Se você pertence a geração X ou Y / millenial e foi educado(a) a acreditar em um modelo de carreira linear, de absoluta fidelidade e dedicação à uma empresa pelo maior número de anos possível, esse texto contém uma provocação importante.
E, antes de mais nada, faço o mea culpa, afinal sou uma dessas pessoas que entrou e fez também uma carreira linear de 25 anos, com poucas trocas de empresas. Resiliência era a palavra do jogo. Tempos de infelicidade no trabalho ou com a liderança faziam parte do pacote e o conselho era sempre – senta e aguenta, que vai passar, além do mais “pular” de empresa em empresa pode ser mal-visto.
Estamos em um mundo pós pandemia, com tecnologia cada vez mais barata e acessível – e nem vou falar sobre inteligência artificial, mas já falei – além de 5 gerações convivendo no mesmo ambiente de trabalho, pela primeira vez na história.
Ops! Apertem os cintos, os mapas e guias não funcionam mais. As condições mudaram, o mercado mudou, logo vale no mínimo parar, olhar e recalibrar, antes de avançar ou você corre um risco de estar indo caminho errado.
Esse novo mix de mercado, apresenta ciclos de emprego mais curtos (especialmente para altas lideranças), mais demissões em todos os níveis (empresas em adaptação vão precisar estar mais leves), mais profissionais com medo de perder seus empregos, mais questionamentos sobre o que é preciso fazer para permanecer.
Espaço dedicado ao palavrão da sua preferência________ seguido da pergunta: por que justo na minha vez?
Fomos mal-acostumados a uma falsa sensação de estabilidade durante décadas, afinal o mundo e mercado evoluíam em baixa velocidade. Em alta rotação, precisamos tomar as rédeas de nossa jornada e passar a encarar passagens profissionais como prestações de serviços temporárias.
Entendo que é difícil fazer essa mudança mental, mas garanto, que ao fazê-la a sua ansiedade vai desmoronar. Você vai olhar mais para o seu desenvolvimento e como pode ajudar às empresas versus permanecer anos em modo sobrevivência, fazendo política nos corredores e tentando arriscar o menos possível, numa relação perde, perde entre empresas e profissionais.
Troquei o mundo corporativo, pelo empreendedor em 2019 e ano após ano, recebo mais convites para cafés e conversas com pessoas, descrevendo o cenário acima, insatisfeitas com as suas empresas, ambientes de trabalho, atividades ou lideranças. Algumas que estão sem chão após terem sido desligadas, após 20 anos de contribuição total a uma empresa.
Essa fidelidade absoluta, em troca de estabilidade não se sustenta mais e pior, tem causado cada vez mais danos a nossa saúde física, mental e emocional. Tenho certeza de que você conhece algum(a) colega que está tomando algum ante depressivo ou ansiolítico para conseguir trabalhar. Não podemos normalizar essa prática. Algo vai mal!
Note, você e eu somos um “recurso humano” para as empresas (caso você leitor(a) conheça alguma exceção, me avise por favor), o que significa que somos úteis, por um período e depois descartáveis. Negócios são negócios e tudo bem! Zero juízo de valor às empresas, que precisam sobreviver.
Desculpe se puxei seu tapete rápido demais, mas é importante um despertar para um novo olhar sobre as relações de trabalho. Pense como uma transação, temporal, onde você aporta qualidade, performance e comprometimento. Se o ciclo fecha, pegue seu talento, agora mais bem lapidado por essa experiência e vá servir a outra empresa.
Podemos declarar nosso amor e paixão pelas empresas ou marcas em todas as redes sociais, afinal somos “seres” e não “recursos humanos”, mas o capital intelectual e experiências acumulados, não pertencem às empresas, mas sim a nós mesmos e a ninguém mais. Não fazemos parte dos ativos corporativos. Estamos à serviço de um contrato de trabalho.
Posso pedir para que você releia o parágrafo acima novamente? Ele contém uma mudança de mentalidade importante para seu presente e futuro. O mundo não vai mudar. Ele já mudou.
Logo se somos “recursos” humanos, nosso papel, portanto é empregar ou dedicar nosso capital intelectual à serviço de uma atividade, sabendo que ela será finita.
Desde 2019, praticando uma nova modalidade de trabalho chamada de TaaS (Talent as a Service) ou Talento à Serviço, tenho exercitado esse desapego na prática. Sim, é difícil, afinal fui educado a servir e amar o meu empregador, como se estivesse recebendo uma dádiva divina todo final de mês.
Por 20 anos terceirizei meu desenvolvimento para minha liderança ou área de recursos humanos, que muitas vezes determinavam o que eu deveria ou não fazer.
Faça um teste rápido, que vai ajudar (espero que não) no meu ponto: qual foi o seu último investimento, com recursos próprios em um curso, palestra ou evento?
É interessante acompanhar os posts com diplomas de cursos internacionais ou fotos de eventos atendidos pelas pessoas. Adoraria ver um botão que revelasse: pago pela empresa ou pago por mim.
Em minha jornada empreendedora, deixei de ir à maioria dos eventos, porque ao não ter mais patrocínio de terceiros e precisar pagar, refleti sobre a relevância e impacto real em meus objetivos e crescimento como profissional. Nessa jornada de estar à serviço, preciso me capacitar sempre, mas agora escolho com bastante cuidado, onde vou investir.
Deu nó na cabeça? Provável, afinal estou provocando você a romper com um modelo mental consolidado, mas que servia a um mundo, que pouco a pouco, vai ficando para trás e o risco aqui é que você também fique.
E não vou prometer que será fácil, afinal qualquer transformação implica em desconforto, mas meu convite é EMPODERE-SE!
Fiz, recentemente, um exercício de construção de marca pessoal, que me ajudou e muito a repensar sobre minhas reais fortalezas e como colocá-las com mais clareza à serviço de outras pessoas e empresas.
Nesse processo usei e recomendo como leitura complementar a esse texto o livro “Sua Marca Pessoal: Revele sua autenticidade: Fortaleça seu posicionamento profissional com uma comunicação autêntica e memorável usando o método FLY®” da Literare Books, escrito pelas queridas Susana Arbex e Giuliana Tranquilini
Lembre-se nosso potencial é elástico, enquanto cadeiras, posições e crachás vêm e vão. E pelo andar do foguete (afinal, carruagem já era faz tempo), o que nos trará estabilidade será a combinação da nossa capacidade de autoconhecimento com nossa habilidade de seguirmos em constante evolução. Não terceirize sua jornada ou sucesso. Empodere-se e faça o seu caminho!