Tecnologia e inovação

É possível ter um time tech sustentável?

Estruturar equipes de tecnologia para acompanhar e evoluir com o crescimento do negócio, com métricas e definições de sucesso transparentes, além de uma liderança disposta a encarar decisões difíceis, é essencial hoje em dia
Gleicon Moraes é CTO da Arquivei. Formado em ciências da computação pela Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (Fito) e pós-graduado em sistemas de informação pela Unifieo. Com passagens por empresas como Locaweb, Luizalabs, Nubank, Gympass, Loggi e UOL, o executivo traz na bagagem uma jornada de mais de 25 anos na área de tecnologia.

Compartilhar:

Para montar um time de tecnologia de sucesso, você precisa ter um senso de progresso. Se não desenvolvemos um software sem métricas evolutivas, por que a gestão de pessoas deveria ser diferente? O investimento em profissionais é o fator mais importante de uma empresa, por isso todos merecem saber claramente o que é esperado deles. Em conversas com líderes de tech, quando percebo que estão insatisfeitos, questiono: todo mundo no seu time sabe o que é sucesso?

Há organizações que, com uma equipe enxuta, conquistam resultados incríveis, mas, quando começam a crescer, tropeçam. Certa vez, durante um processo de mentoria, acompanhei uma empresa que, com apenas uma dúzia de desenvolvedores e engenheiros, tinha conquistado um crescimento exponencial em pouco tempo. Com sede de escalabilidade, em menos de um ano a companhia passou a ter 200 pessoas, e os resultados saíram do controle.

O que aconteceu? Cada parte do time de tecnologia tinha adotado um modelo de gestão diferente, em geral, baseado em conceitos que deram certo em gigantes como Spotify e Google, que possuem milhares de funcionários. Sem nenhuma espécie de aculturamento, o entendimento do que seria um projeto de sucesso não estava unificado. Para se reestruturar, a companhia teve que dar vários passos para trás.

Nada contra o benchmarking e buscar referências inspiracionais no mercado — mas sabendo que nem sempre o marketing tem respaldo na realidade das empresas. Tenho alguns princípios para organizar times que derivam dessas inspirações aplicadas em experiências reais.

Um deles, do qual não abro mão: a cada sete pessoas, precisa haver uma liderança no time. Para mim, esse é o ponto de equilíbrio da gestão, aquele em que um gestor consegue dar a direção, o suporte ao desenvolvimento e se responsabilizar pelos resultados. E o mais importante: seu time consegue aprender e garantir a entrega necessária! Ter banda para gestão conectada à estratégia da empresa, cuidar de pessoas e ter conversas difíceis.

Além de estruturar o crescimento do time de tecnologia, à medida que uma empresa cresce, deve também criar seus próprios fatores de decisão, suas métricas para avaliar e definir o que é sucesso para seu negócio. Sem isso, nenhum dos três motivadores intrínsecos de Daniel Pink, escritor de best-sellers sobre trabalho e gestão, se sustentam e os melhores profissionais abandonam o barco.

Segundo ele, para reter e motivar as pessoas é preciso dar autonomia para realizar tarefas com espaço para experimentar, errar e aprender; maestria para que pratiquem e desenvolvam mais de uma habilidade; propósito para que encontrem significado nas atividades que realizam: propósitos desalinhados criam times, mas não dão lugar a conversas e decisões difíceis.

É necessário ter muita determinação e resiliência para desenvolver o time sem ceder à tentação de contratar profissionais “prontos”, equilibrar expectativas, ajustar o passo no tempo certo, não cascatear a pressão por resultados a qualquer custo e, acima de tudo, formar um time diverso, multidisciplinar e disposto a crescer junto.

Times bem formados, métricas claras, líderes que encaram decisões difíceis: ser sustentável é tudo isso. Senão um time vira uma linha em uma planilha de orçamento.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
9 de outubro de 2025
Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Laís Macedo, Presidente do Future is Now

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Bem-estar & saúde, Finanças
8 de outubro de 2025
Aos 40, a estabilidade virou exceção - mas também pode ser o início de um novo roteiro, mais consciente, humano e possível.

Lisia Prado, sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
7 de outubro de 2025
O trabalho flexível deixou de ser tendência - é uma estratégia de RH para atrair talentos, fortalecer a cultura e impulsionar o desempenho em um mundo que já mudou.

Natalia Ubilla, Diretora de RH no iFood Pago e iFood Benefícios

7 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de outubro de 2025
Como a evolução regulatória pode redefinir a gestão de pessoas no Brasil

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
Ser CEO é mais que ocupar o topo - para mulheres, é desafiar estereótipos e transformar a liderança em espaço de pertencimento e impacto.

Giovana Pacini, Country Manager da Merz Aesthetics® Brasil

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
A IA está redefinindo o trabalho - e cabe ao RH liderar a jornada que equilibra eficiência tecnológica com desenvolvimento humano e cultura organizacional.

Michelle Cascardo, Latam Sr Sales Manager na Deel

5 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)