Transformação Digital

Desafios da implementação de uma cultura data-driven

Cada vez mais processos intuitivos não serão a melhor escolha para tomada de decisão. Planejamento, experimentação e análise acompanha olhar de dados, mas por que ainda não estamos os utilizando?
CEO & Partner da Just a Little Data

Compartilhar:

Nos dias de hoje, a quantidade de dados gerados pelas empresas é colossal. Cada interação com clientes, transação financeira e processo interno de negócios deixa uma trilha digital que pode ser analisada para obter insights valiosos.

No entanto, apesar do vasto potencial que os dados oferecem, muitas empresas ainda lutam para implementar uma cultura data-driven eficaz. Pessoas são a chave dessa transformação. Os líderes empresariais enfrentam uma série de desafios ao tentar promover uma cultura de tomada de decisão baseada em dados e é crucial entender esses obstáculos para superá-los com sucesso.

São 3 grandes grupos de barreiras que são claras nesse processo, com diferentes níveis de complexidade.

# A. Barreira Técnica
Mais fácil de ser resolvida. Estamos falando de ferramentas e skills que se constroem com tempo e treinamento do investimento:

. Necessidades tecnológicas atuais e futuras da empresa;

. Tecnologias de análise de dados acessíveis e adequadas às necessidades da organização;

. Treinamento e desenvolvimento de habilidades técnicas para colaboradores em todos os níveis da empresa;

. Implementação de processos eficientes de gerenciamento e governança de dados para garantir a qualidade e a integridade das informações.

# B. Barreira Organizacional ou Política.

Complexa de ser resolvida. Estamos falando aqui do colaborador que se vê antes da empresa. Todos nós, pessoas físicas, precisamos entender a política da empresa, as relações, forças e até o conflito que existe em metas individuais que, muitas vezes, são conflitantes quando olhamos departamento A x departamento B.

. Pessoas com resistência à mudança dentro da organização;

. Dificuldade de se obter transparência, confiança e colaboração dentro do processo e da transformação;

. Poder da informação, da proximidade à informação;

. Silos de negócio conflitantes;

. Metas e incentivos não alinhados com os objetivos da nova cultura;

. Cultura do medo de errar.

# C. Barreira Cognitiva

Muito complexa de ser resolvida. Estamos falando aqui de seres humanos, que possuem suas histórias, passados, egos, projeção de futuro e emoções, que não são racionais muitas das vezes.

.Medo. Mudança de humor. Sentimento de confiança ou desconfiança a uma pessoa, processo, produto, estratégia;

. Insegurança de tentar o novo, de errar, de se expor;

. Mentalidade “automática” de estabilidade e segurança e não de aprendizado contínuo;

. Se juntar aos aliados e fortalecer os mais próximos. Não ter a mesma empatia com áreas conflitantes ou pessoas mais afastadas;

. Falta de questionamento ao status quo;

. Falta de incentivo à diversidade de pensamento.

Diante desse cenário, separei aqui de forma bem prática 4 desafios importantes nesse processo, que diariamente atuamos com nossa consultoria nas empresas parceiras, com vitórias e derrotas, mas sempre com aprendizados.

__1. Resistência à Mudança:__

O primeiro deles em qualquer empresa. Um dos maiores desafios enfrentados pelos líderes na implementação de uma cultura data-driven é a resistência à mudança. Muitos colaboradores podem estar acostumados a tomar decisões com base na intuição ou na experiência e podem ver a introdução de dados como uma ameaça à sua autoridade ou como uma mudança disruptiva em suas rotinas de trabalho. Convencê-los da importância e dos benefícios da análise de dados pode ser uma batalha difícil.

__Para superar:__ realizar sessões de treinamento e workshops para educar os colaboradores sobre os benefícios da análise de dados; criar grupos de trabalho interdepartamentais para desenvolver soluções baseadas em dados para problemas específicos; reconhecer e recompensar os colaboradores que demonstram habilidades e iniciativas em análise de dados e implementar um programa de mentoria, onde colaboradores mais experientes em análise de dados possam orientar e apoiar aqueles que estão menos familiarizados.

__2. Falta de Conhecimento e Habilidades:__

A resistência à mudança se apresenta muitas vezes como parte “técnica”. A falta de conhecimento e habilidades em análise de dados entre os colaboradores realmente é um desafio importante a ser vencido. Muitas empresas podem não ter equipes de análise de dados dedicadas ou investimentos suficientes em treinamento para capacitar seus colaboradores a trabalhar com dados de forma eficaz. Isso pode levar a uma subutilização dos recursos de dados disponíveis e a uma falta de confiança na precisão e relevância das análises.

__Para superar:__ oferecer cursos online ou presenciais sobre análise de dados acessíveis a todos; promover a participação em conferências e eventos da indústria relacionados à análise de dados; estabelecer uma biblioteca de recursos e materiais de treinamento sobre análise de dados e deixar disponível para consulta; incentivar a realização de projetos práticos de análise de dados como parte do desenvolvimento profissional dos colaboradores.

