ESG
7 min de leitura

Desconstruindo tabus e estigmas sobre transtornos psicológicos no trabalho

A saúde mental no ambiente corporativo é essencial para a produtividade e o bem-estar dos colaboradores, exigindo ações como conscientização, apoio psicológico e promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.
Diretora de Produto e Operações da Mapa HDS. É Psicóloga, Mestre em Psicologia pela PUC-MG, e pós-graduada em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela PUC-MG, e realizou pesquisa sobre fatores psicossociais no trabalho de profissionais de Tecnologia. Integrante do grupo de pesquisas PSITRAPP da PUC-MG e do CT - Saúde Mental e Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho - ABERGO.

Compartilhar:

A temática saúde mental tem ganhado muito espaço nos últimos anos devido ao avanço dos estudos e da compreensão. Nesse sentido, hoje em dia, com mais mecanismos e atenção às consequências desse problema, é sabido que eles são capazes de impactar a qualidade de vida em todos os aspectos, inclusive no âmbito profissional. No Brasil, a saúde mental está entre as grandes causas de afastamento de pessoas dos ambientes de trabalho.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), quatro em cada dez brasileiros já tiveram problemas de ansiedade. Além disso, o The Wall Street Journal informou que problemas na saúde mental geram um impacto econômico de cerca de US$1 trilhão em perda de produtividade, o que significa uma estrutura organizacional afetada. 

A promoção de saúde mental no ambiente corporativo envolve desde a criação de um espaço mais seguro para atuar até a promoção, manutenção e recuperação da saúde física e mental. Dessa forma, é importante identificar quando o estresse pode resultar em um adoecimento, prejudicando a vida do trabalhador, incluindo sua performance. Além disso, também diz respeito à qualidade das relações interpessoais com os colegas de equipe e os supervisores. 

Portanto, quando os colaboradores estão saudáveis, confiantes e confortáveis, estão propensos a serem mais produtivos, engajados e motivados. Muito além de melhorar o resultado de seus serviços, o rendimento e o nível de satisfação também aumentam. As corporações, por sua vez, devem sinalizar a importância da escuta do trabalhador para fomentar um clima organizacional saudável, de apoio e empatia, cenário que evita conflitos e tende a mitigar erros.

Devido ao aumento de conhecimento e preocupação com a saúde mental, o trabalhador valoriza muito mais uma organização que conta com programas de apoio, assim como buscam equilibrar a vida pessoal com a profissional. Junto a isso, é preciso que as organizações estejam atentas ao ambiente laboral ofertado, realizando também avaliações periódicas dos fatores de risco psicossocial para que os identifiquem e façam o manejo adequado.

Nesse sentido, algumas políticas e estratégias são essenciais no dia a dia da companhia. Criar um ambiente saudável, respeitoso e livre de discriminação, permite que os trabalhadores tenham mais liberdade para serem quem são. Assim, o ambiente saudável será mais propenso às execuções e entregas de qualidade.

Além disso, criar hábitos de conscientização e educação são essenciais. Nesse sentido, fornecer treinamento e outras informações sobre a saúde mental pode ajudar os membros da empresa a entender melhor do que se trata e a fazer uma auto-avaliação, reduzindo, também, o estigma associado ao tema. Dessa forma, o trabalhador terá mais condições de análise e compreensão das situações, para que possa agir diante delas e também pedir ajuda quando necessário. Palestras, oficinas e programas de conscientização são caminhos possíveis.

Nesse caso, oferecer aconselhamento também é uma estratégia bastante efetiva, de modo que as organizações podem disponibilizar serviços de apoio psicológicos, seja por meio de uma parceria com prestadores externos ou internos. É importante oferecer caminhos seguros para que o colaborador busque ajuda ou sinalize situações inadequadas e existem muitas estratégias para isso, uma delas é a confidencialidade, por exemplo. 

Ainda, promover o autocuidado é necessário. Nesse sentido, incentivar os trabalhadores a realizar uma atividade física, a tomar pausas regulares e encorajar outras práticas de autocuidado pode melhorar a concentração e regular o sono do funcionário, fazendo com que esteja menos disperso. Estabelecer parcerias com academias, por exemplo, influencia que os membros da instituição tenham  mais cuidado com a sua saúde. 

Por fim, reforço que a preocupação com a saúde mental nas empresas pode garantir uma vida melhor para o contratado. A saúde preservada diminui o turnover, o absenteísmo e os afastamentos por CID-f, por exemplo, que são indicadores bastante sensíveis quando o assunto é oneração para a organização. Ainda, a preocupação com a saúde mental, junto a ações eficazes e monitoradas, contribuem para um ambiente laboral mais saudável, o que traz um efeito para a produtividade dos trabalhadores. Esse cenário certamente é mais favorável para uma organização com entregas melhores e que contribuem de forma ativa para o lucro. 

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o corpo pede pausa e o negócio pede pressa

Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão – e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança