Tecnologia e inovação

Desafios e oportunidades para a Transformação Digital do setor financeiro

Inovar, otimizar custos e digitalizar as transações são grandes metas do setor bancário e financeiro global há muito tempo.
Diretora executiva para o segmento financeiro da Qintess, especialista em tecnologia com formação na Business School na Universidade de Oxford e no Massachusetts Institute of Tecnology

Compartilhar:

Não por acaso, mesmo antes da pandemia, bancos e financeiras já estavam reforçando suas operações via Internet com amplo destaque. Ainda assim, o fato é que a crise gerada pela Covid-19 trouxe uma nova demanda de transformação digital, com exigências muito mais abrangentes do que imaginávamos até pouco tempo. 

É possível dizer que o cenário atual escancarou a necessidade de reavaliar o foco da inovação, saindo da perspectiva de criação de produtos para a consolidação de uma proposta mais Customer Centric, com as operações alicerçadas diretamente na experiência dos clientes.  Isso fica claro quando notamos o avanço dos canais de autoatendimento à disposição dos consumidores. 

## Mais dispositivos móveis e aplicativos 

[Estudo publicado](https://www.appsflyer.com/br/resources/finance-app-marketing-brazil/) pela AppsFlyer em abril deste ano ranqueou o Brasil como o terceiro país do mundo em que os consumidores mais instalam aplicativos financeiros para realizar operações. Para se ter uma ideia, cerca de 8,5% do que é instalado em dispositivos móveis está relacionado ao setor financeiro, índice maior do que dobro da média global.

A migração para o celular, aliás, é um exemplo bastante relevante desse processo de mudança. Inexistente há algumas décadas, o contato via smartphone representa uma grande oportunidade para a venda de novos serviços e para a fidelização dos consumidores. Estima-se, por exemplo, que o usuário brasileiro gasta três horas em média por dia em aplicativos de smartphones, utilizando ativamente por volta de 30 deles, de acordo com números divulgados pela [App Annie](https://www.appannie.com/en/). Isso torna este campo um importante canal para contratação de produtos e transações financeiras, o que inclui investimentos, seguros e depósitos virtuais.

Para permitir essa transformação, o setor financeiro tem investido cada vez mais em novas tecnologias como Inteligência Artificial, Automação de Processos, Blockchain e Internet das Coisas. Segundo o [Gartner](https://www.gartner.com/en), com a pandemia, os gastos com tecnologia por parte de bancos e corretoras possam sofrer um recuo em torno de 4,7% este ano. Contudo, a previsão é que em 2021 o investimento do segmento volte a crescer 6,6% no mundo.  O momento, portanto, é de buscar por soluções que elevem a capacidade de sustentação e otimização da cadeia bancária, no preparo para a recuperação. 

## Mas nesse cenário, qual seria a tendência número um?

É preciso salientar, entretanto, que as mudanças não estão sendo causadas apenas pela pandemia. A crise da Covid-19 apenas acelerou um movimento de mudança que já estava começando e que agora foi intensificado. Até porque, é bom frisar, estamos prestes a inaugurar a era do Open Banking, modelo estabelecido pelo Banco Central e que prevê o compartilhamento de dados e serviços por meio da abertura e integração de sistemas das instituições financeiras e bancárias. Parte desse pacote chegou em novembro, com o início do sistema de pagamento instantâneo PIX às transações financeiras de todo o Brasil. 

Teremos agora uma expansão contínua de ofertas do mercado, que irão aumentar, inclusive, a concorrência do setor, uma vez que novas empresas poderão entrar no segmento bancário. É esse impulso que tem gerado o surgimento de novas fintechs e bancos digitais, com a proposta de ressignificação dos conceitos de agência, de pagamento e de transação financeira. O Open Banking, em outras palavras, criará um modelo de trabalho em ecossistema, que permitirá adicionar novas funcionalidades à cadeia. 

Diante disso, é fundamental que os atuais players do mercado – assim como os postulantes à entrada no segmento – invistam em parcerias com especialistas e provedores de transformação digital que já conheçam de fato esta área, que é altamente regulada. 

