Lifelong learning

Educação descentralizada: o futuro dos negócios de educação

E não é só isso. Na era do lifelong learning, a educação corporativa e o autodidatismo podem avançar muito se estiverem em sintonia com a educação que se descentraliza e personaliza
Janaina Marques é consultora educacional da Britannica Education. Tem formação em economia e pedagogia, além de especialização em práticas da educação bilíngue, design instrucional, UX design, educadora certificada pelo Google níveis 1 e 2, TESOL certificada pela Arizona State University e educadora online pela Macquarie University.

Compartilhar:

A educação é um campo em constante evolução a partir de estudos, novas realidades e necessidades, além da transformação natural da sociedade e daquilo que nos cerca. No passado e durante bastante tempo o processo de ensinar foi pensado como um “passar de mãos” de um grupo que detinha o conhecimento para os seus aprendizes em um movimento linear e controlado. Afinal, a fonte de informação era apenas uma: o professor.

Porém, em um mundo cada vez mais conectado e tecnologicamente avançado, uma abordagem inovadora tem ganhado destaque: a educação descentralizada. Uma vez que as fontes de informação vem de diversas fontes, os alunos são impactados a todo tempo com novos estímulos que preenchem seu repertório ao mesmo tempo em que estimulam a curiosidade e um papel ativo na busca e processamento por aquilo que os interessa.

Ou seja, o formato surgiu como resposta eficaz para os desafios do ensino tradicional, que tende a não mais prender a atenção do aluno em uma sala de aula em que apenas o professor tem vez e voz.

A educação descentralizada considera que tanto o aluno quanto o professor são protagonistas no processo de aprendizagem, cada um com seus papéis. Dessa maneira o professor tem a função essencial de mediação, de imprimir a intencionalidade pedagógica nas propostas, enquanto o aluno toma as rédeas da sua aprendizagem nessa relação dialógica com o docente.

O “passar de mãos” é substituído pela troca, ao estimular que o professor estruture informações em torno das hipóteses e da visão de mundo dos alunos, transformando isso em uma trilha educacional.

De forma simplificada, são três os pilares que sustentam essa forma de educação:

– __Personalização:__ a educação descentralizada reconhece que cada aluno é único. Plataformas digitais e ferramentas inteligentes permitem a adaptação do conteúdo de acordo com as necessidades e preferências de aprendizado de cada indivíduo. Isso não apenas aumenta o engajamento, mas também promove uma compreensão mais profunda dos conceitos.
– __Autonomia:__ ao dar aos alunos a liberdade de escolher os caminhos de aprendizado que mais os interessam, a educação descentralizada fomenta a autonomia e a responsabilidade. Isso os prepara não apenas para absorver informações, mas também para tomar decisões informadas e resolver problemas de forma independente.
– __Aprendizado ativo:__ Em vez de serem receptores passivos de informações, os alunos envolvidos na educação descentralizada são incentivados a participar ativamente na busca pelo conhecimento. Isso pode incluir projetos práticos, colaborações em grupo e interações significativas com o conteúdo.

O impacto disso é que esse contexto pedagógico não apenas atende melhor às necessidades individuais dos alunos, mas também prepara-os de maneira mais eficaz para o mundo em constante mudança. Ao desenvolver habilidades de aprendizado autônomo, resolução de problemas e pensamento crítico, os alunos se tornam cidadãos preparados para enfrentar os desafios do século 21. Ela transcende as limitações do ensino tradicional, capacitando os alunos a se tornarem aprendizes ao longo da vida, adaptáveis e curiosos.

É claro que esse é o desejo atual de resultado de todo profissional da educação para os seus alunos. Porém, ainda há bastante dúvida em como alcançá-lo, principalmente diante de desafios e de particularidades do nosso País, como a rigidez curricular e a forma como medimos conhecimento (com provas e vestibulares).

A resposta para que essa virada para a educação descentralizada comece a acontecer está na adoção de tecnologias educacionais e estratégias de ensino que permitam a personalização do ensino e a participação ativa dos alunos de maneira a dar os primeiros passos rumo ao futuro da educação descentralizada.

E isso passa por uma série de esferas: desde fontes de informação atualizadas e adequadas para educação para que os estudantes mergulhem, levantem suas hipóteses e tenham contato com o mundo e com os seus interesses; passando pela necessidade de oferecer o conhecimento a partir de diferentes formatos para se conectar com a diversidade de maneiras de aprender; trazendo diversidade ao avaliar o progresso do aluno, lançando mão tanto de avaliações formativas quanto somativas, para que esse aluno se perceba e seja percebido globalmente na sua trajetória de aprendizagem.

Se o ensino descentralizado parece longe para você, saiba que para o seu aluno o aprendizado descentralizado já é uma realidade e, por esse motivo, é importante que o professor se aproprie desse papel de mediação e estabeleça essa relação dialógica a fim de que esse modelo aconteça com intencionalidade pedagógica! E a sua instituição pode estar desperdiçando tempo em não aproveitar para transformar esse potencial natural dos estudantes em diferencial competitivo que beneficia não apenas o negócio em si, mas toda a sociedade.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O futuro dos eventos: conexões que transformam

Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura
Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura