Marketing e vendas

Empresas inteligentes: O caminho trilhado pelo Grupo Alibaba

Em entrevista para a Rotman Management, o estrategista-Chefe do Grupo Alibaba, Ming Zeng, fala sobre futuro

Compartilhar:

Ming Zeng, estrategista-chefe do Grupo Alibaba, é um pioneiro da transformação digital dos negócios. Autor do livro Smart Business: What Alibaba’s Success Reveals About the Future of Strategy (Harvard Business Review Press, 2018), ele fala nesta entrevista à Rotman Management sobre a importância de ser uma “empresa inteligente” e os caminhos para alcançar esse objetivo. Sua mensagem é clara: esse é o paradigma do futuro. “E deve se tornar dominante na próxima década. Por isso, todos devem entender os princípios fundamentais da operação nesse ambiente e achar seu modo próprio de sobreviver”, acrescenta. 

**Por que é importante que todo empresário ocidental compreenda o modelo de negócio do Alibaba?**

Porque o modelo de negócio da Alibaba oferece sinais claros sobre o futuro da estratégia. As fontes de vantagem mudaram de forma significativa, e as empresas precisam de uma nova abordagem estratégica que se encaixe a uma era em que as redes e os dados são dominantes. Para nós, a estratégia não diz mais respeito a análises e planos. É um processo de experimentação em tempo real e de engajamento do consumidor. Pensando no futuro, um grande desafio para os líderes será o de delegar mais e mais trabalho para as máquinas – em especial em decisões operacionais rotineiras –, a fim de que as pessoas sejam liberadas para se tornarem mais criativas e inovadoras.

**O Alibaba é uma versão chinesa da Amazon?**

Claro que não. O Alibaba tem um modelo de negócios único. Não somos um varejista, do ponto de vista tradicional. Desde o começo, o Alibaba tem sido um ecossistema aberto que empodera milhões de negócio a vender por meio da nossa plataforma. O Alibaba é o que se tem quando se reúne cada uma das funções associadas à atividade varejista, coordenando-as em meio online com uma rede  baseada em dados e que inclui vendedores, fornecedores de serviços, empresas de logística e fábricas. 

**Como você define uma empresa inteligente?**

As empresas inteligentes se valem do aprendizado de máquinas para reunir informações de suas redes para responder automaticamente ao comportamento e às preferências dos clientes. Uma empresa inteligente possibilita que toda a cadeia de valor seja reconfigurada para obter tanto escala como customização, utilizando a combinação de duas forças: coordenação de rede e análise de dados. Por meio de rede, é possível desmembrar atividades complicadas, de modo que grupos de pessoas ou outras empresas possam realizá-las de forma mais eficiente. Funções que antes estavam presas a estruturas verticalmente integradas, ou a cadeias de suprimentos rígidas, são agora facilmente coordenadas por meio de conexões online. Além disso, as atividades estão se tornando mais inteligentes: o fluxo constante de dados, gerados a partir de interações em tempo real, cria um ciclo contínuo de feedback, que, por sua vez, gera automaticamente decisões que são cada vez mais inteligentes. A análise de dados é a capacidade da empresa de efetivamente integrar produtos e serviços de acordo com as respostas do consumidor. Isso é obtido por meio de algoritmos de aprendizado de máquinas, que permitem coordenar e otimizar cada um dos elos da cadeia de valor. 

**Para você, qual a etapa mais difícil do processo que leva à automatização das decisões?**

Todo o processo é difícil, porque requer uma mentalidade diferente, uma mentalidade de empresa inteligente. Mas, se você quer saber, acho que o mais difícil é o primeiro passo, ou seja, transformar tudo em dados. Nos últimos 200 ou 300 anos da economia industrial, lidamos com produtos físicos e um ambiente físico. Agora, porém, temos de transformar a empresa em um negócio digital. Isso requer um conhecimento profundo dos domínios do setor de atividade e, também, um profundo entendimento sobre todas as novas tecnologias e novas formas de operar. Para os líderes dos setores tradicionais, o desafio no horizonte é compreender e adotar a mentalidade das empresas inteligentes. 

