Intraempreendedorismo, Desenvolvimento pessoal

Dicas práticas para ativar o (intra)empreendedorismo em 2022

Reflexões – e provocações – para sua organização inovar mais e melhor no próximo ano
Alexandre Waclawovsky, o Wacla, é um hacker sistêmico, especialista em solucionar problemas complexos, através de soluções criativas e não óbvias. Com 25 anos de experiência como intraempreendor em empresas multinacionais de bens de consumo, serviços e entretenimento, ocupou posições de liderança em marketing, vendas, mídia e inovação no Brasil e América Latina. Wacla é pioneiro na prática da modalidade Talento sob Demanda no Brasil, atuando como CMO, CRO e Partner as a Service em startups e empresas de médio porte, desde 2019. Atua também como professor convidado em instituições renomadas, como a Fundação Dom Cabral, FIAP e Miami Ad School, além de autor de dois livros: "Guide for Network Planning" e "invente o seu lado i – a arte de

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Ao longo de 2021, tive diversas oportunidades de ajudar empresas a ativar seus hubs de inovação e destravar práticas de (intra)empreendedorismo, além de dar aulas para turmas de MBA e pós-graduação que abriram oportunidades para ótimos debates.

Foram conversas com profissionais das mais diversas áreas e níveis hierárquicos, ávidos por dicas sobre como “virar a chave” e conseguir tração para novos projetos, em meio a um paradoxo entre a necessidade por necessárias evoluções dos modelos de negócios e a dificuldade das altas lideranças de assumir riscos. Além de uma (ainda) baixa tolerância à falha.

Mas, antes de apontarmos dedos, vale lembrar que essa dificuldade tem uma base histórica e cultural. Afinal fomos – e ainda somos – educados e moldados para buscar os caminhos mais seguros como forma de proteger o que temos, portanto é normal o medo e a resistência ao novo, ao diferente e ao que vai causar desconforto.

Temos esse hábito chato e incorporado pela busca do conforto e de aversão ao risco e ao desconhecido, o que nos afasta de uma zona ideal para a inovação, muitas vezes tão desejada – falei sobre isso na coluna de outubro aqui do site de __HSM Management__.

Confesso ainda que não consigo falar sobre inovação ou (intra)empreendedorismo sem esbarrar no tema liderança. E não me refiro apenas às lideranças formais, que ilustram os organogramas das empresas, mas sim à capacidade de assumir um papel de protagonismo ao longo de nossas trajetórias profissionais.

Olhando para essas experiências e no embalo desse período de final de ano, que sempre nos convida a uma boa reflexão, compartilho três dicas práticas sobre como destravar – ou, se preferir, ativar – o intraempreendedorismo em sua organização no próximo ano.

__1: Que tal, em 2022, trocar o desconforto provocado por declarar “eu falhei” ou “eu não sei” pela afirmação “isso é algo que eu ainda não aprendi”?__

Acredite. A vulnerabilidade de se expor tem um potencial enorme para ativar um ciclo virtuoso de aprendizado contínuo. E, como bônus, nos ajuda a abandonar um modelo mental ultrapassado, em que éramos cobrados por saber sobre tudo e sempre.

Hoje vale mais a capacidade de conectar e aprender do que a de saber tudo, o que, na minha opinião, passou a ser impossível em um mundo totalmente conectado e com tanto acesso a informação. Isso faz sentido para você?

Quantas vezes você se recorda, nos últimos 30 ou 60 dias, de ter assumido uma falha ou não saber sobre determinado assunto? Tente ser mais aberto tanto ao falar quanto ao escutar e veja o que acontece. Você irá se surpreender. Prometo.

__2. Uma das barreiras mais importantes para o sucesso do (intra)empreendedorismo é o equilíbrio entre o que é necessário para realizar determinada iniciativa e os recursos que se tem à disposição. __

Vou fazer uma analogia para explicar melhor o meu ponto. Imagine a seleção brasileira de futebol em preparação para uma Copa do Mundo. Tite, o técnico, pensando em ter a máxima performance e conquistar o título, faz uma relação de jogadores que possuem as habilidades técnicas e de comportamento necessárias para alcançar esse objetivo.

