Empreendedorismo, Comunidades: Gestão PME

Digitalização trazida pela pandemia impulsiona estratégias de vendas B2B

As vendas virtuais vieram para ficar, mudando o jogo comercial entre as organizações. Aqui estão algumas recomendações para vendas B2B de sucesso no ambiente digital
Diogo Garcia é sócio-diretor na KPMG Brasil à frente do programa Emerging Giants Startups, co-fundador da Confraria do Empreendedor, professor da XP Educação, mentor e palestrante em temas como vendas B2B e negociação, gestão de comunidades e ecossistemas empreendedores pela agência Casé Fala

Compartilhar:

O que é imperativo no universo das vendas entre empresas? Tornar-se um “trusted advisor” para o seu cliente, construindo uma relação de confiança, entendendo qual é a real percepção de valor sobre o que ele compra e, com isso, ser relevante em todos os momentos de contato – desde a abordagem inicial e o fechamento de um negócio ao pós-venda.

Há pouco mais de dois anos, a interação entre vendedores e compradores era feita de maneira predominantemente presencial, com reuniões, eventos, fóruns onde o “olho no olho” era fator fundamental para construir e nutrir relacionamentos, já que a venda, no final do dia, é feita entre pessoas e não entre empresas. Com o desafiador e difícil momento de pandemia, boa parte das transações se tornaram remotas.

Um estudo global produzido em 2021 pelo LinkedIn, com dados do Brasil, [reforça que a digitalização da venda B2B](https://business.linkedin.com/pt-br/sales-solutions/b2b-sales-strategy-guides/o-cenario-de-vendas-no-brasil-edicao-2021) é uma das tendências aceleradas pela covid-19. Antes da pandemia, 51% dos clientes brasileiros já se sentiam confortáveis em comprar virtualmente – embora, à época, nem toda venda fosse fechada a distância. Agora, o jogo virou: apenas 8% das empresas sentem necessidade de conhecer o vendedor pessoalmente antes de fechar negócio.

Nesse novo mundo de vendas remotas, é indispensável investir em ferramentas tecnológicas não apenas de áudio e videoconferência como também, novos formatos de abordagem no ambiente virtual, meios de assinatura digital de contratos e aprimoramento no uso de dados para prospecção e negociação. Até mesmo repensar e reavaliar quais outros canais de interação com o clientes funcionam. E as empresas sabem disso, tanto que estão dispostas a investir.

De acordo com o levantamento do LinkedIn – que ouviu cerca de 7.500 pessoas de oito países, entre compradores, vendedores e gerentes de vendas –, cerca de 69% dos entrevistados brasileiros esperam aumentar os aportes em tecnologia em 2022 a fim de otimizar seus processos comerciais e de relacionamento com o cliente.

Cabe lembrar que a dinâmica difere de uma empresa para outra, mesmo entre aquelas do mesmo segmento. Portanto, ter flexibilidade para personalizar a abordagem neste novo contexto de interações virtuais é indispensável para o vendedor. Mas como obter as informações necessárias para colocar este plano em prática? Eis a máxima do princípio de vendas: conheça o seu comprador – e, agora, como ele prefere ser acionado a partir do uso das novas ferramentas. Isso requer teste, replanejamento e adaptabilidade.

## Planejamento comercial
Desde o início da pandemia, um dos primeiros grandes desafios das empresas foi rever o [planejamento estratégico](https://www.revistahsm.com.br/post/planejamento-estrategico-para-pequenas-e-medias-empresas) e comercial. O cenário de incertezas fez com que boa parte das organizações revisitasse seus planos de vendas, orçamentos, redefinindo prioridades de clientes para garantir, sobretudo, a sobrevivência do negócio. O empreendedor, mais do que nunca, teve de realmente entender o momento do seus clientes e targets, a fim de avaliar o que, de fato, tem valor para o seu público e como negociar tratativas comerciais no mundo de “telas”.

Aqui, destaco a necessidade de adaptar o planejamento em ciclos mais curtos. Esse é o jeito mais apropriado para repensar a rota em um contexto com mudanças tão rápidas. Uma opção é um planejamento desenvolvido em trimestres, por exemplo, revisado a cada semana para considerar se alguma operação deve ser redesenhada, uma vez que questões macroeconômicas e geopolíticas têm interferido diretamente nos negócios.

