Tecnologia e inovação

Educação que transforma vidas – Parte 1

Ela foi reconhecida como uma das dez melhores professoras do mundo. Conheça Debora Garofalo, a brasileira que ensina robótica com sucatas.

Compartilhar:

O que pode acontecer com a sua carreira quando você decide levantar a mão e se lançar em uma jornada totalmente desconhecida? No caso de Debora Garofalo, rendeu uma posição entre os dez melhores professores do mundo, reconhecimento por seu ofício de ensinar robótica com sucata para crianças de uma escola pública.

Quando ainda sonhava em ser professora e se formou no magistério, Garofalo não imaginava que as circunstâncias da vida quase a tirariam do universo acadêmico. Sem condições de custear seus estudos apenas com o dinheiro que ganhava lecionando, a professora largou a sala de aula e foi parar no mundo corporativo. Primeiro como estagiária de um banco de investimentos, depois como analista de RH em uma indústria, Garofalo se esforçava para concluir a graduação em letras e voltar a dar aulas. Assim o fez, por um longo período, conciliando seu emprego na indústria com as aulas na rede estadual. Até o dia que deu um basta e pediu demissão. Seu chefe, demonstrando preocupação, não queria deixá-la ir. Segundo ele, como professora, sua remuneração seria sempre baixa e o desenvolvimento de sua carreira ficaria comprometido.

Garofalo não deu ouvidos, e seguiu seu coração. Ainda bem. Foi nessa nova fase, dedicando-se 100% aos seus alunos, que surgiu a oportunidade de se oferecer ao cargo de professora de tecnologia. Sem nenhuma experiência, mas com vontade de aprender, ela buscou entender a realidade da turma, formada por crianças da periferia de São Paulo. Como ensinar tecnologia para um público que sofre com problemas tão básicos como o do saneamento? Reportando problemas com o lixo e com as enchentes causadas por ele, as crianças inspiraram a educadora a ir além: 

reunir em uma só disciplina tecnologia, robótica e sustentabilidade.

Foi assim que, em sala de aula, o primeiro protótipo nasceu: um carrinho, totalmente feito de sucata, movido a balão de ar, utilizando a Terceira Lei de Newton. Além da empolgação das crianças, a conquista quebrou paradigmas no mundo acadêmico: ensinar robótica, até então, exigia um kit específico, portanto investimentos. Garofalo e sua turma fizeram exatamente ao contrário: não só dispensaram o dinheiro, como tiraram das ruas mais de uma tonelada de lixo em três anos e meio em que ela esteve à frente da disciplina.

Ficar no TOP 10 do Global Teacher Prize, considerado o Nobel da Educação, ainda fez Garofalo quebrar mais um paradigma: ela foi a primeira mulher brasileira a conquistar essa posição de destaque. Encarou o preconceito que é ser mulher na área de tecnologia, superou desafios de investimento, transformou lixo em conhecimento, venceu mais prêmios nacionais e, diante de todos esses feitos, sabe do que a educadora mais se orgulha? De ter mudado, com beleza e profundidade, a vida de centenas de crianças que, mais autoconfiantes e cientes de suas capacidades, passaram a acreditar em um futuro melhor. 

E que tal saber mais sobre essa história de transformação? A íntegra da entrevista com a Debora Garofalo está [**esperando o seu** **clique**](https://revistahsm.com.br/post/role-model).

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

Saúde psicossocial é inclusão

Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Empreendedorismo
Em um mundo onde as empresas têm mais ferramentas do que nunca para inovar, por que parecem tão frágeis diante da mudança? A resposta pode estar na desconexão entre estratégia, gestão, cultura e inovação — um erro que custa bilhões e mina a capacidade crítica das organizações

Átila Persici

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A ascensão da DeepSeek desafia a supremacia dos modelos ocidentais de inteligência artificial, mas seu avanço não representa um triunfo da democratização tecnológica. Embora promova acessibilidade, a IA chinesa segue alinhada aos interesses estratégicos do governo de Pequim, ampliando o debate sobre viés e controle da informação. No cenário global, a disputa entre gigantes como OpenAI, Google e agora a DeepSeek não se trata de ética ou inclusão, mas sim de hegemonia tecnológica. Sem uma governança global eficaz, a IA continuará sendo um instrumento de poder nas mãos de poucos.

Carine Roos

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A revolução da Inteligência Artificial está remodelando o mercado de trabalho, impulsionando a necessidade de upskilling e reskilling como estratégias essenciais para a competitividade profissional. Empresas como a SAP já investem pesadamente na requalificação de talentos, enquanto pesquisas indicam que a maioria dos trabalhadores enxerga a IA como uma aliada, não uma ameaça.

Daniel Campos Neto

6 min de leitura
Marketing
Empresas que compreendem essa transformação colhem benefícios significativos, pois os consumidores valorizam tanto a experiência quanto os produtos e serviços oferecidos. A Inteligência Artificial (IA) e a automação desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo a resolução ágil de demandas repetitivas por meio de chatbots e assistentes virtuais, enquanto profissionais se concentram em interações mais complexas e empáticas.

Gustavo Nascimento

4 min de leitura
Empreendedorismo
Pela primeira vez, o LinkedIn ultrapassa o Google e já é o segundo principal canal das empresas brasileiras. E o seu negócio, está pronto para essa nova era da comunicação?

Bruna Lopes de Barros

5 min de leitura
ESG
O etarismo continua sendo um desafio silencioso no ambiente corporativo, afetando tanto profissionais experientes quanto jovens talentos. Mais do que uma questão de idade, essa barreira limita a inovação e prejudica a cultura organizacional. Pesquisas indicam que equipes intergeracionais são mais criativas e produtivas, tornando essencial que empresas invistam na diversidade etária como um ativo estratégico.

Cleide Cavalcante

4 min de leitura
Empreendedorismo
A automação e a inteligência artificial aumentam a eficiência e reduzem a sobrecarga, permitindo que advogados se concentrem em estratégias e no atendimento personalizado. No entanto, competências humanas como julgamento crítico, empatia e ética seguem insubstituíveis.

Cesar Orlando

5 min de leitura
ESG
Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Alain S. Levi

6 min de leitura
Carreira
O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

Viviane Ribeiro Gago

4 min de leitura
Liderança
A liderança eficaz exige a superação de modelos ultrapassados e a adoção de um estilo que valorize autonomia, diversidade e tomada de decisão compartilhada. Adaptar-se a essa nova realidade é essencial para impulsionar resultados e construir equipes de alta performance.

Rubens Pimentel

6 min de leitura