Cultura organizacional

Employee experience significa mais dados do que brindes

Existe um propósito por trás de cada ação, entrega ou comunicação entre a empresa e seus funcionários. Para a qualidade dessa interação, o consumo de dados é cada vez mais importante
Editor de conteúdo multimídia para HSM Management, radialista, jornalista e professor universitário, especialista em comunicação corporativa, mestre em comunicação e inovação e doutorando em processos comunicacionais. Desde 2008, atua em agências, consultorias de comunicação e gestão para grandes empresas e em multinacionais.

Compartilhar:

Você já deve ter visto no LinkedIn o famoso kit integração, que é compartilhado por pessoas que acabam de chegar a um novo trabalho. Os brindes, em si, acabam sendo praticamente iguais: canecas, mouse pad, adesivos, squeeze, caderno, caneta, o notebook de trabalho e o celular corporativo. Tudo personalizado, bem embalado e, especialmente em tempos de pandemia e trabalho remoto, um importante início de acolhimento dessa nova pessoa pela organização.

Trabalhar uma conexão genuína e, principalmente, madura entre empresas e colaboradores é um passo tão necessário quanto natural. No entanto, materiais e conteúdos em geral que reforçam paradigmas como “vestir a camisa” e “orgulho em pertencer” parecem desgastados ou pueris, conforme afirma Bruna Mascarenhas, especialista em employer branding e colunista do site de __HSM Management__. Segundo ela, é “como se todo adulto não soubesse que, da porta para dentro, mesmo a mais coerente das empresas não consegue ser tudo que promete 100% do tempo”.

O foco em atração e as diversas ativações com ações de marketing raras vezes proporcionam experiência ao empregado pois são momentos isolados. É mais fácil pensar em experiência como um ecossistema, do qual essas ações pontuais fazem, sim, parte, desde que não estejam apoiadas sobre [estruturas frágeis ou frases soltas](https://www.revistahsm.com.br/post/employer-branding-para-adultos), como aponta Mascarenhas. Brindes, adesivos e ambientes com geladeiras abastecidas tornam-se pequenos artefatos dessa estrutura mais do que necessária. Na verdade, é a ausência desse ecossistema que torna o kit obsoleto e, potencialmente, gera frustração futura pela falta de conexão com o discurso da organização.

A experiência não pode ser resumida a um prédio, um ambiente, um momento. Hoje, ela precisa “ser e estar” mais digital do que nunca. Ela compreende mais do que bons momentos e celebrações, e deve estar em cada etapa da jornada dos profissionais. Sendo assim, a inteligência dos dados obtidos e o bom uso deles são fundamentais para compreender essa ideia.

## Digital é real
Uma pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento, com mais de 13 mil pessoas em todo o país, apontou que 60% dos brasileiros preferem ser atendidos por [canais digitais](https://publications.iadb.org/pt/transformacao-digital-dos-governos-brasileiros-satisfacao-dos-cidadaos-com-os-servicos-publicos). Desses, 46% acreditam que poupa tempo, 29% apontam vantagem em evitar deslocamento, 8% ressaltam economia de dinheiro e 7% percebem aceleração no processo por eliminar intermediários.

Para Danilo Camapum, gerente de gente e gestão da LG lugar de gente, é importante despertar essa [cultura de dados não só no RH](https://www.revistahsm.com.br/post/experiencia-do-colaborador-autonomia-e-inteligencia-de-dados), mas em toda a empresa, tornando o dia a dia mais prático e dando protagonismo aos colaboradores de forma acessível. “Simplificar processos tem tudo a ver com satisfação pessoal e profissional e reflete diretamente na experiência do colaborador na organização, em sua qualidade de vida, e, consequentemente, em entregas e resultados”, explica Camapum.

## Cultura de dados
Imagine um cientista de dados a serviço da gestão da companhia. Isso pode se tornar tão comum quanto ativar o GPS do seu celular para dirigir. Para Jim Goodnight, diretor executivo do SAS, esse tipo de [inteligência em captura e uso adequado dos dados](https://www.mitsloanreview.com.br/post/em-busca-do-dado-de-qualidade) é o único caminho a ser seguido, pois se não é possível ter cientistas ao lado dos líderes, torna-se necessário ter “cientistas em forma de software” para indicar a melhor direção a ser seguida.

Camapum concorda e deixa um lembrete relevante para quem busca entender, na prática, o que é uma cultura de dados e como construir essa experiência digital de forma eficaz: “é preciso avaliar quais questões os funcionários têm em relação ao RH. Soluções mobile não podem ser pensadas para resolver somente os desafios do RH ou da liderança, mas os dos colaboradores também”.

Um exemplo de solução com foco na liderança é o recrutamento digital, que já é realidade com diversos sistemas de filtro e busca de candidatos. Contudo, ao repensar outros processos que atingem o dia a dia dos colaboradores, ainda não há a mesma maturidade.

## Autoatendimento na experiência
Se o mundo é mobile e temos desde entrega de comida a consultas médicas a distância, os serviços para os colaboradores das organizações também precisam de alta disponibilidade, agilidade e mobilidade – tudo o que a antiga experiência do colaborador não propiciava com brindes e as frases de efeito, conforme apontado por Mascarenhas.

Na Titan Pneus do Brasil, uma estratégia mobile está impulsionando na prática o sentido de ecossistema e de inteligência de dados. Jaqueline Santos, especialista de recursos humanos, aponta que os smartphones e aplicativos são a melhor forma atual de tornar os colaboradores participantes ativos da gestão de pessoas.

“Utilizamos uma [ferramenta de autoatendimento via web e mobile](https://blog.lg.com.br/rh-mobile/), da LG lugar de gente. Tudo está disponível na palma da mão, de forma prática e instantânea. Vemos uma fácil adaptação das pessoas, desde aquelas que trabalham no escritório até as da fábrica, influenciando diretamente em suas experiências”, conta Santos.

Pelo aplicativo, é possível fazer mais do que um departamento pessoal informatizado. São solicitações de férias, afastamentos, consulta a benefícios, assinatura digital do aviso de férias, consulta ao demonstrativo de pagamento e informe de rendimentos que ganham a companhia de funções de [apoio ao desenvolvimento organizacional](https://www.revistahsm.com.br/post/experiencia-do-colaborador-alavanca-diversidade), como treinamentos não realizados, avaliações não respondidas e comunicações aos colaboradores por push notification, além de possibilitar participação em pesquisas e enquetes.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de setembro de 2025
Ignorar o talento sênior não é só um erro cultural - é uma falha estratégica que pode custar caro em inovação, reputação e resultados.

João Roncati - Diretor da People + Strategy

3 minutos min de leitura
Inovação
16 de setembro de 2025
Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Magnago

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de setembro de 2025
O luto não pede licença - e também acontece dentro das empresas. Falar sobre dor é parte de construir uma cultura organizacional verdadeiramente humana e segura.

Virginia Planet - Sócia e consultora da House of Feelings

2 minutos min de leitura
Marketing & growth, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
12 de setembro de 2025
O futuro do varejo já está digitando na sua tela. O WhatsApp virou canal de vendas, atendimento e fidelização - e está redefinindo a experiência do consumidor brasileiro.

Leonardo Bruno Melo - Global head of sales da Connectly

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
11 de setembro de 2025
Agilidade não é sobre seguir frameworks - é sobre gerar valor. Veja como OKRs e Team Topologies podem impulsionar times de produto sem virar mais uma camada de burocracia.

João Zanocelo - VP de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura