Vale Ocidental

E o CX em serviços públicos? Somos todos clientes

A atual iniciativa do governo federal americano de aperfeiçoar as experiências oferecidas poderia inspirar as várias instâncias de governo no Brasil
__Ellen Kiss__ é empreendedora e consultora de inovação especializada em design thinking e transformação digital, com larga experiência no setor financeiro. Em agosto de 2022. após um período sabático, assumiu o posto de diretora do centro de excelência em design do Nubank.

Compartilhar:

Seja nesta __HSM Management__ ou em outras publicações, o conteúdo sobre experiência do cliente (CX, na sigla em inglês) se refere sobretudo à qualidade da jornada de compra de um produto ou do uso de um serviço de uma empresa privada. No entanto, uma perspectiva de maior importância – e pouco explorada – é a CX no governo. Seja uma pequena empresa pedindo empréstimo em banco público, uma família carente solicitando um benefício ou uma pessoa passando pela segurança no aeroporto, todos vivemos a experiência de clientes de serviços públicos.

O olhar governamental sobre CX existe desde os anos 1960 e alguns exemplos dos anos 1990 são bem conhecidos. Em 1993, o governo dos Estados Unidos emitiu ordens executivas para a melhoria do atendimento ao cliente nas agências federais. Foi nessa década que o Reino Unido criou unidades governamentais multidisciplinares para envolver as pessoas no desenvolvimento colaborativo de serviços e políticas públicas e prover assim uma melhor experiência, usando métodos de design.

Recentemente, a CX nos serviços públicos ganhou relevância e escala, em razão de desafios como a recuperação da pandemia global, a crise climática e a busca por crescimento econômico e igualdade. Em dezembro de 2021, o presidente Joe Biden emitiu uma ordem executiva que enfatizava a melhoria da experiência nas interações do cidadão americano com o governo. “Nosso governo deve se comprometer a ser ‘do povo, pelo povo {e} para o povo’ para resolver os complexos desafios do século 21 enfrentados por nossa nação. O governo deve se responsabilizar por projetar e fornecer serviços com foco na experiência real das pessoas a quem deve servir”, escreveu. E criou uma iniciativa pró-CX envolvendo 35 agências governamentais – da Agricultura ao Trabalho, da Educação ao Desenvolvimento Urbano e Imigração. Elas trabalham integradas para mapear, desenhar, construir e gerir serviços públicos centrados nos momentos mais críticos da vida das pessoas, evitando reproduzir os silos comuns dos departamentos de governo. Priorizam cinco momentos cruciais na experiência de vida das pessoas: aproximação da aposentadoria; recuperação de desastres; transição do serviço militar para a vida civil; nascimento e primeira infância para mães e crianças de baixa renda; e crise financeira e elegibilidade a programas de apoio. Não param de ser criados serviços para resolver essas questões essenciais.

Um aspecto fundamental dessa iniciativa do governo dos Estados Unidos é a habilidade de coletar feedback – a partir de sete indicadores da experiência: satisfação, segurança/confiança, qualidade, facilidade/simplicidade, eficiência/agilidade, transparência e atendimento dos funcionários.

Sabendo da influência que os Estados Unidos exercem sobre o Brasil em tantos aspectos, torço para que esse programa de CX de serviços públicos federais sirva também como benchmark para nós. Design de experiência do cliente é algo fundamental. Não por acaso hoje eu trabalho em um banco digital que se distingue por priorizar esse tema.

[Saiba mais sobre a CX federal do Estados Unidos.](https://www.performance.gov/cx/)

Artigo publicado na HSM Management nº 156.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
9 de outubro de 2025
Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Laís Macedo, Presidente do Future is Now

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Bem-estar & saúde, Finanças
8 de outubro de 2025
Aos 40, a estabilidade virou exceção - mas também pode ser o início de um novo roteiro, mais consciente, humano e possível.

Lisia Prado, sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
7 de outubro de 2025
O trabalho flexível deixou de ser tendência - é uma estratégia de RH para atrair talentos, fortalecer a cultura e impulsionar o desempenho em um mundo que já mudou.

Natalia Ubilla, Diretora de RH no iFood Pago e iFood Benefícios

7 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de outubro de 2025
Como a evolução regulatória pode redefinir a gestão de pessoas no Brasil

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)