__3. Silos de Dados e Falta de Colaboração:__

Quando o desafio técnico é atacado, se descobrem silos, feudos dentro das empresas, onde os informações e/ou dados são armazenados e gerenciados por departamentos ou equipes individuais, sem comunicação ou integração minimamente existente entre eles. Isso dificulta a análise holística dos dados e a geração de insights abrangentes que possam beneficiar toda a organização. Além disso, a falta de colaboração entre os departamentos pode levar a redundâncias, inconsistências e desperdício de recursos.

__Para superar:__ implementar um sistema de gestão de dados centralizado que permita o compartilhamento de informações entre departamentos; designar um responsável pela gestão de dados em cada equipe ou departamento, garantindo a consistência e a integridade dos dados; realizar reuniões regulares entre os diferentes departamentos para compartilhar insights e alinhar estratégias e criar um ambiente de trabalho que incentive a colaboração e o compartilhamento de conhecimento entre os colaboradores.

__4. Falta de Liderança e Compromisso:__

Quando os 3 grandes tópicos anteriores são identificados e há um plano de ação de solução, temos o quarto grande desafio que é liderar essa mudança. Cultura começa e se mantém de cima para baixo em qualquer empresa e um dos maiores obstáculos para a implementação de uma cultura data-driven é a falta de liderança e compromisso por parte dos líderes empresariais no processo, no dia a dia. Sem o apoio e o exemplo de líderes de alto nível, os esforços para promover uma cultura de dados podem estagnar e não receber o investimento necessário em termos de recursos e prioridade estratégica.

__Para superar:__ envolva os líderes empresariais desde o início do processo de implementação da cultura data-driven, destacando os benefícios estratégicos para a empresa; realizar sessões de sensibilização e workshops executivos para educar os líderes sobre as melhores práticas em análise de dados; estabelecer metas e métricas claras para medir o progresso e os resultados da implementação da cultura data-driven e criar um grupo de líderes internos dedicados a impulsionar a cultura data-driven em toda a organização.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

ESG
Investimentos significativos em tecnologia, infraestrutura e políticas governamentais favoráveis podem tornar o país líder global do setor de combustíveis sustentáveis

Deloitte

Estratégia, Liderança, times e cultura, Cultura organizacional
À medida que o mercado de benefícios corporativos cresce as empresas que investem em benefícios personalizados e flexíveis não apenas aumentam a satisfação e a produtividade dos colaboradores, mas também se destacam no mercado ao reduzir a rotatividade e atrair talentos.

Rodrigo Caiado

Empreendedorismo, Liderança
Entendimento e valorização das características existentes no sistema, ou affordances, podem acelerar a inovação e otimizar processos, demonstrando a importância de respeitar e utilizar os recursos e capacidades já presentes no ambiente para promover mudanças eficazes.

Manoel Pimentel

ESG, Liderança, times e cultura, Liderança
Conheça e entenda como transformar o etarismo em uma oportunidade de negócio com Marcelo Murilo, VP de inovação e tecnologia da Benner e conselheiro do Instituto Capitalismo Consciente.

Marcelo Murilo

ESG
Com as eleições municipais se aproximando, é crucial identificar candidatas comprometidas com a defesa dos direitos das mulheres, garantindo maior representatividade e equidade nos espaços de poder.

Ana Fontes

ESG, Empreendedorismo
Estar na linha de frente da luta por formações e pelo desenvolvimento de oportunidades de emprego e educação é uma das frentes que Rachel Maia lida em seu dia-dia e neste texto a Presidente do Pacto Global da ONU Brasil traz um panorama sobre estes aspectos atuais.

Rachel Maia

Conteúdo de marca, Marketing e vendas, Marketing Business Driven, Liderança, times e cultura, Liderança
Excluído o fator remuneração, o que faz pessoas de diferentes gerações saírem dos seus empregos?

Bruna Gomes Mascarenhas

Blockchain
07 de agosto
Em sua estreia como colunista da HSM Management, Carolina Ferrés, fundadora da Blue City e partner na POK, traz atenção para a necessidade crescente de validar a autenticidade de informações e certificações, pois tecnologias como blockchain e NFTs, estão revolucionando a educação e diversos setores.
6 min de leitura
Transformação Digital, ESG
A gestão algorítmica está transformando o mundo do trabalho com o uso de algoritmos para monitorar e tomar decisões, mas levanta preocupações sobre desumanização e equidade, especialmente para as mulheres. A implementação ética e supervisão humana são essenciais para garantir justiça e dignidade no ambiente de trabalho.

Carine Roos

Gestão de Pessoas
Explorando a comunicação como uma habilidade crucial para líderes e gestores de produtos, destacando sua importância em processos e resultados.

Italo Nogueira De Moro