## Adaptabilidade é competência-chave do vendedor
Percebe-se que existe uma alta adaptabilidade às ferramentas tecnológicas por parte do vendedor brasileiro, segundo o estudo do LinkedIn. Um exemplo é a adesão às videoconferências, em que três em cada quatro vendedores fazem uso, bem como às redes sociais, onde 52% dos vendedores disseram ter alcançado melhores taxas de conversão. Antes da crise, 47% dos vendedores utilizavam os eventos presenciais como forma de contato. Agora, essa taxa caiu para apenas 30%.

Com o retorno do trabalho híbrido em algumas organizações, ainda que isso motive a volta dos contatos presenciais, as vendas B2B virtuais seguem firmes, principalmente nas empresas que se adaptaram rapidamente a este modelo: 65% dos vendedores afirmam que as suas empresas investiram em novas ferramentas de vendas para ajudá-los neste novo contexto. São ferramentas de demonstração e plataformas de CRMs, inteligência de mercado, treinamento e capacitação de times de vendas.

Essa digitalização trazida pela pandemia pode passar a falsa ideia de que a relação “humana” com os clientes esfriou. Pelo contrário, ela segue mais relevante do que nunca no B2B. É a escuta ativa e empatia, por exemplo, que auxiliam no estabelecimento de uma relação mais próxima e de longo prazo, além de facilitar a compreensão daquilo que o comprador realmente precisa. Ou seja, a oportunidade para apresentar a solução às suas dores. Na mesma pesquisa do LinkedIn, 68% dos profissionais que apresentaram alto desempenho apostaram em uma conexão genuína com os clientes, mesmo num “novo ambiente virtual”. Vendas será sempre sobre decifrar pessoas e suas necessidades. A tecnologia segue como um meio para apoiá-las.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

ESG
Investimentos significativos em tecnologia, infraestrutura e políticas governamentais favoráveis podem tornar o país líder global do setor de combustíveis sustentáveis

Deloitte

Estratégia, Liderança, times e cultura, Cultura organizacional
À medida que o mercado de benefícios corporativos cresce as empresas que investem em benefícios personalizados e flexíveis não apenas aumentam a satisfação e a produtividade dos colaboradores, mas também se destacam no mercado ao reduzir a rotatividade e atrair talentos.

Rodrigo Caiado

Empreendedorismo, Liderança
Entendimento e valorização das características existentes no sistema, ou affordances, podem acelerar a inovação e otimizar processos, demonstrando a importância de respeitar e utilizar os recursos e capacidades já presentes no ambiente para promover mudanças eficazes.

Manoel Pimentel

ESG, Liderança, times e cultura, Liderança
Conheça e entenda como transformar o etarismo em uma oportunidade de negócio com Marcelo Murilo, VP de inovação e tecnologia da Benner e conselheiro do Instituto Capitalismo Consciente.

Marcelo Murilo

ESG
Com as eleições municipais se aproximando, é crucial identificar candidatas comprometidas com a defesa dos direitos das mulheres, garantindo maior representatividade e equidade nos espaços de poder.

Ana Fontes

ESG, Empreendedorismo
Estar na linha de frente da luta por formações e pelo desenvolvimento de oportunidades de emprego e educação é uma das frentes que Rachel Maia lida em seu dia-dia e neste texto a Presidente do Pacto Global da ONU Brasil traz um panorama sobre estes aspectos atuais.

Rachel Maia

Conteúdo de marca, Marketing e vendas, Marketing Business Driven, Liderança, times e cultura, Liderança
Excluído o fator remuneração, o que faz pessoas de diferentes gerações saírem dos seus empregos?

Bruna Gomes Mascarenhas

Blockchain
07 de agosto
Em sua estreia como colunista da HSM Management, Carolina Ferrés, fundadora da Blue City e partner na POK, traz atenção para a necessidade crescente de validar a autenticidade de informações e certificações, pois tecnologias como blockchain e NFTs, estão revolucionando a educação e diversos setores.
6 min de leitura
Transformação Digital, ESG
A gestão algorítmica está transformando o mundo do trabalho com o uso de algoritmos para monitorar e tomar decisões, mas levanta preocupações sobre desumanização e equidade, especialmente para as mulheres. A implementação ética e supervisão humana são essenciais para garantir justiça e dignidade no ambiente de trabalho.

Carine Roos

Gestão de Pessoas
Explorando a comunicação como uma habilidade crucial para líderes e gestores de produtos, destacando sua importância em processos e resultados.

Italo Nogueira De Moro