Vale Ocidental

Dos escritórios-modelos à incerteza

Como será o trabalho híbrido no Vale do Silício? Ninguém sabe, e isso está causando ansiedade nas pessoas
__Ellen Kiss__ é empreendedora e consultora de inovação especializada em design thinking e transformação digital, com larga experiência no setor financeiro. Em agosto de 2022. após um período sabático, assumiu o posto de diretora do centro de excelência em design do Nubank.

Compartilhar:

Após décadas construindo escritórios considerados modelo por vários setores, as empresas de tecnologia do Vale do Silício foram as primeiras a adotar o trabalho remoto – e agora começam a trazer seus funcionários de volta a seus polos presenciais.

A Uber foi a primeira a retornar ao seu novo campus em São Francisco, cuja obra foi concluída durante a pandemia. O escritório abriu com 20% da capacidade, com permissão para retorno voluntário dos funcionários. O Facebook também planeja um retorno em breve, para quem desejar. Sem definir ainda uma data de retorno, o Twitter prevê que a maioria de seus trabalhadores optará por um modelo misto ou híbrido quando os escritórios forem reabertos. E o Google começará a trazer funcionários americanos de volta de forma voluntária, testando um modelo de semana de trabalho flexível, com três dias presenciais e dois dias remotos. O mesmo se aplica à Apple, cujo início do retorno está programado para setembro.

A variedade de cenários que as grandes empresas de tecnologia estão analisando demonstra o nível de incerteza em relação ao retorno ao escritório, mesmo com o aumento do ritmo de vacinação nos Estados Unidos e no mundo. Especialistas acreditam que trabalho remoto será oferecido como um benefício para atrair um pool de talentos mais amplo do que os concorrentes.

Assim, só uma coisa é certa: as incertezas em relação ao retorno e à variedade nos modelos estão gerando ansiedade nos trabalhadores. Uma pesquisa recente da American Psychological Association apontou que cerca de metade dos funcionários sente-se desconfortável em voltar aos escritórios. Psicólogos afirmam que o sentimento é comum em situações cuja mudança comportamental foi impulsionada pelo medo, como no caso da pandemia. Mudar esse hábito vai exigir que os empregadores ajudem os funcionários a aliviar os sentimentos ruins.

Algumas recomendações estão relacionadas ao acesso à informação, como deixar bem claras as medidas tomadas para garantir a segurança. Especialistas também recomendam iniciativas para minimizar o medo do retorno, como praticar o que é chamado de terapia da exposição, ou seja, a pessoa dá um pequeno passo para enfrentar o medo, como ir ao escritório por um período e aumentar aos poucos as horas e os dias na empresa. Além disso, sugerem que as pessoas pratiquem os métodos conhecidos para alívio do estresse, como respiração profunda e meditação.

O papel da liderança será importante nesse retorno, apoiando e incentivando as pessoas a encontrarem soluções que as façam se sentir melhor.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Gestão de Pessoas
Aprender algo novo, como tocar bateria, revela insights poderosos sobre feedback, confiança e a importância de se manter na zona de aprendizagem

Isabela Corrêa

0 min de leitura
Inovação
O SXSW 2025 transformou Austin em um laboratório de mobilidade, unindo debates, testes e experiências práticas com veículos autônomos, eVTOLs e micromobilidade, mostrando que o futuro do transporte é imersivo, elétrico e cada vez mais integrado à tecnologia.

Renate Fuchs

4 min de leitura
ESG
Em um mundo de conhecimento volátil, os extreme learners surgem como protagonistas: autodidatas que transformam aprendizado contínuo em vantagem competitiva, combinando autonomia, mentalidade de crescimento e adaptação ágil às mudanças do mercado

Cris Sabbag

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Geração Beta, conflitos ou sistema defasado? O verdadeiro choque não está entre gerações, mas entre um modelo de trabalho do século XX e profissionais do século XXI que exigem propósito, diversidade e adaptação urgent

Rafael Bertoni

0 min de leitura
Empreendedorismo
88% dos profissionais confiam mais em líderes que interagem (Edelman), mas 53% abandonam perfis que não respondem. No LinkedIn, conteúdo sem engajamento é prato frio - mesmo com 1 bilhão de usuários à mesa

Bruna Lopes de Barros

0 min de leitura
ESG
Mais que cumprir cotas, o desafio em 2025 é combater o capacitismo e criar trajetórias reais de carreira para pessoas com deficiência – apenas 0,1% ocupam cargos de liderança, enquanto 63% nunca foram promovidos, revelando a urgência de ações estratégicas além da contratação

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O SXSW revelou o maior erro na discussão sobre IA: focar nos grãos de poeira (medos e detalhes técnicos) em vez do horizonte (humanização e estratégia integrada). O futuro exige telescópios, não lupas – empresas que enxergarem a IA como amplificadora (não substituta) da experiência humana liderarão a disrupção

Fernanda Nascimento

5 min de leitura
Liderança
Liderar é mais do que inspirar pelo exemplo: é sobre comunicação clara, decisões assertivas e desenvolvimento de talentos para construir equipes produtivas e alinhada

Rubens Pimentel

4 min de leitura
ESG
A saúde mental no ambiente corporativo é essencial para a produtividade e o bem-estar dos colaboradores, exigindo ações como conscientização, apoio psicológico e promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.

Nayara Teixeira

7 min de leitura
Empreendedorismo
Selecionar startups vai além do pitch: maturidade, fit com o hub e impacto ESG são critérios-chave para construir ecossistemas de inovação que gerem valor real

Guilherme Lopes e Sofia Szenczi

9 min de leitura