Liderança

Enquadrar e reenquadrar

Eis o pilar inicial da cognição do design, arma da próxima geração de empreendedores apresentada nO Academy of Management Journal

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Como se detecta uma oportunidade de empreender? Não só com a aplicação de um conjunto definido de atividades, mas também com a aplicação de formas específicas de pensamento. É o que defendem os pesquisadores Massimo Garbuio e Andy Dong no paper “Demystifying the Genius of Entrepreneurship: How design cognition can help create the next generation of entrepreneurs”, publicado no Academy of Management Journal. Eles propõem o pensamento do tipo “cognição do design”, que tem similaridades com o “pensamento do design” (ou design thinking), já popular nas áreas de inovação das grandes empresas. A cognição para empreender se baseia em quatro pilares: 

**ENQUADRAMENTO**

No empreendedorismo, assim como no design, toda situação tem um “enquadramento do problema” (framing, em inglês) e um “enquadramento da solução”. Enquadrar e reenquadrar abrem a possibilidade de definir formas alternativas de interpretar situações com pontos de vista diferentes. No Austin Centre for Design, os professores fazem um exercício com a escova de dentes. Primeiro, pedem que os alunos repensem a escova para ser usada em local diferente. Depois, os alunos são chamados a repensá-las em outra situação de uso. E, por fim, pensam na escova como algo bem diferente: e se fosse planta? Spray? Serviço?

**PENSAMENTO POR ANALOGIAS**

A pesquisa mostra que novas oportunidades podem surgir quando você faz novas associações entre coisas existentes, e consequentemente analogias aparecem em destaque como inspirações para o design. Os alunos identificam dois tipos de analogias: dentro de um campo e entre campos. No primeiro caso, você faz analogias com outros produtos de uma área ou mercado parecido, a fim de detalhar a possibilidade de uma nova solução. No segundo, procura semelhanças em áreas totalmente diferentes. 

**RACIOCÍNIO ABDUTIVO**

Diferente do raciocínio dedutivo e do indutivo – que buscam tirar conclusões lógicas e empiricamente verdadeiras –, o raciocínio abdutivo introduz uma hipótese voltada a explicar observações e dados. Por mais que a hipótese seja plausível, ela pode ou não ser verdadeira. Essa incerteza gera um experimento e frequentemente o experimento em si leva à inovação. 

**SIMULAÇÃO MENTAL**

A simulação mental envolve reavaliar fatos passados e imaginar cenários futuros para comparar a probabilidade de eles acontecerem e a lucratividade potencial. Uma vez que os alunos identificam uma nova oportunidade, pedimos a eles que mentalmente a simulem em três áreas. Primeira: como fazer a oportunidade funcionar no mercado com um modelo de negócio diferente. Segunda: simular a escalada do negócio. Terceira: simular as reações dos concorrentes, identificando quais deles são capazes de frustrar o novo empreendimento – para, assim, enfatizar a oportunidade.

Ao enquadrar, fazer analogias, pensar abdutivamente e simular mentalmente – tudo isso de modo constante –, quem busca a inovação pode reconhecer necessidades e criar ofertas para elas, dizem Garbuio e Dong, ligados respectivamente à University of Sydney e e ao California College for the Arts. Eles contaram com a coautoria de Nidthida Lin, Ted Tschang e Don Lovallo.

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