São 20 anos de caminhada em uma companhia que carrega como valor “conduzir negócios essenciais à vida”. CEO da John Deere no Brasil e vice-presidente de marketing e vendas da empresa para a América Latina, Antonio Carrere aprendeu nesses anos que uma das principais missões da área de recursos humanos é potencializar os atributos de cada profissional da equipe lendo sua bagagem e conhecimento. O executivo também destaca a missão de formar equipes diversas como essencial.
“A companhia tem de trabalhar para que seus funcionários tenham a oportunidade de ser os protagonistas de suas carreiras em um ambiente de colaboração e de constante inovação. E deve ter um interesse genuíno na busca pela diversidade”, garante. Neste bate-papo com Wellington Silvério, diretor de recursos humanos da John Deere para a América Latina, Carrere fala mais da relação de parceria da empresa com seus colaboradores e da mistura de tecnologia e pessoas como essencial ao sucesso do agronegócio.
__WELLINGTON SILVÉRIO – Quais são os desafios e as expectativas para a sua gestão na John Deere?__
__ANTONIO CARRERE –__ O mundo está evoluindo na velocidade da luz, não é? A John Deere tem de evoluir junto, auxiliando seus clientes a obter mais produtividade, com sustentabilidade no campo. Por isso, tenho como objetivo manter o olhar no futuro e continuar ajudando a impulsionar cada vez mais o crescimento da produção de alimentos no Brasil, sempre com uma visão estratégica global. Para isso, meu desafio pessoal é apoiar os times da John Deere, internos, claro, mas também externos, através da nossa rede de concessionários, fornecedores e parceiros de negócios, para que estejam preparados para antecipar necessidades futuras dos clientes. Através do agro, e das pessoas que nele trabalham, temos tudo para contribuir para um ciclo virtuoso no desenvolvimento brasileiro.
__Sob a ótica de líder, qual o perfil de profissional que a John Deere precisa atualmente?__
A John Deere busca profissionais que sejam capazes de solucionar não apenas problemas pontuais, mas também de integrar e ter uma visão estratégica 360º para diversos temas. Acredito que cabe ao líder o papel de maximizar as virtudes de cada profissional, fazendo uma leitura clara sobre o que cada um oferece de bagagem e de conhecimento. Queremos ter pessoas de backgrounds diversos e de todas as idades, para ter diversidade no conhecimento e no olhar. E o líder deve desenvolvê-las, em especial as da próxima geração, por meio de conexões pessoais e de experiências práticas.
Num profissional, busca constante de capacitação técnica e de atualizações também são cruciais para que se mantenha sempre à frente no mercado. Estar atento aos debates sobre inovação, empreendedorismo e outras tendências, ainda fará com que esse profissional se desenvolva melhor.
__Como você vê funcionando a relação entre os colaboradores e líderes da John Deere?__
Na John Deere estamos certos de que tão importante quanto a entrega de produtos e serviços de alta qualidade é o compartilhamento de valores em alto nível. Para que isso aconteça, é primordial que os líderes também conquistem a confiança de seus colaboradores, criando uma via de mão dupla. Uma comunicação interna fluida e permanente tem papel fundamental para promover o engajamento e o alinhamento entre funcionários, líderes e equipes. Estar integrado e ter capacidade de se relacionar, de escutar e de traduzir todo o desempenho em uma posição altamente proativa, já faz parte do perfil dos nossos funcionários.
Assim como fazemos com os nossos clientes, criando proximidade e vínculos de forma mais humanizada, também praticamos com os nossos funcionários, de dentro para fora. Independente de serem líderes ou não, essa proximidade gera uma visão interdisciplinar, fazendo com que todas as áreas da companhia participem de processos importantes, enriquecendo o trabalho de todos. Isso gera produtividade, interna e externa, e leva ao avanço da empresa.
__Como você avalia as ações da John Deere em relação a diversidade, equidade e inclusão (DEI)?__
As estratégias de DEI da John Deere estão embasadas em cinco pilares: pessoas com deficiência, gênero, LGBTQIA+, inclusão étnico-racial e funcionários de produção. Entendemos que conscientização, sensibilização e comunicação são primordiais e devem ser constantes na John Deere para que todos tenham um interesse genuíno pela diversidade e pelas ações afirmativas em promoção de equidade e inclusão. Esse é um trabalho diário, interno e externo, assim como atração, desenvolvimento e retenção de talentos diversos.
