Cultura organizacional

Empresas devem ser ecossistemas de aprendizagem

E a melhor forma de fazer isso é aplicando ferramentas interativas no dia a dia
Fernando “Tchê” Gouvea é formado em marketing, com MBA de negócios do Ibmec e especialização em liderança pela Fundação Dom Cabral. Ex-executivo de marketing da Vivo, é cofundador da agência digital Outra Coisa e fundador da Joco.

Compartilhar:

Quando me formei, meus colegas e eu preferíamos entrar numa empresa gigante, como IBM, Coca-Cola ou Nike, em vez de uma startup qualquer. Os jovens da geração Z que trabalham comigo têm dificuldade de acreditar nisso.

Tenho 46 anos. No início dos anos 2000, eu tinha meus vinte e tantos anos. Na época, o peso de construir uma carreira dentro de uma grande empresa (e a remuneração que vinha junto) era maior do que assuntos como ambiente físico e emocional, algo mais valorizado por essa geração.

Agora, passamos para uma nova fase, em que a capacidade de desenvolvimento dentro de uma empresa passa a ser o grande motivo de escolha e de retenção de um jovem. Esse profissional precisa se preocupar com o engajamento nos processos de desenvolvimento da empresa. Porque se a aprendizagem não for real nem agradável, ele vai embora.

O profissional de RH passa a ser um designer do ecossistema de aprendizagem. Quanto melhor o design, maiores as chances de atração e retenção da empresa.

Além disso, as mudanças tecnológicas do mundo acontecem de forma tão rápida que a ferramenta que se aprendeu na faculdade pode não mais existir. Esse cenário aumenta a responsabilidade das empresas no desenvolvimento das pessoas em hard skills. Mas não só isso.

Em 2000, ouvíamos frases como: “Contrate por competência, demita por comportamento”. Isso não pode estar mais desatualizado. No desenho dos ecossistemas de aprendizagem, o desenvolvimento de comportamentos e soft skills é central.

Para criar ecossistemas de aprendizagem, não podemos esquecer do seguinte: somos uma sociedade de distraídos e os métodos tradicionais de aprendizagem não funcionam mais como antes. As mesmas interações que fizeram com que a nossa sociedade ficasse distraída precisam se transformar num antídoto de distração no processo de aprendizagem.

Dentro de um ecossistema, palestras, filmes e outros produtos que consumimos passivamente serão componentes de processos que demandam interatividade, como um jogo ou uma conversa com um robô. Aliás, uma boa prática é usar o microlearning, pequenas doses de conteúdo, para gerar sensibilização sobre um assunto. As pessoas ficam mais interessadas em assistir a um filme ou a uma palestra quando já possuem alguma conexão.

Engana-se quem pensa que games, chatbots, microlearning, IA e outras ferramentas são apenas modismos no processo de aprendizagem. Grandes pensadores da educação já falavam dos benefícios da conexão emocional que vinham com a interatividade do conteúdo. Vygotsky sempre defendeu que os diferentes formatos de interação tinham papel fundamental em nosso desenvolvimento.

A pirâmide de aprendizagem de Glasser nos mostra que quanto mais interagimos com algo, maior nosso potencial de aprender. Por isso ensinar algo e praticar são as formas mais efetivas de fixação de conteúdo.

Freire sempre foi contra a transferência de conhecimento e a favor da busca de criação de um ambiente que cria possibilidades de aprendizagem. Montessori defendeu que a imaginação só se torna grande quando a gente a usa para criar coisas novas. Piaget falava que a educação era formar pessoas capazes de fazer coisas diferentes do que repetir o passado.

Essas ideias estão presentes na hora de pensarmos em criar ecossistemas de aprendizagem nas empresas. Combinar esses conceitos com ferramentas de tecnologia nos permite criar ecossistemas incríveis.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)