ESG

Do poço à roda: o pioneirismo brasileiro no processo de regeneração da mobilidade

A reflexão a partir dos processos e iniciativas de regeneração ambiental cada vez mais precisa ter espaço, principalmente transcendendo narrativas e disputas não-práticas.

Compartilhar:

É extremamente comum o sentimento de “viralatismo” que temos sobre os processos de inovação de uma figura brasileira.

Do avião, com Santos Dumont, até a Neuralink, com Dr. Miguel Nicolelis, é muito comum atribuirmos méritos, valores e glórias aos processos que são apenas enriquecedores ou que chegam a glórias por conta de fortunas, sem compreender o impacto e propósito criador.

Nesse sentido, é comum atribuir o que é feito por outras pessoas, em outros países, como algo de sucesso, sem reconhecer tamanha capacidade, inovação, inteligência e mérito em produzir tecnologias de impacto transformador.

A briga não é por narrativa e muito menos por validação nacional. A questão aqui se trata de uma questão de poder: o esmagamento intelectual e simbólico é algo vivido na pele constantemente. A divisão racial ainda atravessa nosso planeta, em nível macro e micro, além de fazer questão de se afirmar em premiações, discussões e projetos financeiros de impacto mundial.

Por isso, é resistir ao processo histórico da dominação colonizadora que ainda tem consequências brutais na nossa sociedade passa por compreender potencialidades que temos nas nossas mãos, com uma nação talentosa, rica e extremamente inteligente.

Não à toa, não pediríamos constantemente para “a NASA estudar brasileiros”, não é mesmo?

Desta vez é importante destacar um dos pioneirismos que experimentamos há pelo menos 15 anos: o fato do Brasil ter iniciativas verdes extremamente cruciais e que são ativamente importantes para o processo de regeneração mundial quando falamos em mobilidade.

Em 10 anos, somando os resultados de alguns regimes de transformação de combustíveis, a eficiência energética dos carros vendidos no Brasil melhorou mais de 26%, segundo a AGI. Isso se correlaciona com a significativa queda das emissões de poluentes graças ao programa “Do poço à roda”, o maior legado que pode ser deixado par ao futuro, na opinião de muitos analistas.

Mas, em linhas gerais o que significa essa frase e esse programa?

Se trata do programa Mover, instituído neste ano pelo Governo Federal. Em linhas gerais, se trata de incentivar a produção nacional em processos aliados ao propósito ESG e de impacto ambiental positivo. Ainda que não temos as tecnologias necessárias para uma produção completamente sustentável, se utiliza impostos de importação para fomentar pesquisa e desenvolvimento, além de promover a sustentabilidade e a reciclagem na fabricação de veículos.

Com um incentivo fiscal de R$ 19 bilhões em créditos até 2028, o programa representa uma oportunidade para o setor automotivo brasileiro investir em inovação e tecnologia.

Esta pauta ambiental, relacionada à eficiência energética e redução de emissões de gases do efeito estufa (GEEs), já domina as discussões que antecedem a segunda etapa do Rota 2030, impulsionada pelo recente crescimento da oferta de modelos elétricos no mercado nacional.

As montadoras ‘novatas’, detentoras da tecnologia 100% elétrica, defendem a prorrogação da isenção das taxas de importação destes modelos, vigente desde 2015. Do outro lado da discussão, montadoras tradicionais defendem maiores incentivos para modelos híbridos, com apelo aos biocombustíveis, em especial o etanol.

E por que isso é uma grande inovação no Brasil? Porque no centro das discussões e defesas de cada lado, estão dois importantes conceitos que sustentam a regeneração na cadeia produtiva inteira.

Diferentemente do que ocorre no resto do mundo, a ideia é compreender este processo sustentável em todos os parâmetros existentes na fabricação de um carro. Não é apenas um combustível verde, ou lataria, ou divisões entre borrachas necessárias e aparelhos técnicos.

A ideia da descarbonização é completa em todos os componentes existentes do veículo e cada vez mais visada, diferentemente de todos os processos já visto neste mundo. Cada vez mais iniciativas como estas precisarão ser destacadas e tomarem notoriedade para que consigamos seguir o caminho da regeneração e deixar para o passado estes processos industriais que impactante negativamente o nosso planeta.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura