Diversidade

Doar é transformar a nossa sociedade

Como num país em que a população se considera generosa e solidária existe tanta desigualdade e concentração de renda? É hora de assumirmos a responsabilidade sobre questões socioeconômicas, indo além do discurso trivial
Fundadora da #JustaCausa, do programa #lídercomneivia e dos movimentos #ondeestãoasmulheres e #aquiestãoasmulheres

Compartilhar:

Nós, brasileiros, nos consideramos muito generosos e solidários. Será? Em 2020, a fome atingiu 19 milhões de brasileiros. Enquanto isso, nesse primeiro ano de pandemia, nossas startups captaram mais de US$ 3,5 bilhões (R$ 18,1 bilhões). Além dessas cifras, a soma integral das fortunas apuradas de nossos 238 bilionários foi de aproximadamente R$ 1,2 trilhão.

De acordo com o “World Giving Index 2019”, o Brasil ocupa o 74° lugar, entre 140 países, no ranking de solidariedade, em média apurada ao longo de dez anos.

A partir dessa informação, não há dúvida de que somos ágeis e articulados na nossa capacidade de mobilização quando nos deparamos com situações de extremo desamparo, como fizemos no início da pandemia, em março de 2020.

Segundo a pesquisa “[Impacto da Covid-19 nas OSCs Brasileiras: da Resposta Imediata à Resiliência](https://sinapse.gife.org.br/download/impacto-da-covid-19-nas-oscs-brasileiras-da-resposta-imediata-a-resiliencia-sumario-executivo)”, 87% das organizações ofertaram atendimento e conectaram recursos emergenciais às populações vulneráveis mais afetadas pela Covid-19, em especial na distribuição de alimentos e produtos de higiene, assim como na conscientização sobre uso de equipamentos de proteção e segurança contra o coronavírus nas comunidades.

Como sociedade civil organizada, fomos capazes de arrecadar, no último ano, o montante de R$ 6,5 bilhões em doações, dos quais 74% foram direcionados à saúde, segundo o Monitor das Doações da Associação Brasileira dos Captadores de Recursos (ABCR).

Mas doar dinheiro, tempo ou conhecimento ainda não faz parte da nossa cultura. Tanto é assim que as doações vêm caindo vertiginosamente à medida que a pandemia se prolonga.

## Sociedade civil organizada e ativa

Como transformar esse nosso fogo de palha numa prática contínua? Em que momentos [nos acostumamos a não enxergar a desigualdade](https://mitsloanreview.com.br/post/dados-podem-estimular-a-equidade-racial), a fome e a miséria que nos cercam?

Você consegue lembrar da última vez em que se indignou com uma situação desumana que te tirou da sua costumeira letargia? Qual foi o gatilho, e o que você fez? Durante quanto tempo? Que impacto você gerou? Essa ação impactou sua vida, mudando seu comportamento, verdadeiramente? Ou você voltou ao seu velho “normal”?

Em que planeta você vive? Não dá para ver as pessoas morrendo de fome ou de covid-19 e não fazer nada. Claro que você não tem culpa dos seus privilégios, nenhum de nós tem. Mas alienação tem limite.

Precisamos agir, colocar a mão na consciência e no bolso. Doar tudo o que estiver ao nosso alcance – dinheiro, tempo, conhecimento, influência, capacidade de articulação. Nosso povo tem pressa. Como diz o Emicida, “é tudo pra ontem”.

Não existem salvadores da pátria, como sempre nos lembra a Luíza Helena Trajano. Somos nós, como sociedade civil organizada, que temos o poder de [combater a desigualdade, a fome, a miséria](https://www.revistahsm.com.br/post/wickbold-combater-a-desigualdade-aproveitar-a-oportunidade) e fazer valer os direitos humanos de todos os brasileiros.

## ESG: INDO ALÉM DA SIGLA

Encerro lembrando que é nossa responsabilidade transformar o Brasil num país ético, socialmente justo e inclusivo, comprometido com a sustentabilidade do planeta. É hora de colocar em prática os lindos discursos e anúncios do nosso compromisso com o social dos critérios ESG.

*Gostou do texto da Neivia Justa? Aproveite e assine gratuitamente[ nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e ouça [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Uncategorized
Há alguns anos, o modelo de capitalismo praticado no Brasil era saudado como um novo e promissor caminho para o mundo. Com os recentes desdobramentos e a mudança de cenário para a economia mundial, amplia-se a percepção de que o modelo precisa de ajustes que maximizem seus aspectos positivos e minimizem seus riscos

Sérgio Lazzarini

Gestão de Pessoas
Os resultados só chegam a partir das interações e das produções realizadas por pessoas. A estreia da coluna de Karen Monterlei, CEO da Humanecer, chega com provocações intergeracionais e perspectivas tomadas como normais.

Karen Monterlei

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Entenda como utilizar a metodologia DISC em quatro pontos e cuidados que você deve tomar no uso deste assessment tão popular nos dias de hoje.

Valéria Pimenta

Inovação
Os Jogos Olímpicos de 2024 acabaram, mas aprendizados do esporte podem ser aplicados à inovação organizacional. Sonhar, planejar, priorizar e ter resiliência para transformar metas em realidade, são pontos que o colunista da HSM Management, Rafael Ferrari, nos traz para alcançar resultados de alto impacto.

Rafael Ferrari

6 min de leitura
Liderança, times e cultura, ESG
Conheça as 4 skills para reforçar sua liderança, a partir das reflexões de Fabiana Ramos, CEO da Pine PR.

Fabiana Ramos

ESG, Empreendedorismo, Transformação Digital
Com a onda de mudanças de datas e festivais sendo cancelados, é hora de repensar se os festivais como conhecemos perdurarão mais tempo ou terão que se reinventar.

Daniela Klaiman

ESG, Inteligência artificial e gestão, Diversidade, Diversidade
Racismo algorítimico deve ser sempre lembrado na medida em que estamos depositando nossa confiança na inteligência artificial. Você já pensou sobre esta necessidade neste futuro próximo?

Dilma Campos

Inovação
A transformação da cultura empresarial para abraçar a inovação pode ser um desafio gigante. Por isso, usar uma estratégia diferente, como conectar a empresa a um hub de inovação, pode ser a chave para desbloquear o potencial criativo e inovador de uma organização.

Juliana Burza

ESG, Diversidade, Diversidade, Liderança, times e cultura, Liderança
Conheça os seis passos necessários para a inserção saudável de indivíduos neuroatípicos em suas empresas, a fim de torná-las também mais sustentáveis.

Marcelo Franco

Lifelong learning
Quais tendências estão sendo vistas e bem recebidas nos novos formatos de aprendizagem nas organizações?

Vanessa Pacheco Amaral