**Como o Alibaba está utilizando a Inteligência Artificial?**

A inteligência artificial é um exemplo do que chamamos de “tecnologia geral”, o que significa uma tecnologia que tem tantas aplicações que pode ser aproveitada em praticamente qualquer contexto. É claro que esse processo leva tempo. As pessoas precisam desenvolver tecnologia e encontrar formas inovadoras de utilizá-la. Nós estamos nesse mesmo processo. Veja, por exemplo, o caso da ferramenta de busca, uma das formas iniciais de uso da IA. Nos últimos cinco anos, desenvolvemos um ótimo mecanismo de recomendação. Podemos oferecer, de maneira direcionada, produtos para qualquer um que visite nosso website, em tempo real. 

Também estamos explorando possibilidades de automação nos setores de armazenamento, logística e entregas. Essas iniciativas incluem robótica, tarefas autoguiadas, armazenamento inteligente, entre outros aspectos. E tudo isso requer inteligência artificial.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Passa conhecimento

Incluir intencionalmente ou excluir consequentemente?

A estreia da coluna “Papo Diverso”, este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do “Dia da Pessoa com Deficiência”, um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital
A GenAI é uma ótima opção para nos ajudar em questões cotidianas, principalmente em nossos negócios. Porém, precisamos ter cautela e parar essa reprodutibilidade desenfreada.

Rafael Rez

Transformação Digital
A preocupação com o RH atual é crescente e fizemos questão de questionar alguns pontos viscerais existentes que Ricardo Maravalhas, CEO da DPOnet, trouxe com clareza e paciência.

HSM Management

Uncategorized
A saúde mental da mulher brasileira enfrenta desafios complexos, exacerbados por sobrecarga de responsabilidades, desigualdade de gênero e falta de apoio, exigindo ações urgentes para promover equilíbrio e bem-estar.

Letícia de Oliveira Alves e Ana Paula Moura Rodrigues

ESG
A crescente frequência de desastres naturais destaca a importância crucial de uma gestão hídrica urbana eficaz, com as "cidades-esponja" emergindo como soluções inovadoras para enfrentar os desafios climáticos globais e promover a resiliência urbana.

Guilherme Hoppe

Gestão de Pessoas
Como podemos entender e praticar o verdadeiro networking para nos beneficiar!

Galo Lopez

Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança
Na coluna deste mês, Alexandre Waclawovsky explora o impacto das lideranças autoritárias e como os colaboradores estão percebendo seu próprio impacto no trabalho.

Alexandre Waclawovsky

Marketing Business Driven, Comunidades: Marketing Makers, Marketing e vendas
Eis que Philip Kotler lança, com outros colegas, o livro “Marketing H2H: A Jornada do Marketing Human to Human” e eu me lembro desse tema ser tão especial para mim que falei sobre ele no meu primeiro artigo publicado no Linkedin, em 2018. Mas, o que será que mudou de lá para cá?

Juliana Burza

Transformação Digital, ESG
A inteligência artificial (IA) está no centro de uma das maiores revoluções tecnológicas da nossa era, transformando indústrias e redefinindo modelos de negócios. No entanto, é crucial perguntar: a sua estratégia de IA é um movimento desesperado para agradar o mercado ou uma abordagem estruturada, com métricas claras e foco em resultados concretos?

Marcelo Murilo

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional
Com a informação se tornando uma commoditie crucial, as organizações que não adotarem uma cultura data-driven, que utiliza dados para orientar decisões e estratégias, vão ficar pelo caminho. Entenda estratégias que podem te ajudar neste processo!

Felipe Mello

Gestão de Pessoas
Conheça o framework SHIFT pela consultora da HSM, Carol Olinda.

Carol Olinda