados à quebra de safra e flutuações nos preços. Esses riscos são multifacetados, porém, uma grande questão relacionada é variação climática que estamos submetidos, no qual desempenham um papel crucial e devem ser sempre considerados na estratégia de gestão de riscos agrícolas.
No Brasil, o atual fenômeno El Niño está relacionado a secas mais severas e prolongadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, afetando diversas áreas, desde agricultura até abastecimento de água, conforme relatórios do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Por outro lado, no Sul, esse fenômeno pode resultar em instabilidade climática, com chuvas mais frequentes e intensas, impactando negativamente a agricultura em várias frentes.
Como consequência, observa-se atrasos no plantio na região Sul, reduzindo o período disponível para o plantio da segunda safra de milho, um dos grãos mais importantes da safra brasileira. As projeções indicam uma queda de 9,5% na produção de milho em 2024 em comparação com a safra anterior.
Em meio a essas circunstâncias desafiadoras, a gestão de riscos assume um papel crucial. Como destacado por Bruno Massera, Diretor Financeiro da BRF e parceiro da Rural Ventures, as discussões sobre mudanças climáticas, inclusive aquelas que testemunhou pessoalmente na COP28, indicam um aumento das incertezas climáticas, o que por sua vez amplia os riscos enfrentados pelos produtores.
“Com toda a discussão de mudanças climáticas, as incertezas com relação ao clima tendem a crescer e com isto o risco para os produtores também aumenta. O seguro rural é uma importante ferramenta de mitigação de risco climático disponíveis para diversos segmentos do agronegócio.”
Essa perspectiva ressalta a necessidade urgente de estratégias eficazes para mitigar esses riscos climáticos. Nesse contexto, o seguro rural emerge como uma ferramenta essencial para ajudar os produtores a enfrentarem os desafios imprevisíveis impostos pelas mudanças climáticas, proporcionando uma rede de segurança financeira em meio à incerteza.
Ao observar o mercado e os investimentos em venture capital, é notável o surgimento de startups voltadas para atender a essa crescente demanda. A Agroboard, por exemplo, possui um sistema de gestão de riscos, especialmente no contexto de derivativos. A plataforma se utiliza da digitalização para auxiliar na expertise em áreas diversas áreas, como contabilidade de crush (esmagamento de soja) e precificação de ativos, abrangendo desde o preço local até o porto, incluindo aspectos como basis e frete.
As ferramentas avançadas, que compreendem também análises precisas para auxiliar a tomada de decisões até a marcação a mercado, são importantíssimas para não insistirmos em mesas perspectivas empíricas sobre os mesmos assuntos. Dados são importantes para a construção de perspectivas e cada vez mais podem nos auxiliar a otimizar as soluções que encontramos pelo caminho.