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Em alta, o lado humano do profissional digital

A liderança do futuro deve focar a necessidade de abraçar e lidar com as próprias emoções
José Augusto Figueiredo é country head do Grupo Adecco.

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Muitos acreditam que se digitalizaram durante o isolamento da pandemia. Um olhar mais atento nos diz que não. Paradoxalmente, o fato mais importante do período foi ressignificarmos a essência humana.

O exercício de imaginar o futuro da liderança empresarial depois do que passamos em 2020 traduz-se em uma grande aventura. Tantos paradigmas foram superados, e aprendizados emergem a todo instante, ainda em um momento de grande incerteza. Na essência, mudamos nosso comportamento quanto a como consumir, interagir e, principalmente, liderar. Como liderar, por exemplo, com equipes trabalhando de forma remota? Como sustentar uma cultura em que não há interações sociais? O que é temporário e o que é definitivo? Ou, em última análise, como saber se as pessoas estão realmente trabalhando?

Percebemos essas questões na pauta de muitos líderes ao longo de 2020. Importante salientar que a liderança aqui retratada não é um atributo exclusivo de CEOs ou “chefes”. Nem um dom nato que não possa ser aprendido. A liderança é, sim, um fenômeno humano, pleno em diversidade, descolado de hierarquia, fundamentado em mobilizar pessoas e recursos para caminharem a serviço de um propósito.

Nesse sentido, o primeiro chamado aos líderes e às organizações neste momento é relativo ao propósito. Por que e para que estamos juntos nesse empreendimento?
O trabalho remoto proporcionou muita autonomia às pessoas e viabilizou entregas com criatividade e dedicação. No longo prazo, o combustível para esse empoderamento residirá no significado que as pessoas atribuirão ao trabalho, ou seja, ao propósito.

Outra pauta na agenda dos líderes no curto prazo é a comunicação. Esta foi extremamente amplificada pela capacidade de atingir um público muito maior por meio de canais digitais. A forma e a qualidade do conteúdo passam a fazer grande diferença na imagem percebida pelas pessoas. Pequenas expressões criam cultura!
O tradicional estereótipo do líder super-herói definitivamente cai em desuso. O líder sente, sofre e chora, como todos os humanos. A capacidade de lidar com sua vulnerabilidade passa a ser uma competência invejável e saudável. A digitalização dos negócios e processos entra devastadoramente na agenda e, a reboque, a gestão ágil, com suas metodologias (scrum, sprints e squads) passa a fazer parte do fluxo organizacional. A transformação do contexto impacta diretamente os resultados gerados por diferentes estilos de liderança. Caberá ao líder no exercício do seu autoconhecimento desfocar-se de seu ego e de suas necessidades internas para focar seu entorno ou o externo a si mesmo. Felizmente, esse exercício ainda é atemporal.

Nessa linha lógica da evolução, há evidências de que o olhar para o outro e para a justiça social devem se fortalecer nos próximos cinco a dez anos. O amadurecimento dos ecossistemas e a consolidação das supply chains globais devem elevar a competição para esferas de maior cooperação e parcerias. A inovação deverá ser mais aberta, sem fronteiras, tornando-se o principal caminho para a transformação do negócio. As soluções para os clientes seguirão mais completas na forma de plataformas. As relações de propriedade estarão mais ponderadas pelo “usufruir” versus “possuir”, o que deve disruptar e criar muitos negócios.

E, de uma maneira geral, aquilo que entendemos hoje como ESG deverá se consolidar como base do modelo de gestão de qualquer empreendimento. Nesse sentido, e com muito otimismo, esse provável futuro deverá requerer dos líderes diversas competências emocionais, muita sensibilidade, escuta, alta capacidade de expressão e uma gestão ambidestra, capaz de lidar com multiplicidade de culturas (ao mesmo tempo) e com fronteiras invisíveis, além de equilibrar o corporativo, o humano e o social.

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