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Disrupção e impactos no mundo do trabalho

Em contraposição ao modelo de “juniorização” da força de trabalho nos últimos anos, profissionais seniores e experientes começam a vivenciar uma fase de valorização em empresas que buscam eficiência e excelência na prestação de serviços aos clientes
GVP e Gerente Geral da Rimini Street América Latina

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Entre as mais diversas esferas que vêm sendo continuamente impactadas pelas transformações tecnológicas, políticas, sociais e culturais dos últimos tempos, a do mundo do trabalho certamente é uma das mais atingidas. Sabemos que a forma como trabalhávamos há 10 anos, por exemplo, é completamente diferente da de hoje e, provavelmente, será outra num futuro próximo. Novas profissões estão surgindo no contexto da evolução tecnológica, outras tendem a desaparecer e muitas simplesmente já foram extintas.

Paralelamente, governos em todo o mundo, e não só no Brasil, estão sendo demandados a rever seus crescentes custos previdenciários, uma vez que a expectativa de sobrevida vem aumentando gradativamente e novos caminhos precisam ser encontrados por aqueles que, no passado, já estariam começando a pensar em se aposentar. 

No Brasil, devido à nossa cultura patriarcal e uma certa tradição de governantes populistas, muitos cidadãos ainda têm a visão de que o governo deveria ser um grande provedor da sociedade, sem quaisquer restrições. Os recursos, no entanto, são escassos e, por mais que o tema seja polêmico e controverso, a realidade chama os cidadãos brasileiros a repensarem seu horizonte de trabalho e, por que não, se reinventarem.

Especialistas do setor já apontam que cada vez mais as pessoas terão no mínimo duas carreiras ao longo da vida. Dessa forma, pessoas na faixa dos 50 ou 60 anos, por exemplo, representam uma fatia significativa da população que está sendo muito impactada pela necessidade de criar um novo ciclo de prosperidade por meio de seu trabalho.

Modelos disruptivos no mercado de trabalho 
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As empresas, por sua vez, também constituem um elemento primordial em toda essa discussão e cenário de transformação. Se antes houve um movimento de ‘juniorização’ da força de trabalho, com uma massa de jovens sendo contratada pelas corporações, não só pelo frescor trazido pelas novas gerações, mas também porque esse perfil de profissional é mais barato, hoje já começa a se notar uma maior valorização da experiência, e isso não é à toa. 

As empresas estão percebendo que contratar freneticamente pode não funcionar mais. É melhor ter menos gente mais capacitada do que uma massa de colaboradores que talvez gere instabilidade e ineficiência com consequente insatisfação nos clientes. A tecnologia e os modelos disruptivos de negócios contribuem para esse novo cenário. Tome como exemplo a Airbnb, com seus cerca de 500 colaboradores, em contraposição à rede de hotéis Marriot, que conta com aproximadamente 50 mil funcionários. Essa é a boa comparação entre o novo e o velho mundo, e isso só foi possível graças à aplicação da tecnologia aliada a um modelo de negócios completamente inovador, em que o número de funcionários não define a competência da empresa É assim, gerando concorrência e abrindo novos horizontes, que se muda o mundo e se faz disrupção. 

Voltando à linha de raciocínio para o mercado de trabalho, privilegiar a mão-de-obra mais sênior e experiente também representa uma mudança de paradigma no ambiente corporativo. Profissionais seniores possuem alto grau de conhecimento na disciplina em que atuam, já desempenharam muitos anos em sua atividade e por conta dessa experiência são muitas vezes mais ágeis na criação de soluções bem como na resolução dos problemas.

Mesmo no segmento de tecnologia, em que sempre se destacou a capacidade criativa dos mais jovens e sua capacidade de estarem mais “antenados”, hoje já se nota que as empresas mais alinhadas ao pensamento atual estão privilegiando o profundo conhecimento e a experiência. Empresas de serviços de tecnologia no modelo ‘boutique’, por exemplo, contam com estruturas enxutas e primam por oferecer alto índice de satisfação entre os clientes. Essas ‘boutiques’ oferecem atendimento diferenciado em relação à concorrência e demonstram ser mais prósperas que as empresas “tradicionais”. Isso porque as grandes corporações têm muito mais dificuldade para se mover, são pesadas e engessadas, não permitindo a transformação com a agilidade que o ritmo da tecnologia exige. Nessas grandes empresas, funcionários improdutivos e desmotivados podem até se esconder embaixo de toda uma estrutura complexa. E quem paga normalmente é o cliente. Nas ‘boutiques’ com modelos de negócio inovadores, as ineficiências dificilmente terão espaço.   

Qualidades dos mais experientes 
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E se os colaboradores mais experientes hoje encontram mais espaço em empresas que prezam pela eficiência, que tipo de características e qualidade eles precisam oferecer? Bem, além de skills técnicos, espera-se que esses profissionais sejam extremamente capacitados em habilidades comportamentais, que saibam se relacionar com o cliente, entender e solucionar suas dores e fidelizá-los, afinal tão importante quanto vender é oferecer um bom atendimento ao longo de toda a experiência. Esses profissionais também devem ser abertos à colaboração e ao engajamento com outras pessoas da equipe, impulsionando o intercâmbio de conhecimento e, consequentemente, a produtividade.

Em resumo, nesse mundo em constante mutação, fenômenos tecnológicos, políticos e socioculturais propiciam um ambiente em que profissionais experientes e seniores, que poderiam já estar considerando se aposentar, são chamados a reinventar seu horizonte de trabalho e adiar os planos de aposentaria. No ambiente corporativo, esse perfil de profissional encontra empresas que foram concebidas contando com sua maturidade e habilidades técnicas e comportamentais, as quais são valorizadas e bem remuneradas, em prol da satisfação do cliente, principal pilar da fidelização. Bem-vindo aos novos tempos. Casa na praia ou no campo? Por enquanto só aos fins de semana ou levando seu notebook para trabalhar em qualquer dia e horário no modelo home office, uma prática cada vez mais comum e que se tornou moeda de troca pelos inúmeros benefícios que oferece nos novos moldes de trabalho.

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