Após fazer a lista de nomes necessários para cada posição, ele começa a receber ligações de algumas equipes de futebol com a seguinte proposta: não posso dispor do jogador que você convocou, porque ele é o meu melhor talento e imprescindível para me ajudar a ganhar o campeonato local, mas não vou deixar você na mão. Tenho um novo talento aqui incrível, que vai surpreender.

Qual seria a sua reação no lugar do Tite? Aceitaria jogadores que você não selecionou para compor sua equipe e ir jogar? Acredito que não.

Agora, de volta ao mundo corporativo, vivi situações como essa, incontáveis vezes, ao longo da minha trajetória como intraempreendedor. Eu precisava de um camisa 10, mas após muita negociação levava um camisa 5, no famoso “essa pessoa não dá, mas leva essa”.

E nada contra o profissional, que vinha cheio de disposição, mas eu precisava de um determinado conjunto de habilidades técnicas e comportamentais que aquela pessoa não possuía. Saía frustrado, mas acabava aceitando como a contribuição possível e na crença de que ainda conseguiria entregar o que era necessário.

Que tal aprendermos a dizer não com mais frequência e brigar por aquilo que precisamos para entregar o que é esperado?

Aprendi que é sempre melhor ficar amarelo de vergonha em renegociar do que vermelho de raiva por não entregar.

Essa falta de coragem em dizer esses “nãos” me fizeram tentar entregar iniciativas com uma equipe não ideal e acabava gastando mais tempo justificando atrasos e falhas de performance, ao longo do processo, do que colhendo aprendizados e evoluindo.

Ruim para mim, para a equipe e para a organização.

__3. Descubra outros contextos, outros mundos, outros pensamentos, outras práticas.__

Como seria a empresa que você criaria hoje, se ela nunca houvesse existido?

Isso mesmo. Imagine que você tenha a capacidade de criar o seu modelo ideal de empresa neste momento. Como seria? O que você faria?

Deu nó? É normal e interessante pensar como desejamos tanto a liberdade de ação, mas, ao conquistarmos esse papel em branco, hesitamos em construir algo do zero e que nunca existiu.

Esse exercício hipotético deve ter levado você, naturalmente, a buscar parâmetros, referências ou padrões conhecidos ou reconhecidos como uma forma de buscar algum conforto e ponto de partida.

Assim minha terceira dica prática é um convite para que você explore! Descubra outros contextos, outros mundos, outros pensamentos, outras práticas. Aventure-se em hobbies diferentes, visite uma feira de games ou um desfile de moda, por exemplo, na busca por observar e apreciar comportamentos diferentes do seu.

Veja um filme diferente. Permita ser tocado pelo novo, pelo inusitado, pois isso vai ampliar seu olhar para um mundo múltiplo e diverso. Fomos conduzidos pelos modelos de trabalho a nos aprofundar em nossos universos verticais de conhecimento.

Deixo uma provocação para fechar. Inove-se em 2022. Desapegue de suas crenças limitantes. Saia em uma jornada de exploração sem mapas. Amplie sua lateralidade de pensamento, reforce sua amplitude de conhecimentos e perceba como isso é um poderoso gerador de novas ideias e iniciativas.

Que 2022 venha com coragem, vulnerabilidade e muita vontade de aprender pelo fazer.

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Alexandre Waclawovsky, o Wacla, é um hacker sistêmico, especialista em solucionar problemas complexos, através de soluções criativas e não óbvias. Com 25 anos de experiência como intraempreendor em empresas multinacionais de bens de consumo, serviços e entretenimento, ocupou posições de liderança em marketing, vendas, mídia e inovação no Brasil e América Latina. Wacla é pioneiro na prática da modalidade Talento sob Demanda no Brasil, atuando como CMO, CRO e Partner as a Service em startups e empresas de médio porte, desde 2019. Atua também como professor convidado em instituições renomadas, como a Fundação Dom Cabral, FIAP e Miami Ad School, além de autor de dois livros: "Guide for Network Planning" e "invente o seu lado i – a arte de

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