Saúde Mental

Emoções à flor da pele: um chamado à ação

Líderes têm a obrigação de criar ambientes seguros e empáticos para que todos os colaboradores saibam lidar com o isolamento, o burnout e o luto
Trocou as grandes corporações pelo mundo das startups e atualmente é CMO da unico, IDTech especializada em tecnologia para identidades digitais.

Compartilhar:

A pandemia trouxe diversas preocupações para dentro das casas. Como mãe, filha, esposa e cuidadora, me preocupo com a saúde daqueles que amo. Mas é como gestora que preciso olhar para a pandemia com mais atenção e com o dobro de cuidado.

O isolamento social acarretou dificuldades e sofrimento para muitas pessoas. O trabalho remoto, apesar de ser uma conquista desejada por muitos, não funciona bem para todos. Equilibrar as demandas da rotina pessoal, ainda mais para quem tem filhos, com as do expediente fez com que [muitos ficassem sobrecarregados](https://www.revistahsm.com.br/post/o-estado-mental-do-brasileiro-na-pandemia), trabalhando horas a mais e com alto risco de sofrer um burnout.

Um estudo conduzido pela International Stress Management Association (Isma) aponta que 30% dos profissionais brasileiros são afetados pelo Burnout, esse esgotamento físico e mental que se torna incapacitante. Não é só cansaço ou desânimo passageiro. Se você dormir, não vai passar. É um distúrbio muito mais sério e preocupante e que pode afetar pessoas de todos cargos e níveis, do operacional ao CEO.

## Uma tormenta de razões
É difícil achar formas de descomprimir quando você não pode mudar de ares, viajar, sair por aí. Isso colabora para que as pessoas se sintam reféns de seus empregos ou que vejam no expediente a forma de passar o tempo.

Como gestora, acredito que o primeiro passo a ser dado é [olhar com empatia para cada colaborador](https://www.revistahsm.com.br/post/o-adoecimento-mental-nas-empresas). Não é incomum encontrar líderes que observam apenas os números e a performance, contudo, precisamos, antes disso, entender o que pode estar acontecendo com o profissional, quais são os desafios, qual é seu estado mental e suas relações com colegas de trabalho e com sua família.

Qual é a dificuldade que ela está vivendo? Precisamos pensar que há pessoas em luto, outras estão em dificuldade financeira, outras “apenas” com saudade da família ou lidando com o home schooling. E acima de tudo, não importa qual a razão, o colaborador deve sempre estar no foco dos líderes, ele não deve ser negligenciado, subestimado ou ignorado.

## Ações práticas
A primeira e mais simples ação possível para qualquer líder está em possibilitar espaço para o diálogo transparente e direto com os colaboradores. Só assim você pode criar um ambiente seguro para que eles tenham confiança em você e queiram se abrir com você. A criação de um espaço sem julgamentos e onde todos se sentem acolhidos também é uma forma muito válida para que todos em sofrimento ou dificuldades possam aliviar um pouco do estresse, da tristeza e até um pouco da culpa que possam estar sentido.

Como gestora, eu deixo a agenda aberta e acessível para todos. Tenho um espaço separado para encontros particulares, os famosos 1:1, com qualquer um do time uma vez na semana. Esse tem sido um momento especial que vai além de uma mentoria ou de discussões do trabalho, tem sido a hora do desabafo, do acolhimento, da construção de laços fortes.

Entre outras ações que têm dado certo estão happy hours virtuais a cada duas semanas e a decisão de não marcarmos reuniões às sextas no período vespertino. Também começo as reuniões tentando entender como está o sentimento e a situação familiar dos profissionais presentes.

Na [unico IDTech](https://www.revistahsm.com.br/post/como-nasce-uma-marca), temos o termômetro do humor, em que todo colaborador pode clicar e indicar como se sente naquele dia, além de escrever de maneira anônima suas emoções e sensações. Constantemente, promovemos ainda rodas de conversas com especialistas para aliviar a solidão e para entender como lidar com os sentimentos trazidos pela pandemia.

Todas essas ações podem parecer pequenas ou simples para muitos, mas a experiência tem nos mostrado que, por meio da comunicação, podemos fazer muito pelos profissionais de nossas empresas, pelos nossos colaboradores. Grupos de apoio, encontros para fortalecer o diálogo, busca por ajuda, são tantas iniciativas ao alcance! Já estamos [há mais de um ano nessa pandemia](https://www.revistahsm.com.br/post/covid-19-sua-empresa-se-reinventou-ou-apenas-sobreviveu), precisamos seguir criando ambientes seguros e fornecendo apoio verdadeiro para todos. Basta refletir e dar o primeiro passo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de pessoas
No texto do mês da nossa colunista Maria Augusta, a autora trouxe 5 pontos cruciais para você desenvolver uma liderança antifrágil na prática. Não deixe de conferir!

Maria Augusta Orofino

Transformação Digital
Explorando como os AI Agents estão transformando a experiência de compra digital com personalização e automação em escala, inspirados nas interações de atendimento ao cliente no mundo físico.

William Colen

ESG
Explorando como a integração de práticas ESG e o crescimento dos negócios de impacto socioambiental estão transformando o setor corporativo e promovendo um desenvolvimento mais sustentável e responsável.

Ana Hoffmann

ESG, Gestão de pessoas
Felicidade é um ponto crucial no trabalho para garantir engajamento, mas deve ser produzida em conjunto e de maneira correta. Do contrário, estaremos apenas nos iludindo em palavras gentis.

Rubens Pimentel

ESG
Apesar dos avanços nas áreas urbanas, cerca de 35% da população rural brasileira ainda vive sem acesso adequado a saneamento básico, perpetuando um ciclo de pobreza e doenças.

Anna Luísa Beserra

Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
A IA está revolucionando o setor de pessoas e cultura, oferecendo soluções que melhoram e fortalecem a interação humana no ambiente de trabalho.

Fernando Ferreira

Estratégia e Execução
Aos 92 anos, a empresa de R$ 10,2 bilhões se transforma para encarar o futuro em três pilares
Gestão de pessoas, Cultura organizacional, Liderança, times e cultura
Apesar de importantes em muitos momentos, o cenário atual exige processos de desenvolvimentos mais fluidos, que façam parte o dia a dia do trabalho e sem a lógica da hierarquia – ganha força o Workplace Learning

Paula Nigro

Empreendedorismo, Gestão de pessoas
As empresas familiares são cruciais para o País por sua contribuição econômica e, nos dias atuais, por carregarem legado e valores melhor do que corporations. Mas isso só ocorre quando está estabelecido o reconhecimento simbólico dos líderes de propósito que se vão...

Luis Lobão

ESG, Gestão de pessoas
Apesar das mulheres terem maior nível de escolaridade, a segregação ocupacional e as barreiras de gênero limitam seu acesso a cargos de liderança, começando desde a escolha dos cursos universitários e se perpetuando no mercado de trabalho.

Ana Fontes