São esses parceiros que podem simplificar a capacidade de inovação das instituições financeiras, ampliando a capacidade de repensar as arquiteturas de tecnologia. O objetivo deve ser somar a experiência em TI e transformação desses fornecedores, posicionando-os como facilitadores de negócios.  A mudança está acontecendo e continuará de maneira ininterrupta. O que não significa dizer, evidentemente, que a missão principal de um banco deixará de ser ceder crédito – e para isso, essas empresas precisarão sempre analisar riscos de forma eficaz. 

## Sociedade em transformação 

A realidade é que os riscos também mudam conforme a sociedade se transforma – e hoje, além de serviços financeiros, as empresas da área bancária também precisam otimizar o relacionamento diário com os consumidores, oferecendo um mix de serviços e recursos capaz de gerar impacto e ampliar a relevância de suas operações para muito mais do que a simples relação de caixa bancário. Empresas bem sucedidas do setor financeiro serão as que tiverem capacidade de se transformar de forma rápida, oferecendo serviços e crédito com agilidade e a partir do uso eficiente de tecnologias que podem ajudar na análise, acompanhamento e atendimento aos clientes.

Das agências tradicionais ao Open Banking, empresas financeiras e bancos precisam se ajustar para estarem conectados a um novo ecossistema, em uma atmosfera sustentável, integrada e convidativa, com eficiência para atender todas as pessoas de forma muito mais proativa, completa e integrada. Quem antes investir em tecnologia e em serviços de TI conseguirá acelerar a jornada de transformação e de geração de receitas, posicionando-se muito à frente da concorrência.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Transformação Digital
A preocupação com o RH atual é crescente e fizemos questão de questionar alguns pontos viscerais existentes que Ricardo Maravalhas, CEO da DPOnet, trouxe com clareza e paciência.

HSM Management

Uncategorized
A saúde mental da mulher brasileira enfrenta desafios complexos, exacerbados por sobrecarga de responsabilidades, desigualdade de gênero e falta de apoio, exigindo ações urgentes para promover equilíbrio e bem-estar.

Letícia de Oliveira Alves e Ana Paula Moura Rodrigues

ESG
A crescente frequência de desastres naturais destaca a importância crucial de uma gestão hídrica urbana eficaz, com as "cidades-esponja" emergindo como soluções inovadoras para enfrentar os desafios climáticos globais e promover a resiliência urbana.

Guilherme Hoppe

Gestão de Pessoas
Como podemos entender e praticar o verdadeiro networking para nos beneficiar!

Galo Lopez

Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança
Na coluna deste mês, Alexandre Waclawovsky explora o impacto das lideranças autoritárias e como os colaboradores estão percebendo seu próprio impacto no trabalho.

Alexandre Waclawovsky

Marketing Business Driven, Comunidades: Marketing Makers, Marketing e vendas
Eis que Philip Kotler lança, com outros colegas, o livro “Marketing H2H: A Jornada do Marketing Human to Human” e eu me lembro desse tema ser tão especial para mim que falei sobre ele no meu primeiro artigo publicado no Linkedin, em 2018. Mas, o que será que mudou de lá para cá?

Juliana Burza

Transformação Digital, ESG
A inteligência artificial (IA) está no centro de uma das maiores revoluções tecnológicas da nossa era, transformando indústrias e redefinindo modelos de negócios. No entanto, é crucial perguntar: a sua estratégia de IA é um movimento desesperado para agradar o mercado ou uma abordagem estruturada, com métricas claras e foco em resultados concretos?

Marcelo Murilo

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional
Com a informação se tornando uma commoditie crucial, as organizações que não adotarem uma cultura data-driven, que utiliza dados para orientar decisões e estratégias, vão ficar pelo caminho. Entenda estratégias que podem te ajudar neste processo!

Felipe Mello

Gestão de Pessoas
Conheça o framework SHIFT pela consultora da HSM, Carol Olinda.

Carol Olinda

Melhores para o Brasil 2022
Entenda como você pode criar pontes para o futuro pós-pandemia, nos Highlights de uma conversa entre Marina gorbis, do iftf, e Martha gabriel

Martha Gabriel e Marina Gorbis