Atualmente, temos mais de 70 iniciativas em andamento nas diferentes unidades da John Deere em todo o País, que propiciam diversidade, inclusão, saúde e bem-estar no clima organizacional. Como exemplo, a John Deere promove grupos de afinidade para que todos possam se desenvolver e se sentir seguros em seus ambientes de trabalho, como Rainbow (LGBTQIA+), desenvolvimento de PCDs, Women Reach (incentivo às mulheres), e Black Employee Resource Group (cultura e inclusão).
De igual forma, temos atuado em prol de DEI em parcerias com nossos clientes, concessionários e cadeia de fornecedores, por meio de comitês, palestras, comunidades de práticas e de afinidades, diagnósticos e outras ações conjuntas.
__No que se refere a ESG, quais são as ações desenvolvidas pela empresa?__
No tocante ao ambiental, há 15 anos apoiamos a Embrapa em uma grande transformação na agricultura sustentável, que é o sistema ILPF, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos numa mesma área, desenvolvendo a agricultura, protegendo biomas e revitalizando áreas degradadas.
Os nossos produtos também possuem soluções para proteger o meio ambiente, como um de nossos lançamentos mais recentes, a colhedora de cana CH950, única que permite a colheita em duas linhas simultâneas e é considerada uma revolução no setor, pois além do ganho de eficiência, reduz a compactação do solo em até 60%, e diminui em 30% o consumo de combustível, entre outros benefícios. Outro exemplo de produto é o See & Spray, tecnologia desenvolvida pela Blue River Technology (empresa adquirida pela John Deere) para pulverizar ervas daninhas apenas quando e onde são detectadas e minimizar os custos de insumos.
A companhia trabalha sua trajetória social de forma obstinada. Além dos nossos funcionários, atuamos fortemente do Brasil por meio da Fundação John Deere, nosso braço social. Como você bem sabe, a instituição conseguiu angariar mais de 3 mil toneladas de alimentos para distribuição, somente na Campanha Nacional de 2021. A iniciativa é realizada pela Fundação John Deere em conjunto com a rede de fornecedores, clientes, colaboradores e concessionários e visa contribuir para o combate à fome e a redução do impacto social causado pela pandemia da covid-19.
A Fundação também tem documentários produzidos com outras grandes instituições como a “Caminho das Águas”, a “Energia Verde e Amarela” e a “Terra e Sustentabilidade”, desenvolvidos em conjunto com a Embrapa para incentivar e conscientizar sobre práticas sustentáveis.
__Como a empresa vê o horizonte do agro no Brasil?__
A necessidade do mundo por alimento é real e latente. Com todo o potencial agrícola de que dispõe, o Brasil será responsável por grande parte dessa produção. Segundo projeções do Ministério da Agricultura, o Brasil deverá colher mais de 300 milhões de toneladas de grãos já na safra 2024/25, quase o dobro da projeção atual, e sem a necessidade de aumentar a área de plantio. Isso quer dizer que o País vai produzir e preservar com a máxima eficiência. A John Deere também terá parte importante nesse protagonismo, fornecendo as melhores tecnologias para atender os produtores de forma eficaz, inovadora, econômica e sustentável.
__É só tecnologia que contribui para essa evolução ou uma combinação de tecnologia e pessoas?__
É o pacote “tecnologias e profissionais altamente capacitados” que move o desenvolvimento socioeconômico do País e do setor, ao fazer com que o produtor rural tome decisões assertivas. Nossos equipamentos são integrados aos Centros de Soluções Conectadas (CSC) instalados nos concessionários da companhia. Assim, o produtor pode acessar o Operations Center, nossa plataforma, para obter orientação a partir dos olhares apurados dos profissionais. O cliente conta com a tecnologia e com a assistência de concessionário ou especialista para tomar as decisões da sua lavoura em tempo real.
__Antonio Carrere__
Estudou agronomia na Purdue University e liderança na Tuck School.
__Wellington Silvério__
É psicólogo com pós em RH, MBA e estudos em psicologia social.